Ideário arminiano. Abordagens sobre a teologia clássica de Jacó Armínio: suas similaridades, vertentes, ambivalências e divergências.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

SOBRE A CRIAÇÃO DO HOMEM CONFORME A IMAGEM DE DEUS


SOBRE A CRIAÇÃO DO HOMEM CONFORME A IMAGEM DE DEUS

Jacobus Arminius

Disputa nº 26

1. o homem é uma criatura de Deus, consistindo de corpo e alma racional, bom, e criado a imagem divina - em conformidade com o seu corpo, criado a partir de matéria pré-existente, isto é, terra misturada e espalhada com umidade aquosa e etérea, - em conformidade com a sua alma, criada a partir do nada, pela respiração de ar em suas narinas.
2. Mas o corpo teria sido incorruptível, e, pela graça de Deus, não teria sido suscetível á morte, se o homem não tivesse pecado, e não teria, por esse feito, proporcionado para si a necessidade de morrer. E porque devesse ser o recipiente para a alma, foi equipado pelo sábio Criador com excelentes órgãos
3. Mas a alma é de uma natureza inteiramente admirável se considerar sua origem, substância, faculdades e hábitos.
(1) Sua origem; a partir do nada, criada por infusão, e, infundida na criação à um corpo devidamente preparado para a sua recepção, podendo formar a matéria com uma forma, e, e sendo unida ao corpo pela ligação do nascimento, pôde, com ele, pode estabelecer com ele uma ufisamenon, produção. Criada, digo, por Deus no tempo, como ele ainda, diariamente, cria uma nova alma em cada corpo.
4. Sua substância é simples, material e imortal. Simples eu digo, não em relação a Deus, pois consiste em ato e potência ou capacidade, de ser e sua essência, de sujeito e acidentes, mais é simples em relação as coisas materiais e compostas. É imaterial, porque ela pode subsistir por si só, e quando separada do corpo, pode operar sozinha. É imortal, não certamente de si, mas pelo sustento da graça de Deus..
5. Suas faculdades são duas, o entendimento e a vontade, como de fato, o objeto e a alma são duplos. Para o entendimento apreender a eternidade, a verdade universal e particular, por um natural e necessário, ademais, por um ato uniforme. Mas a vontade tem uma inclinação para o bem. No entanto, esta é também, segundo o modo de sua natureza, para o bem universal e para aquele
69
que é o Bem principal, ou, de acordo com o modo da liberdade, a todos os outros [tipos de] bem.
6. Finalmente. Em seus costumes que são, primeiro, a sabedoria, pelo qual o intelecto de forma clara e suficientemente entende a verdade sobrenatural da bondade assim como da felicidade e da justiça. Em segundo lugar, Justiça e santidade da verdade, porque a vontade capacitada para seguir o que esta sabedoria ordenou que se fizesse e que ele mostrou que se desejasse. Essa justiça e sabedoria são chamadas de original, porque o homem as teve desde sua própria origem, e se o homem tivesse continuado na sua integridade, igualmente teria sido comunicado a sua posteridade.
7. Em todas essas coisas, a imagem de Deus maravilhosamente brilhou. Nós dizemos que essa é a imagem pela qual se assemelhou a seu Criador, e manifestou-se conforme o modo de sua capacidade -em sua alma, de acordo com a sua substância, faculdades e hábitos - no corpo,embora isso não possa ser adequadamente dito, ter sido criado a imagem de Deus que é puro espírito, e algo divino, assim como, se o homem não tivesse pecado, o seu corpo nunca teria morrido, e porque é capaz de distinta incorruptibilidade e glória, da qual trata o apóstolo em 1 Coríntios 15, porque apresenta alguma excelência e majestade para além dos corpos de outros seres vivos, e, por último, porque é um instrumento bem equipado, para as ações e operações admiráveis - em toda a sua pessoa, de acordo com a excelência, integralidade, e o domínio sobre o resto das criaturas, a quais foram confiadas a ele.
8. As partes dessa imagem podem ser assim distinguidas: algumas podem ser chamadas de natural ao homem, e outras sobrenatural; algumas essenciais, e outras acidentais. É natural e essencial para uma alma ser um espírito, e de ser dotado do poder de compreensão e de vontade, tanto de acordo com a natureza e o modo de liberdade. Mas o conhecimento de Deus e das coisas relacionadas a salvação eterna, é sobrenatural e acidental, como o são igualmente a retidão e a santidade da vontade, de acordo com esse conhecimento. A imortalidade é medida essencial para a alma, que não pode morrer se não deixar de ser, mas é por esse motivo sobrenatural e acidental, porque é através da graça e da ajuda da sua preservação, que Deus não fica confinado a prover a alma..
70
9. Mas a imortabilidade é inteiramente sobrenatural e acidental, pois ela pode ser retirada do corpo, e o corpo pode retornar ao pó, de onde foi tirado. Sua excelência acima de outros seres vivos, e sua peculiar aptidão para produzir vários efeitos, são naturais a ele e essencial. Seu domínio sobre todas as criaturas, que pertence a todo o homem, como ser constituido de corpo e alma, pode em parte, ser considerado como pertencentes a ele, de acordo com a excelência de sua natureza, e, em parte, pelo dom da graça, da qual o domínio, parece ser uma evidência, que nunca é inteiramente tomada fora da alma, apesar de variada, e de ser aumentada e diminuida de acordo com graus e partes.
10. Assim o homem foi criado, para que pudesse conhecer, amar e adorar o seu Criador, e poderia viver com ele para sempre em estado de bem-aventurança. Por este ato de criação, Deus claramente manifestou a glória de sua sabedoria, bondade e poder.
11. A partir desta descrição do homem, ao que parece, ele é servido para realizar o ato de religião a Deus, pois tal ato é exigido dele - que ele é apto para a recompensa, que pode ser devidamente julgada para aqueles que executam [atos de] a religião de Deus, e de punição, que pode ser justamente impostas aqueles que inflingiram a religião por negligência, e, portanto, que a religião pode, através de um merecido direito, exigir do homem, de acordo com essa relação, e está é a relação principal, de acordo com o que devemos, na sagrada teologia, tratar sobre a criação do homem conforme a imagem de Deus.
12. Além desta imagem de Deus, e essa referência para as coisas sobrenaturais e espirituais, esta sob nossa consideração o estado da vida natural em que o primeiro homem foi criado e constituido de acordo com o apóstolo Paulo,
"o que é natural foi primeiro, e posteriormente o que é espiritual" (1Co 15.46).
Este estado é fundado na união natural do corpo e da alma e na vida que a alma vive naturalmente no corpo; de que união e vida é que alma obtém para o seu corpo, coisas que são boas para ele, e, por outro lado, o corpo está pronta paras as obras que são congruentes a sua natureza e desejos. De acordo com este estado ou condição, existe uma relação mútua entre o homem e as coisas boas deste mundo, cujo efeito
71
é que o o homem pode desejar-lhes, e, em obtê-los para si, pode outorgar as obras que considere necessárias e convenientes.

Obs: Podemos observar neste texto, que Jacobus Arminius, a exemplo dos teólogos e filósofos escoláticos como Maimônedes e Tomás de Aquino, se apropriava da linguagem e dos conceitos aristotélicos. Diferentemente de Calvino que seguia a tradição platônica/agostiniana.
______
Tradução e comentário adicional: Lailson Castanha

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Luis de Molina e o Molinismo

Molinismo é uma doutrina teológica desenvolvida pelo Jesuíta Luis de Molina, nascido em Cuenca na Espanha em setembro de 1535 e falecido em Madrid no dia 12 de outubro de 1600. Molina tornou-se um jesuíta da Universidade de Coimbra, do Porto. (1553), onde estudou Filosofia e Teologia (1554-62). Lecionou em Coimbra (1563-67) e em Évora (1568-83) onde passou seus últimos anos de escrita. Escreveu as obras: Concordia liberi arbitrii cum gratiae donis (1588-89; "A Harmonia do livre-arbítrio com dons de graça"); divina Praescientia, Providentia e praedestiatione et Reprobatione; em Commentaria partem primam divi Thomae (1592; "Comentário sobre a primeira parte [da Summa de] St. Thomas "), e de jure et Justitia, 6 vol. (1593-1609; "Na Lei e Justiça"). Sua doutrina visa conciliar a onisciência de Deus com o livre arbítrio humano. Willian Lane Craig é, provavelmente o seu defensor contemporâneo mais conhecido, embora existam outros molinistas importantes como Terrance Tiessen, Alvin Platinga e Thomas Flint. Em termos básicos, os molinistas sustentam que, além de saber tudo o que irá acontecer, Deus também sabe o que aconteceria, se Ele, ou qualquer ser agisse de forma diferente de suas ações feitas.

Categorias do conhecimento de Deus.

A partir de Luis de Molina, o molinismo divide o conhecimento de Deus em três categorias distintas. A primeira é o conhecimente de Deus referente as verdades necessárias. Estas verdade são independentes da vontade ativa de Deus, não podendo ser falsas. Para servir de exemplo, podemos incluir proposições como: "Todos os solteiros não são casados" ou "X não pode ser A e não ser ao mesmo tempo, sob o mesmo aspecto, na mesmo forma e no mesmo lugar".
O segundo tipo de conhecimento é o conhecimento gratuito de Deus. Este tipo de conhecimento consiste de verdades contingentes que dependem da vontade de Deus, ou verdades que Deus causa, que ele não tem que causar. Podemos incluir como exemplo, declarações como: "Deus criou a Terra" ou citar algo especial neste mundo que Deus tem concretizado.
O terceiro tipo de conhecimento é o da "ciência média" (mídia scientia) que descreve as coisas que são contingentemente verdadeiras, mas que são independentes da vontade de Deus. O conhecimento médio, ou a ciência média, é o termo que se relaciona com o conhecimento eterno de Deus, a respeito de todas as possíveis ações em relação a todos os possíveis acontecimentos que poderiam lhes ocorrerem. Estas são as verdades que não necessitam serem verdades, mas que são verdadeiras, sem ser Deus a causa primária delas. "Se eu tivesse tomado o trem ao invés de dirigir, eu não teria me atrasado para o trabalho". Não tomei o trem, então Deus não está envolvido como causa. Não é uma necessidade lógica o trem ser a melhor opção, portanto se é verdade, é contingente. Neste caso, o molinismo se apóia na seguinte afirmação de Jesus escrita em Mt 11. 23:
"E você Cafarnaum, você que se exalta para o céu? Você será levada ao Hades. Pois se os milagres feitos em ti, tivessem tido feitos em Sodoma, ela teria permanecido até hoje."
O molinismo alega que neste exemplo, Deus sabe o que é contingentemente verdadeiro e independente da sua livre vontade, ou seja, que os sodomitas teriam respondido de forma tal, que Sodoma ainda existiria no tempo de Jesus.
Mateus 11.23 contém o que é comumente chamado de liberdade contrafatual da criatura. Mas contrafatuias devem ser distinguidas de presciência. A Bíblia contém vários exemplos de presciência ou profecia, como Dt 31. 16-17, onde Deus diz a Moisés que os Israelitas abandonarão a Deus depois de serem libertados do Egito, ou em 1Sm 23.1-14 e Sabedoria de Salomão 4.1.
Alguns opositores da posição do molinismo defendem que em Deus pré-conhecimento e conhecimeto de contrafatuais são exemplo do que Deus vai trazer ativamente. Isto é: quando Cristo descreve a resposta dos sodomitas no exemplo acima, Deus iria ativamente fazer com que eles permanecessem até hoje. Quanto a essa objeção, os molinistas respondem observando que as Escrituras contèm exemplos da presciência de Deus em relação a atos malignos. Por exemplo, quando os israelitas abandonam a Deus, ou a negação de Cristo por parte de Pedro, são exemplo a que se chamaria atos explícitos de pecado. Obviamente, isto é uma falácia, segundo os molinistas. Para que esta descrição da profecia possa ser válida, todas as profecias devem ser inteiramente boas, e nunca conter atos de maldade, mas isto não é o que os opositores acreditam ser o caso.
.
Conhecimento de contrafatuais.
.
Os molinistas acreditam que Deus não só tem conhecimento das verdades necessárias e verdades contingentes, mas que a ciência média que Deus contém, não está limitada a seu conhecimento de contrafatuais. Uma assertiva contrafatual é uma afirmação da forma "se fosse o caso de P, seria o caso de Q." Ou, Se Bob estivesse no Taiti ele iria escolher livremente ir nadar em vez de tomar banhos de sol". Em relação a ilustração, os molinistas declarariam que, mesmo Bob não estando no Taiti, Deus ainda pode saber se ele iria nadar ou tomar banhos de sol. O molinismo acredita que Deus, usando sua ciência média e presciência, examinou todos os mundos possíveis e, em seguida atualizou/atualiza um particular. O conhecimento médio de Deus de contrafatuais joga uma parte integrante desta escolha em um mundo particular.
.
Molinistas dizem que a ordenação lógica para a criação de eventos seria a seguinte:
.
1. Conhecimento de Deus de verdades necessárias.
2. Conhecimento médio de Deus ou ciência média (incluindo os contrafatuais)
- criação do mundo -
3. Conhecimento livre de Deus (ontologia do mundo real)
.
Portanto a ciência média de Deus, o seu conhecimento médio, desempenha um papel importante na atualização do mundo. Na verdade, parece, como se o conhecimento médio de Deus contrafatuais desempenhasse um papel mais imediato na criação do conhecimento de Deus.
A colocação do conhecimento médio de Deus (ciência média) entre o conhecimento de Deus de verdades necessárias e o seu decreto criador, é crucial. Pois se o conhecimento de Deus era médio após o seu decreto da criação, então, Deus estaria causando ativamente o que as várias criaturas fariam, em várias circunstãncias, e, assim, estaria destruindo o livre arbítrio. Mas colocando o conhecimento médio, (e, assim, contrafatuais), antes do decreto da criação, Deus permite a liberdade, no sentido do livre arbítrio. A colocação do conhecimento médio, vem logicamente depois das verdades necessárias; mas antes do decreto da criação Deus também dá a possibilidade do levantamento dos mundos possíveis, decidindo qual mundo irá realizar.
.
Implicações teológicas.
.
O sistema do molinismo tem implicaçoes teológicas para uma variedade de doutrinas. No molinismo, Deus mantém uma medida da providência divina sem prejudicar a liberdade do homem (livre-arbítrio metafísico). Tendo Deus o conhecimento médio, Ele sabe o que um agente vai fazer livremente em uma situação particular. Assim, um agente quando colocado em circunstância C , terá a opção de escolher livremente o X sobre a opção Y . Assim, se Deus quis realizar X, tudo o que Deus faria é: usando o seu conhecimento médio atualizaria o mundo em que um elemento foi colocado em C, por conseguinte, A iria livremente escolher X. Deus retém um elemento da providência sem anular uma decisão, e o propósito divino para (realização de X) é cumprido.
Molinistas também acreditam que podem auxiliar na compreensão da salvação. desde que houve um debate entre Agostinho e Pelágio sobre a questão da salvação, mais especificamente, como Deus pode eleger os crentes e os crentes ainda irem a Deus livremente. Protestantes que se inclinam mais para a eleição de Deus, no aspecto de sua soberania são geralmente calvinistas, enquanto aqueles que acentuam o livre arbítrio do homem e a graça previniente, são chamados arminianos. No entanto, o molinismo pode abarcar tanto a soberania de Deus, como a liberdade de escolha do homem.
Tome a salvação do agente A. Deus sabe que se ele fosse para um lugar de circunstância C, então A iria livrimente crer em Cristo. Então Deus atualiza o mundo onde ocorre C, e, destarte, A livremente crê. Deus ainda mantém uma medida de sua providência divina, porque ele atualiza o mundo em que A escolhe livremente. Mas, ainda assim mantém o seu livre arbítrio. É importante destacar que o molinismo não afirma duas proposições contraditórias quando afirma a providência de Deus e liberdade do homem (livre arbítrio). A providência de Deus se estende para a atualização do mundo em que um agente pode acreditar em Cristo.
O molinismo destoa do calvinismo, em sua afirmação que Deus concede a salvação, mas o homem tem a possibillidade de livremente, aceitá-la ou rejeitá-la. Isso difere da predestinação calvinista, que afirma que sua salvação já está determinada por Deus, sem nenhum papel para a vontade individual do homem. Alguns críticos, por ignorarem a teologia arminiana, e sua consideração a soberania de Deus, também acreditam que o molinismo se distancia do arminianismo, por ter uma maior visão do papel da soberania de Deus na salvação.
.
Textos bíblicos basilares do molinismo.
.
Os molinistas defendem que sua posição é bíblica. Algumas passagens bíblicas são por eles destacados para fundamentar a idéia do conhecimento médio de Deus (mídia scientia). Molina já havia destacado os três seguintes textos: 1Sm 23.6-10; Pv 4.11; e Mt 11.23. Outras passagen susadas pelos molinistas são: Jr 38. 17-18 e 1Co 2.8. O filósofo norte americano Willian Lane Craig argumentou veementemente que muitas das declarações de Cristo parecem indicar o conhecimento médio. Craig cita as seguintes passagens: Mt 17,27; Jo 15.22-24; Lc 4. 24-46; Mt 26. 24. Portanto, convém notar que a maioria destes textos indicam que Deus tem conhecimento contrafatual. Para que esse conhecimento seja conhecimento médio, deve ser logicamente anterior ao conhecimento gratuito de Deus, coisa que os textos bíblicos mencionados não parecem afirmar ou negar.
.
Crítica.
.
A objeção ao fundamento do molinismo, é atualmente a objeção contraposta mais debatida e atualmente considerada a mais forte. O argumento afirma que não há nenhuma base metafísica para a veracidade dos contratuais para a liberdade da criatura. Não existem produtores de "verdade" que fundamente os contrafatuais. Os opositires afirmam sobre a "ciência média" que os antecedentes histórico de qualquer mundo possível não determinam a veracidade de um contrafatual para uma criatura com o seu livre arbítrio (naturalmente os molinistas aceitam isso, mas negam que isso implica, ausência nos contrafatuais da criatura livre, de valores de verdade.
Muitos filósofos e teólogos que abraçam a objeção ao fundamento preferem a alegação que ao invés de contrafatuais de liberdade serem verdades, contrafatuais prováveis são veradeiros. Assim, em vez de verdades do seguinte tipo: Deus sabe que em circunstância C a criatura X livremente fará A -, adota este modelo: Deus conhece verdades dessa sorte: "Deus sabe que em circunstência C, a criatura X provavelmente faria A". No entanto, como Edward Wierenga salientou, contrafatuais prováveis são verdades contingentes e também caem vitimas da mesma objeção fundamental.
Os molinistas respondem ao argumento acima de duas maneiras. Primeiro eles afirmam que há fortes razões teológicas e filosóficas para afirmar o molinismo, e se os atuais métodos epstemológicos não se alinharem, então, eles deve ser reformulados.
Os molinistas são muito mais seguros da doutrina do conhecimento médio, do que da teoria particular da verdade feita.
A segunda resposta é que, o que faz os contrafatuais da criatura verdadeiramente livre, é o que faz qualquer outra coisa verdadeira. Willian Lane Craig diz que, para um contrafatual de liberdade ser verdade, não é necessário que os acontecimento que se referem realmente existam, tudo o que é necessário é que eles existam sob as condições especificadas.
.
Conclusão
.
O Molinismo conduziu uma séria luta teológica entre os dominicanos e os jesuítas por mais de três séculos. Assembléias especiais em Roma (1598-1607) e outros esforços para apaziguar os dois lados falharam. Molina em seu “Concordia” visou uma concepção unificada da justiça e da misericórdia divina, presciência e orientação divina, da predestinação e da condenação, da graça e da liberdade humana. O significado de sua teoria reside na sua visão otimista da natureza humana, permitindo a possibilidade da graça suficiente, ou seja, um favorável parecer pela efetividade da graça, que se efetiva na harmoniza entre a soberania de Deus no acordo e recepção do homem em sua liberdade.
______
Tradução e adptação: Lailson Castanha.
.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sobre a comparação da lei e o evangelho.

Jacobus Arminius
.
Discussão 13
.
SOBRE A COMPARAÇÃO DA LEI E O EVANGELHO
Requerido: PETER CUNÆUS
.
1. Uma vez que a lei deveria ser considerada em dois aspectos, não só como foi originalmente entregue aos homens na constituição na inocência primitiva, mas também como ela foi dada a Moisés e imposta sobre os pecadores (em que ele tem em conta as Escrituras denominada de "Antigo Testamento", ou "o Velho Pacto), pode muito bem, de acordo com este duplo aspecto, ser, comparada com o Evangelho que recebeu a denominação de "o Novo Testamento", como oposição ao Velho. Isto pode ser feito em referência tanto a seu acordo e sua diferença, na verdade, seria inconveniente sermos levados a tomar seu acordo geral em consideração, sem sua diferença, a fim de que não sermos obrigados a repetir duas vezes a mesma coisa.
.
2.
A lei, portanto, como foi primeiramente entregue a Adão e como ela foi dada por Moisés, concorda com o Evangelho.
.
(1.) Em geral, é a consideração de que um é o autor. Um e o mesmo Deus é o autor de ambas, que emitiu a Lei como um legislador; (Gênesis 2:17; Êxodos 20:2;) mas promulgou o Evangelho como o Pai de misericórdias e o Deus de toda Graça: daí no primeiro é frequentemente denominada "a Lei de Deus”, e neste último "o Evangelho de Deus” (Rm.1. 1.)
.
(2.) Em geral, a relação de seu tema.
Para a doutrina, cada uma compõe-se de uma ordem à obediência, e da promessa de uma recompensa. Neste âmbito cada uma delas tem o nome de hrwt "a lei”, que também é comumente atribuída a ambas nas Escrituras. (Is 2.3.)
.
(3.) Em geral, a consideração de seu efeito, que é a glória da sabedoria, bondade e justiça de Deus.
.
(4.) Em seu objeto comum, como não tendo sido distinguidos pelos aspectos especiais. Porque a lei foi imposta aos homens, e aos homens também foi o manifestado Evangelho.
.
3.
Há, adicionalmente, um acordo apropriado da lei tal como foi entregue a Adão, com o Evangelho. Desse acordo, a lei tal como determinada através de Moisés, é excluída: ela é colocada na possibilidade de seu desempenho. Adão, foi capacitado, com a ajuda de Deus para cumprir a lei, por aqueles poderes que ele tinha recebido na criação, de outra forma, a transgressão não poderia ter sido imputada a ele por crime. O evangelho também está inscrito no coração de todos aqueles que estão em comunhão com Deus, que pode ser capaz de cumprir a condição de que ele prescreve.
.
4. Mas a diferença entre a lei, como foi primeiro entregue, e o Evangelho, compõe-se principalmente das seguinte indicações.
.
(1.) Em especial a respeito do autor. Pois, no exercício de benevolência à sua criação inocente, Deus entregou a lei sem se referir a Cristo, ainda como justiça estrita que necessita obediência, com a promessa de uma recompensa e condenação a uma punição. Mas, no exercício da graça e misericórdia, e com respeito a Cristo o seu ungido, Deus revelou o seu evangelho e, através da justiça temperada com sua misericórdia, promulgou suas exigências e suas promessas.
.
(2.) Na determinada relação da sua questão. A Lei diz, "Faça isso, e tu deveis viver”(Rm 10.5.) Mas o Evangelho diz: "Se tu creres, tu serás salvo”, e esta diferença reside não só no postulado, a partir dos quais o primeiro é chamado "a lei das obras", mas o Evangelho"a lei da fé” (Rom. 3.27), mas também na promessa; já que, embora em cada um deles a vida eterna fosse prometida, contudo, pelo que Evangelho deveu ser conferida com morte e ignomínia, mas pela lei com natural disposição. (2 Tm 1.10.) Além disso, no Evangelho é anunciado remissão dos pecados como preparação para a vida eterna da qual nenhuma menção é feita em [Adamic] Lei; porque nem era esta remissão necessária a quem não era um pecador, nem seu anúncio [então] seria útil a ele, embora posteriormente pudesse ter-se transformado em um pecador.
.
5. (3.) Eles também diferem quanto ao modo de recompensa.
Pelo acordo com a Lei [primitiva] “para aquele que trabalha, a recompensa seria de dívida” (Rm 4.4;) para aquele que transgrediu, o castigo infligido seria da gravidade da estrita justiça. Mas, para quem nEle crê, o prêmio é oferecido de graça, e para aquele que não crer, a condenação é devida, de acordo que com justiça e perdão moderado em Cristo Jesus (João 3.16, 19; 21, 41.) Eles são diferenciados na consideração especial do seu objetivo. Sendo que a Lei entregue ao homem enquanto inocente, já constitui em favor de Deus(Gn 2.17.), porém, o Evangelho foi oferecido ao homem como um pecador, em alguém que deveria ser trazido de volta para o favor de Deus, porque ele é "a palavra da reconciliação." (2 Coríntios. 5.19.)
.
(5.) Diferem na peculiar relação a seu fim. Pela lei são reconhecidas a sabedoria, bondade e estrita justiça de Deus, mas pelo Evangelho é manifestada uma medida da mais ilustre exibição da sabedoria de Deus de sua bondade unida com a graciosa misericórdia e justiça docemente temperada em Cristo Jesus. (1 Coríntios. I, 20-24; Ef 1.8; Rm 3:24-26.)
.
A lei de Moisés
.
6.
Mas a diferença entre a lei que uma vez foi dada por Moisés, que é denominada "o Velho Testamento", e do evangelho uma vez que está sob a denominação de "o Novo Testamento", reside, segundo as Escrituras nas seguintes indicações.
.
(1). Na propriedade distinta de Deus que os instituiu. Ele fez o velho pacto, como quem estando irado pelos pecados que ficaram sem expiação embaixo do pacto anterior [Adamic]. (Hb 9, 5, 15). Mas instituiu o novo, como sendo reconciliado ou, pelo menos como prestes a conseguir a reconciliação por esse pacto no amor de seu Filho, e pela palavra da sua graça. (2 Coríntios. 5, 17-21; Ef. 2, 16, 17.)
.
(2). Na forma de instituição, o que corresponde, em cada um delas para a condição das coisas a ser instituídas.
A lei de Moisés foi entregue com os sinais mais óbvios do desprazer Divino e do juízo terrível de Deus contra pecados e pecadores. Mas evangelho foi dado com os símbolos assegurados da benevolência bom prazer e amor em Cristo. Daí o apóstolo diz: "Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e a escuridão, e às trevas, e à tempestade etc. "Mas chegastes ao Monte Sião” etc. (Hb 12.18-24.)
.
(3.) No conteúdo das ordens e promessas. As ordens da lei foram essencialmente carnais (Hb 7. 16) e continha "a escrita ordens que eram contrárias a nós:" (Col. 2. 14.) A maior parte das promessas foram do mesmo modo corporais, e estipularam compromissos de uma herança terrestre, que aperfeiçoou "o velho homem." (Hebreus 10:1.) Mas o Evangelho é espiritual, (João 4:21, 23,) contendo ordens espirituais e a promessa de uma herança celeste que concorda "com o novo homem" (hebreus 8:6; o Efésios 1:3), embora prometa bênçãos terrestres, como adições, àqueles que "buscam primeiro o reino de Deus e a sua justiça." (Mateus 6:33.)
.
7 (4.)
Colocamos a quarta diferença no Mediador ou Intercessor. Moisés é o mediador do Antigo Testamento, Jesus Cristo do Novo (Gl 3. 19; Hb 9. 15.) A lei foi dada por um servo mas o evangelho foi dado pelo Senhor que a si mesmo se revelou (Hb 3.5,6). "A lei foi dada por Moisés; a Graça e verdade vieram por Jesus Cristo”(João 1, 17.) A lei foi dada pelas mãos de um mediador (Gálatas 3:19) de acordo com o que é mencionado em outras passagens; (Levítico 26:46; Deuteronômio 5:26-31;) e Cristo é denominado "o Mediador do Novo Testamento." (Heb. 9.15.).
.
(5.) Eles também diferem quanto ao sangue utilizado para a confirmação de cada Testamento.
O antigo pacto foi ratificado pelo sangue de animais (Ex 24. 5,6; Hb 9. 18-20;), mas o novo foi confirmado pelo sangue precioso do Filho do Deus, (Hebreus 9:14,) que está de mesmo modo nesta conta chamado "o sangue do Novo Testamento." (Mateus 26:28.).
.
(6). Diferem no lugar da sua promulgação.
O Velho Pacto foi promulgado no monte Sinai; (Ex. 19. 18;), mas o novo "passou diante de Sião e de Jerusalém (Is 2. 3; Miquéias 4. 2.) Esta diferença é também apontada de forma clara pelo apóstolo Paulo (Gl. 4. 24-31; Hb 12.18 - 21.).
.
8. (7). A sétima diferença deve ser tomada a partir do assunto, tanto aqueles a quem cada um foi dado, como em que cada um foi escrito.
A antiga lei foi dada para o "velho homem". O Novo Testamento foi instituído para o "novo homem". A partir desta circunstância, Stº Agostinho supõe que esses dois Testamentos obtiveram a denominação de “Velho" e de “Novo Testamento ". A antiga Lei foi escrita em “tábuas de pedra (Ex 30.1, 18). Mas o evangelho é "escrito em tábuas de carne (Jr. 31. 33; 2 Coríntios 3. 3.).
.
(8.) A oitava diferença está nas adjunções, e isto em duas maneiras.
.
(i) A antiga lei era “fraca e desprezível", e incapaz de dar vida.(Gálatas. 4. 9; 3. 21). Mas o evangelho contém as inescrutáveis riquezas de Cristo. "(Efésios 3. 8) e "é" o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. "(Romanos. 1, 16.).
.
(ii.) A antiga lei era um fardo insuportável, que "nem os judeus,
nem os seus pais foram capazes de suportar." (Atos 15.10). Mas o evangelho contém o "jugo" de Jesus Cristo que é "fácil", e "o seu fardo", que é leve (Mateus 11.29, 30).
.
9. (9.) A nona diferença deve ser tomada a partir da biodiversidade dos seus efeitos.
O Antigo Testamento é "a letra que mata", a administração da morte e da condenação. "Mas o Novo Testamento é o" Espírito que dá a vida "o ministério do Espírito de retidão e da vida (2 Coríntios 3. 6-11.). O Velho Pacto é semelhante a Agar, "gerando para“ escravidão”, o Novo como Sara, gera para liberdade (Gl 4.23, 24). "A lei entrou para que a ofensa abundasse," (Rm. 5.20,) e que "operasse a ira (4. 15.) mas, "o sangue do Novo Testamento ", exposto no Evangelho (Mt 26. 28,) expia o pecado (Hb 9. 14, 15) e, " fala melhor do aquele de Abel"(12, 24). O Antigo Testamento é o vínculo em que os pecados são escritos: (Cl 2.14), mas o evangelho é a proclamação da liberdade e da doutrina da cruz para o qual foi pregado o vínculo ou a escrita contra nós", e foi por esse mesmo ato ", retirado do caminho."
.
(10.) A décima diferença será colocada no tempo, tanto da promulgação de cada uma e da sua duração.
O Antigo Testamento foi promulgado quando Deus levou os filhos de Israel para fora do Egito. (Jr. 31. 32.), mas o novo, posteriormente, nestes últimos tempos. (Hb 8. 8,9.) Foi designado que o Antigo Testamento perdurasse até o advento de Cristo e depois seria abolido (Gl 3.19; Hb 7.18; 2 Coríntios 3.10). Porém, o Novo Testamento continuará sempre, a ser confirmado pelo sangue do grande Sumo Sacerdote", que é feito sacerdote após o poder de uma vida infinita "pela palavra de um juramento (Hb 7.16-20), e, através do eterno Espírito, ofereceu-se para Deus" (9,14.) desta última diferença, é provável que a denominação de "o Velho Testamento" e "o Novo", derivaram-se dessa origem.
.
Os santos NO ÂMBITO DO ANTIGO TESTAMENTO
.
10. Mas, afim de que não se suponha que os Pais, que viveram sob a lei do Antigo Testamento, eram inteiramente destituídos de graça, fé e vida eterna, deve ser lembrado que até naquele período, a promessa esteve na existência que tinha sido feita a Adão acerca "da Semente da mulher," (Gênese 3:15,) o que também diz respeito à semente de Abraão, a quem "as promessas foram feitas," (Gl 3.16) e nos quais "todas as famílias da terra deviam ser abençoadas” (Atos 3. 25;) e que estas promessas foram recebidas na fé pelos santos pais. Dado que esta promessa é compreendida por revelação sob o nome de "o Velho Testamento," tomadas de uma ampla aceitação, e é chamado pelo apóstolo diaqhkh "o testamento (Gl 3.17), bem como, no plural, "os concertos da promessa” (Efésios 2.12;) também temos de considerar agora", este concerto da promessa o Novo Testamento, bem como o evangelho, chamado por meio da excelência, como sendo a conclusão das promessas(Gl 3. 16, 17,) e como sendo a promessa "(Hb 9.15), concordam e diferenciam-se um do outro.
.
11. Colocamos um acordo nessas coisas que dizem respeito ao mérito de cada um. Pois:
.
(1). No que diz respeito à Causa Eficiente, ambas foram confirmadas através da mera graça e misericórdia de Deus em consideração a Cristo.
.
(2.) A questão de cada uma foi a mesma: isto é, "a obediência da fé foi exigida em ambas, (Gn 15, 6; Rm 4; Hb 11), e a herança da vida eterna foi prometida através da imputação da justiça da fé e, através graciosa adoção em Cristo
(Rom. 9.4; Hb 11.8.).
.
(3.) Um tema, que é Cristo que foi prometido aos pais nas escrituras proféticas, a quem Deus tem mostrado no Evangelho
(At 3.19, 20; 13:32.).
.
(4.) Um fim, o louvor da gloriosa graça de Deus em Cristo
(Rm 4.2, 3.).
.
(5). Ambos os testamentos foram celebrados com os homens investidos na mesma relação formal, isto é, com homens como pecadores, aqueles que “não trabalham, mas que crêem naquele que justifica o ímpio". (Rm 9, 8 ; 11, 30-33.).
.
(6.) Ambas têm o mesmo Espírito de testemunho ou selo da verdade, nas mentes daqueles que são participantes do pacto. (2 Coríntios 4:13.) para que desde então "a adoção" e "a herança" pertença do mesmo modo aos pais no Velho Testamento, (Romanos 9:4; o Gálatas 3:18,) e "o Espírito da adoção," que é "o penhor da herança," não possa ser-lhes negado. (Romanos 8.15; Efésios 1:14).
.
(7.) Concordam em seus efeitos.
Os pactos geram filhos para a liberdade "Em Isaque será chamada a tua descendência." (Rm 9.7). "Então, irmãos, não somos os filhos da escrava, mas da livre, e somos como foi Isaque, os filhos da promessa (Gl.4.31, 28.). Ambas administram a a justiça da fé e a herança por meio dela. (Rm 4.13.) Ambas excitam alegria espiritual nos corações dos fiéis (João 8. 56; Lucas 2.10.).
.
(8). Finalmente, concordam neste particular - que ambas foram confirmadas pelo juramento de Deus. Nenhum delas, portanto, deviam ser abolidas, mas a antiga era para ser cumprida por esta última. (Heb. vi, 13, 14, 17; vii, 20, 21.) (Hb 6.13,14,17; 7. 20, 21).
.
12. Mas há uma diferença em algumas circunstâncias acidentais que não derrogam (alteram) nada de sua unidade substancial.
.
(1.) Com respeito do acidente e do seu objeto: Quando o advento de Cristo se aproximou, ele foi proposto pela promessa
(Ml 3.1.) Mas Ele é manifestado agora no Evangelho (1 João I. 1,2; 4. 14).
.
(2). Daí também surge à segunda diferença, em respeito ao acidente da fé, necessário sobre seu objeto.
Para como as coisas do presente e do passado são sabidas mais claramente do que as coisas futuras, assim, que a fé em Cristo que viria, era mais obscura do que a fé contemplada em Cristo no presente (Hb. 11.13; Nm 14.17.)
.
(3.) A esses se acrescenta a terceira diferença - que Cristo com seus benefícios foi outrora proposto para os israelitas em tipos e sombras: (Hb. 12; Gl 3.16). Mas agora ele é oferecido no Evangelho "a ser visto com o rosto desvendado, exibindo a realidade das coisas na sua própria imagem.
(2 Coríntios. 3.18; João I, 17; Col. 2. 17; Gl. 3.13, 25.).
.
(4.) Esta diversidade das administrações exibe a quarta diferença no próprio herdeiro.
O apóstolo “compara os filhos de Israel a um herdeiro “infante” que necessitava da supervisão de “tutores e curadores”; e compara os crentes sob o Novo Testamento a um herdeiro adulto.(Gl. 4.1-5.).
.
(5). Daí se infere uma quinta-diferença. Que o infante herdeiro, em "nada diferente de um servo"
, foi mantido em cativeiro sob a economia do cerimonial da lei, a partir do qual são libertas dessa servidão as pessoas que crêem em Cristo após a expiração do "tempo da tutela, designado antes pelo do Pai”.
.
(6). A condição em que Espírito do herdeiro infante esta acomodado, permitir-nos a sexta diferença: que o herdeiro estava na verdade sob a influência do "Espírito de adoção”, mas, sendo ele, então, apenas um infante, este Espírito estava atemorizado, mas o herdeiro adulto está sob a influência completa "do Espírito de adoção” excluindo-se inteiramente esse medo
(Rm 8. 15; Gl 4.6.).
.
(7). A sétima diferença consiste no número daqueles que são chamados para a comunhão em cada um desses pactos.
A promessa foi confinada dentro das fronteiras da “comunidade de Israel” a partir da qual os gentios eram "estrangeiros", sendo também “estranhos as alianças da promessa” (Efésios 2:11-13, 17.). Mas o Evangelho foi anunciado a toda a criatura embaixo do céu, e o monte de separação é completamente removido. (Mt 28.19; Mc 16.15; Cl 1.13.).
.
13.
Mas os três, a lei, a promessa e o evangelho podem tornar-se sujeitos de considerações de outra ordem, quer como oposição entre si, ou como subordinada umas as outras. A condição da lei, pois, tal como foi entregue a Adão exclui a obrigatoriedade sobre a promessa de anunciar o Evangelho e, por outro lado, a necessidade de fazer a promessa o anúncio do Evangelho, declara que o homem não obedeceu a lei que lhe foi dada. A justificação não pode ser tanto, de uma só vez "da graça” e "da dívida” nem pode, ao mesmo tempo, admitir e excluir a "jactância". (G. 2 17; Rm 4. 4, 5; 3. 27). Foi também apropriado que a promessa devesse preceder o Evangelho, e em contrapartida devesse ser cumprida pelo Evangelho em vez de, como era inadmissível que tal grande bênção fosse oferecida, salvo se fosse ardentemente desejada, por isso era inadequado que o fervoroso expectante desejo fosse frustrado. (1 Pedro 1.10-12, Ageu 2.7, Malaquias 3.1). Também não é menos justo, que, após a promessa ter sido feita, a lei devesse ser recitada, pelo que poderá ser evocado a evidente necessidade da graça da promessa (Gl 3.19-24; Atos 13.38, 39) e, estando convencido dessa necessidade, poderão ser compelidos a fugir para o seu abrigo. (Gl.2. 15, 16.) A utilização da lei também foi benéfica para o Evangelho que devia ser recebido pela fé (Cl 2.14, 17). Enquanto a promessa era atual, foi também a vontade de Deus adicionar outros preceitos, e, sobretudo, como foram os cerimoniais, pelo que o pecado pode ser ["encerrado”] ou testemunhado contra, e um aviso prévio pôde ser dado do cumprimento das promessas. E quando a promessa foi cumprida, era a vontade de Deus que estes preceitos fossem revogados, como que tendo completado as suas funções. (Hb 10. 9, 10). Finalmente, a lei moral deveria servir tanto para a promessa como para o evangelho que já foi recebido pela fé como uma regra segundo a qual crentes devem conformar suas vidas. (Sl 119:105; Tito 3:8.). Mas, concedeu Deus, a partir de sua palavra, capacidade para compreender, ainda mais claramente, sua gloriosa economia, para a sua glória, em Cristo.
______
.
The Works of James Arminius Vl 1
Public Disputations: Disputation 13: On the comparison of the Law and the Gospel
DISPUTATION 13: ON THE COMPARISON OF THE LAW AND THE GOSPEL
http://wesley.nnu.edu/arminianism/arminius/j.htm#DISPUTATION%2013
.
Tradução: Lailson Castanha
.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A obra redentora de Cristo e sua Graça universal.

Laerço do Santos.

As Sagradas Escrituras são muito objetivas em nos explicar sobre o pecado e sua consequência, nela está escrito: Todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus, e, o salário do pecado é a morte, mas, o dom gratuito de Deus é a vida eterna.(Rm.3:23, 6:23.)

Por outro lado, João afirma que Cristo é a “propiciação” pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também, pelos de todo o mundo. (1 João,2:2)
Em se tratando de Redenção, fica claro no texto citado, que Cristo se fez propiciação por todos os pecadores, não apenas a um separado grupo de eleitos que se salvarão. O apóstolo do amor, (João) sempre via na pessoa de Deus em Cristo o prazer em perdoar a todos os que, arrependidos, se achegassem a Ele; esse é o mistério da graça de Deus, a salvação, não pelos méritos do homem, mas pelo infinito e profundo favor divino refletido em seu grande amor. (Jo. 3:16).
Entendemos que o homem pecador, embora salvo, nascido de novo, participante da natureza divina, é sujeito a cair em erro, tanto é que João em sua epístola nos diz: Filhinhos, não pequeis; mas se alguém pecar temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo o justo. (1Jo.2:1). O homem sempre chamado à salvação, para fazer a vontade do Senhor, é sujeito a falhar nesse propósito; porém Cristo, conhece o nosso limite e conhece a nossa intenção para com Ele.
O homem usa obstinadamente o seu livre arbítrio para se afastar da presença de nosso Deus, porém, o mesmo, não foi dado ao homem para esse fim, ao contrário, sua liberdade deve ser usada para servir a Deus em espírito e verdade, tendo a responsabilidade de sempre por si mesmo se avaliar, para evitar cair em tentação praticando nova ofensa contra Deus.
Paulo disse ao povo da Galácia:
“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado
.
Levais as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. (Gl. 6.1.2)
.
Laerço dos Santos
presbítero na AD de de Pau Darco II Maceió. AL.
.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

IGREJA DO NAZARENO

OS ARTIGOS DE FÉ
.
I. O DEUS TRINO
1. Cremos num só Deus infinito, eternamente existente, Soberano do universo; que somente Ele é Deus, criador e administrador, santo na Sua natureza, a tributos e propósito , que Ele é Deus, como Deus, é trino no Seu ser, revelado como Pai, Filho e Espírito Santo.
( Gêneses 1; Levítico 19:2; Deuteronômio 6:4-5).

.
II. JESUS CRISTO
1. Cremos em Jesus Cristo a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade;
Que Ele é eternamente um como Pai; que encarnou pelo Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria e, assim, duas naturezas perfeitas e completas, isto é, a Divindade e a humanidade, se uniram em uma pessoa, verdadeiro Deus e verdadeiro homem-o Deus- homem.
Cremos que Jesus Cristo morreu por nossos pecados em que Ele verdadeiramente ressuscitou dos mortos e tornou de novo o Seu corpo, juntamente com tudo o que pertence a perfeição da natureza humana, e com isso subiu ao céu, aonde Se ocupa em interceder por nós.
( Mateus 1:20-25; Lucas 1:26-35; João 1: 1-18)
.
III. O ESPIRITO SANTO
1. Cremos no Espirito Santo, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade; que Ele está sempre presente e operando eficientemente dentro a Igreja de Cristo e com ela, convencendo o mundo do pecado, regenerando aqueles que se arrependerem e crêem, santificando os crentes e guiando em toda a verdade tal como está em Jesus.
(João 7:39; Atos 2:33; Romanos 8:1-7)
.
IV. AS ESCRITURAS SAGRADAS
1. Cremos na inspiração das Escrituras Sagradas, pelas quais entendemos os 66 livros dos Antigos e Novos Testamentos, dados por inspiração divina, revelando sem erros a vontade de Deus a nosso respeito em tudo o que é necessário a nossa salvação, de maneira que o que não se encontra nelas não pode ser imposta como artigo de fé.
(Lucas 24:44-47; João 10:35; 2 Timóteo 3:15-17)
.
V. PECADO, ORIGINAL E PESSOAL
1. Cremos que o pecado veio ao mundo através da desobediência dos nossos primeiros pais e, pelo pecado, veio a morte cremos que o pecado se manifesta de dois modos: pecado original ou depravação, e pecado atual ou pessoal.
1.1.Cremos que o pecado original, ou depravação, é aquela corrupção da natureza de todos os filhos de Adão pela qual o homem está muito longe da retidão original, ou seja, do estado de pureza dos nossos primeiros pais quando foram criados, é o contrário a Deus, não tem vida espiritual e é inclinada para o mal, e isto continuamente. Cremos, além disso, que o pecado original continua a existir com a nova vida do regenerado, até que seja o coração inteiramente limpo pelo batismo com o Espírito Santo.
1.2. Cremos que o pecado original difere do pecado atual, em que constitue uma propensão herdada para o pecado atual, pela qual ninguém é responsável até o momento em que se negligencia ou se rejeita o remédio divinamente providenciado.
1.3. Cremos que o pecado atual ou pessoal constitue uma violação voluntária da vontade conhecida de Deus, feita por uma pessoa moralmente responsável. Portanto, não deve ser confundido com limitações voluntárias e inescapáveis, enfermidades, faltas erros, falhas ou outros desvios de um padrão de perfeita conduta, que são os efeitos resíduas, da Queda do homem. Contudo, tais efeitos inocentes não incluem atitudes ou respostas contrárias ao Espírito de Cristo que, propriamente, podem ser consideradas pecados do espírito.
Cremos que o pecado pessoal é primaria e essencialmente, uma violação da lei do amor; e que em relação a Cristo, pecado pode ser definido como descrença.
(Pecado Original: Gèneses 3; 6:5, Jó 15:14; Salmos 51:5)
.
VI. EXPIAÇÃO
Cremos que Jesus Cristo pelo seus sofrimentos, pelo derramamento de Seu próprio sangue e pela Sua morte na Cruz, fez uma expiação completa para todo pecado humano; e que esta Expiação é a única base de salvação; e que é suficiente para cada pessoa da raça de Adão. A Expiação é benignamente e eficaz para a salvação daqueles que chegam á idade a responsabilidade, quando se arrependem e crèem. ( Isaías 53:5-6, 11; Marcos 10:54; Lucas 24:46-48)
.
VII. GRAÇA PREVINIENTE
Cremos que a criação da raça humana a imagem de Deus inclue a capacidade de escolher entre o bem e o mal e que, assim, seres humanos foram feitos moralmente responsáveis; que pela queda de Adão se tornaram depravados, de maneira que agora não são capazes de voltar e se reabilitar pelas suas próprias forças e obras,e desta forma renovar a fé e a comunhão com Deus. Mas também cremos que a graça de Deus mediante Jesus Cristo é dada gratuitamente â todos os seres humanos, capacitando todos que querem converte-se do pecado para a retidão, a crer em Jesus Cristo para perdão e purificação do pecado, e a praticar boas obras agradáveis e aceitáveis a Sua vista.
Cremos que todas as pessoas, ainda que possuam a experiência de regeneração e inteira santificação, podem cair da graça, apostatar e, a menos que se arrependam do seu pecado, ficar eternamente perdida e sem esperança. (a imagem de Deus e responsabilidade moral):
Gèneses 1:26-27;2:16-17; Deuteronômio 28:1-2, 30:19; Josué 24:15)
.
VIII. ARREPENDIMENTO
Cremos que o arrependimento, que é uma sincera e completa mudança do pensamento no que diz respeito ao pecado incluindo o sentimento de culpa pessoal e o afastamento voluntário do pecado, é exigido de todos aqueles que, por ato ou propósito, se fazem pecadores contra Deus.
O Espírito de Deus da a todos que quiserem arrepender-se a ajuda benigna da penitència do coração e a esperança da misericórdia, afim de que possam crer para o perdão e a vida espiritual.
(2 Crònicas 7:14; Salmos 32:5-6;51-17)
.
IX. JUSTIFICAÇÃO, REGENERAÇÃO E ADOÇÃO.
Cremos que a justificação é aquele ato gracioso e judicial de Deus, pelo qual Ele concede pleno perdão de toda a culpa, remissão completa da pena pelos pecados cometidos e a aceitação como justo a todos aqueles que crèem em Jesus Cristo e o recebem como Senhor e Salvador.
Cremos que a regeneração, ou novo nascimento, é aquela obra da graça de Deus pela qual a natureza moral do arrependimento que confia em Deus é vivificada espiritualmente, recebendo uma vida distintamente espiritual, capaz de fé , amor e obediència.
Cremos que a adoção é aquele ato gracioso de Deus pelo qual o crente justificado e regenerado se constitui o filho de Deus.
Cremos que a justificação, a regeneração e a adoção são simultâneas na experiência daqueles que buscam a Deus e são obtidas na condição de haver fé, precedida pelo arrependimento; e que o Espírito Santo testifica desta obra e estado de graça.
(Lucas 18:14; João 1:12-13; Atos 13:39)
.
X. INTEIRA SANTIFICAÇÃO
Cremos que a inteira santificação é aquele ato de Deus, subsequente a regeneração, pelo qual os crentes são libertados do pecado original, ou depravação, e levados ao estado de inteira devoção a Deus e à santa obediência do amor tornado perfeito.
É operada pelo batismo com Espírito Santo e compreende, numa só experiência, a purificação do coração e a permanente presença íntima do Espírito Santo, dando ao crente poder para uma vida santa e para serviço.
A inteira santificação é garantida pelo sangue de Jesus, realiza-se instantaneamente pela fé, precedida pela inteira consagração; e desta obra e estado de graça o Espírito Santo testifica.
Essa experiência é também conhecida por vários termos que representam diferentes aspectos delas, tais como: “perfeição cristã”, “perfeito amor”,” pureza do coração”, “batismo com o Espírito Santo”, “plenitude da benção” e “ santidade crisã”.
Cremos que a distinção bem definida entre um coração puro e um caráter maduro. O primeiro é obtido instantaneamente, como resultado da inteira santificação; o ultimo resultado de crescimento na graça.
Cremos que a graça da inteira santificação inclui o impulso para crescer na graça. Contudo este impulso deve ser conscientemente alimentado; deve ser dada cuidadosamente atenção aos requisitos e processo de desenvolvimento espiritual e avançado no caráter e personalidade semelhante a Cristo. Sem tal esforço intencional, o testemunho do crente pode ser enfraquecido e a própria graça comprometida e mesmo perdida.
(Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; Romanos 6:11-13)
.
XI. A IGREJA
Cremos na igreja a comunidade que confessa a Jesus Cristo como Senhor, o povo da aliança de Deus feito em novo em Cristo, o Corpo de Cristo chamado e congregado pelo Espírito Santo através da Palavra.
Deus chama a igreja a expremir a sua vida na unidade e comunhão do Espírito; na adoração, através da pregação da palavra, na observação dos sacramentos e no Ministério em Seu nome; pela obediência a Cristo e responsabilidade mútua a missão da igreja no mundo é a de continuar a obra redentora de Cristo no poder do Espírito, através de viver santo, evangelismo e serviço.
A igreja é uma realidade histórica que se organiza em moldes culturalmente condicionados; existe tanto como um corpo universal quanto congregação local; separa pessoas chamadas por Deus para ministérios específicos.
Deus chama a igreja para viver sobre a sua orientação enquanto ela antecipa a consumação na vinda do nosso Senhor Jesus Cristo.
( Êxodo 19:3; Jeremias 31:33; Mateus 8:11)
.
XII. BATISMO
Cremos que o batismo cristão, ordenado pelo nosso Senhor, é um sacramento que significa a aceitação dos benefícios da expiação de Jesus Cristo, para ser administrado aos crentes e é declarativo da sua fé em Jesus Cristo como seu Salvador e do seu pleno propósito de andar obedientemente em santidade e justiça.
Sendo o batismo símbolo da nova aliança, as crianças poderão ser batizadas quando os pais ou doutores o pedirem, os quais ficaram na obrigação de lhes assegurar o necessário ensino cristão.
O batismo pode ser administrado por aspersão, a fusão ou imersão, segundo o desejo do candidato. ( Mateus 3:1-7; Atos 2:37-41; Romanos 6:13-14)
.
XIII. A CEIA DO SENHOR
Cremos que Ceia Memorial e de Comunhão, instituída por nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo é essencialmente um sacramento do Novo Testamento declarativo da morte sacrificial de Jesus, e de que os crentes, pelo merecimento desta, têm vida e salvação e promessa de todas as bençãos espirituais em Cristo. É distintivamente para aqueles que estão preparados por uma reverente apreciação do seu significado e por meio dela anunciam publicamente a morte do Senhor até que Ele venha de novo. Sendo esta a festa da Comunhão, somente aquele que tem fé em Cristo e amor pelos irmãos devem ser convidados a participar dela.
(Êxodo 12: 1-14; Mateus 26:26-29; 1 Coríntios 10: 14-21)

XIV. CURA DIVINA
Cremos na doutrina bíblica da cura divina e exortamos o nosso povo a procurar oferecer a oração da fé para a cura dos doentes. Cremos também, que Deus cura através de recursos da ciência médica.
(2 Reis 5:1-19; Salmo 103:1-5; Tiago 5:13-19)

XVI. SEGUNDA VINDA DE CRISTO
Cremos que o Senhor Jesus Cristo voltará outra vez; que nós, os que estivermos vivos na sua vinda, não precederemos aqueles que morreram em Cristo Jesus; mas que, se permanecemos nele, seremos arrebatados com os santos ressuscitados para encontrarmos o Senhor nos ares, de sorte que estaremos para sempre com o Senhor.
(Mateus 25:31-46; Filipenses 3 20-21; Hebreus 9:26-28)

XVII. RESSUREIÇÃO, JUÍZO E DESTINO
Cremos na ressureição dos mortos; que tanto os corpos dos justos como dos injustos serão ressuscitados e unidos com os seus espíritos – “os que tiverem feito o bem, saíram para a ressureição da vida:, e os que tiverem feito o mal para a ressureição da condenação”.
Cremos no juízo vindouro, no qual cada pessoa terá de comparecer diante de Deus, para ser julgada segundo seus feitos nesta vida.
Cremos que uma vida gloriosa e eterna é assegurada a todos aqueles que crêem em Jesus Cristo, nosso Senhor para a salvação, e O seguem obedientemente, e que os que são impenitentes até o fim sofrerão eternamente no inferno.
(Gênesis 18:25; Marcos 9:43-48; Isaías 16:19)
.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Predestinação à luz da história eclesiástica

Pr. Alcione Alves do Nascimento
.
Desde o início, manifestaram-se diferenças básicas nas maneiras em que a fé cristã foi encarada no Ocidente e Oriente. Estas diferenças revelam-se claramente nos conflitos teológicos dos séculos quarto e quinto, quanto a questão da Salvação que envolve os dois fatores, o pecado e a graça, as controvérsias foram maiores nos séculos quarto a sexto, questão que contribuíram sensivelmente para a ruptura dentro da Igreja Ocidental do Século dezesseis.
.
A questão não foi se Cristo salva o homem do pecado; Cristo redimiu o homem do pecado, mas qual a parte dos homens, agora, na apropriação desta salvação? Qual a natureza do pecado, e até que ponto ele influencia o homem? E, partindo de Deus, qual a natureza da graça? A salvação do homem é determinada, em última análise, pela graça divina? Ou por algo no homem? A História eclesiástica mostra como se pode confessar Cristo como único Salvador do pecado e, ao mesmo tempo, cair no moralismo, ainda hoje os teólogos preocupam-se muito com diversas questões teológicas, e falta-lhes ainda um conceito profundo a respeito do pecado e da graça. Pelágio, natural da Bretanha, um leigo muito capacitado e de gênio prático, sistematizou as opiniões que haviam sido pronunciadas a respeito do pecado e a graça, considerava-se a si mesmo totalmente ortodoxo, mas foi atacado por Agostinho, que o julgava herege. Pelágio, cuja maior preocupação não eram as doutrinas, mas a vida diária do Cristão, foi contestado por Agostinho, um dos maiores pensadores em toda história da Igreja. Os conceitos de pecado e da graça forma aprofundados por este expoente, quer foi bispo de Hipona no litoral africano. Para Pelágio, Adão era somente um mau exemplo; todo homem começa sua vida semelhante a Adão no Éden, sendo espiritualmente São, a salvação vai depender somente dele mesmo, ou seja não havendo herdado a natureza corrupta de Adão, a vontade tem que ser livre, o que demonstra que ele baseou-se na razão humana, ou seja na lógica: Deus só pode pedir o que o homem pode fazer. Pelágio fundamentou o seu pensamento que o batismo serviu para apagar todo e qualquer pecado anterior, comprometendo o cristão não incorrer em novos pecados, portanto, ensinou a possibilidade de viver uma vida isenta e pecados. Para Pelágio, a graça, significa não somente o perdão dos pecados, mas também os fatos do homem ser dotado da vontade livre racional, e de Deus o homem herdou a lei, portanto, o homem que é salvo por si mesmo.
.
Mas, Agostinho contrapôs-se a Pelágio afirmando que o homem diante de Deus está morto. E, em virtude deste fato, a salvação só pode ser realização de Deus. Somente Deus é capaz de libertar o homem da sua escravidão do pecado que é um ato incidental da livre vontade. Adão, inicialmente, possuía uma vontade livre, inclinada para o bem; aceitando a assistência graciosa de Deus ele era capaz de preservar no bem, isto é podia não pecar, era livre, mas pecou, e como conseqüência deste triste fato, seus descendentes não nasceram não livres, tendo suas vontade corrompidas que se manifesta como um anseio por novos pecados. É Deus quem salva, não simplesmente torna a salvação possível, mas salva mesmo, renovando soberamente a vontade humana. É fácil compreender como Agostinho é conduzido a afirmar a predestinação divina, pois seria só assim que explicaria como um homem, espiritualmente morto, cuja vontade é escravizada pelo pecado, pode ser salvo.
.
Mas entre Agostinho e Pelágio, surgiu um meio-termo, o semi-pelagianos, discordavam de Pelágio e de Agostinho ao afirmar que o homem, diante de Deus não está nem morto nem São, mas doente; a vontade, apesar de enfraquecida, continua livre. Para ser salvo, pois, o homem deve aceitar a graça que Deus lhe proporciona, assim a salvação é o resultado de uma cooperação entre Deus e o homem. Quem vai cooperar com Deus é conhecido de antemão, portanto a idéia de predestinação também foi aceita pelos semipelagianos.
.
Uma espécie de semi-agostinianismo tornou-se doutrina oficial da Igreja. Orange deixou claro que, na salvação, e a graça que goza de primazia, graça que não simplesmente coopera, mas que toma a iniciativa, mas desde que a vontade humana não é morta, e sim, apenas enfraquecida, o homem pode resistir a graça, assim a graça irresistível ensina por Agostinho foi abandonada, segundo Orange é pelo batismo que o homem recebe a graça,, graça que o capacita para, em cooperação com Cristo, fazer tudo o que é necessário para a sua salvação. A Igreja oficializou uma doutrina que se situa entre agostinianismo e o semi-pelagianismo ou seja semi-agostinianismo que prevaleceu em toda a Igreja medieval. Esta linha teológica fora seguida por doutores como: Pedro Lombardo, Anselmo e Tomás de Aquino, e no Século dezesseis pelos reformadores.
.
Em 1604 iniciou-se uma controvérsia entre dois professores na Universidade de Leyden, na Holanda: Jacó Arminius e Franz Gomarus. Arminius criticou o ensino de Gamarus a respeito da predestinação. Este último, como os calvinistas em geral, ensinava que a predestinação divina não leva em conta nada da parte do homem, mas é incondicional, enquanto que Arminius afirmava que a predestinação pressupõe a fé da parte do homem, ou seja a predestinação é condicional. Para tratar desse polêmico assunto foi convocado um Sínodo Nacional da Igreja Reformada, em Dort, no Sul da Holanda, que condenou a doutrina da predestinação condicional de Arminius.
.
Todos são chamados à salvação. Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos. Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. E Eu, quando for levantado da terra, Todos atrairei a mim. Deus quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens. O Senhor não retarda a Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. e quem quiser, tome de graça da água da vida.
.
Deus chama todos ao arrependimento. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados. E fé. crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e tua casa.
.
Deus chama paulatinamente, cada vez mais fortemente através: da criação, da consciência, da Palavra, dos crentes, do Espírito Santo; as vezes pela Sua bondade, as vezes trazendo julgamento. Se o homem se endurecer durante o chamamento, Deus pode parar definitivamente de chamá-lo; se o homem atender a um nível de chamamento, Deus o levará a outros níveis superiores.
.
Todos são habilitados para Salvação. Deus, ao chamar o homem para a salvação, o habilita a atender a benignidade de Deus que leva ao arrependimento. Porque Deus é o que opera em nós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade. É por isso que podemos pregar exortando a todos os pecadores a receberem Cristo, e o fazemos...
.
O problema não é o homem poder ou não poder salvar-se, mas sim querer ou não querer salvar-se. Estamos perfeitamente de acordo, só com uma ressalva. Por que razão não quererão alguns a salvação? Na verdade, embora a frase seja bonita e constitua até um êxito retórico, nada acrescenta ao problema de fundo, pois o que a Bíblia ensina é que o homem não quer, nem na verdade pode querer seja o que for que agrade a Deus enquanto estiver na carne, isto é, escravizado pelo pecado. Além disso, não quer salvarse porque não compreende, nem pode compreender com a sua mente natural, as coisas de Deus, visto estas só se tornarem compreensíveis pelo Espírito Santo de Deus. Assim, só pela soberana intervenção do Espírito de Deus o pecador será convencido do seu pecado e, libertada a sua vontade, quererá também voltar-se para Deus em arrependimento e fé.
.
Alcione Alves do Nascimento - Pastor da Igreja Assembléia de Deus. CGADB nº 36942

Filósofo e teólogo
Bacharel em Teologia pelo IBEL - Intituto Bíblico Eduardo Lane - Seminário Presbiteriano de Patrocínio Minas Gerais e pela FAETEL - Faculdade Teológica Logos; Bacharel em Filosofia com Licenciatura Plena em Sociologia, Psicologia e História pela PUC/PR; Especialização em Filosofia ( Pensamento de Fucoult ) e Antropologia da Revelação pela PUC/PR; Especialização em Administração pela Academia Policial do Guatupê em Convênio com a Universidade Federal do Paraná e Inglês pela WISDOM; Bacharel em Direito pela Faculdades Integradas Santa Cruz
.

domingo, 26 de julho de 2009

A controvérsia do calvinista George Whitefield e o seu rompimento com João Wesley **

Rev. W. H. Fitchett
.
George Whitefield, como já vimos, era Calvinista convicto e exultante; crendo apaixonadamente no amor de Deus; entretanto, achava possível crer que esse amor, mais elevado do que se pode imaginar, mais fundo do que se pode sondar, ainda tivesse uma estreiteza misteriosa e trágica. Era indubitavelmente mais estreito do que a raça humana, pois deixava grande parte dessa raça nas trevas exteriores de uma reprovação, sem a iluminação de qualquer raio de misericórdia. A doutrina que Deus não amava a raça inteira e que Cristo não morrera por todos, era, aos olhos de Whitefield, “o pão dos filhos”, algo precioso e nutritivo; e, portanto, lançá-lo fora, deixá-lo sem ser proclamado, seria roubar a família de Cristo (o calvinismo defendia que Deus escolhia uns para serem salvos e deixava os demais morrerem sem salvação; os salvos não perdiam a salvação dada a eles por eleição divina).
.
Para Wesley tal doutrina significava a negação do Evangelho por completo, deixando-o sem mensagem alguma. Sobre este ponto, havia entre os líderes do grande avivamento, uma brecha (abismo) de crença doutrinal que era funda e insuperável. Entretanto, a grande regra de Wesley quanto às divergências teológicas era, “pensar e deixar que outros pensem”. Não tinha qualquer prova doutrinal para as Sociedades, e certamente não havia de separar-se de um camarada grande e leal como Whitefield, que concordava consigo em tantas cousas essenciais, por causa das suas divergências teológicas sobre um ponto de ensino metafísico.
.
Entretanto a separação em doutrina era mais do que uma simples questão de metafísica; era fundamental. Penetrava até o íntimo do seu credo; levando consigo extensos resultados morais. Cedo ou tarde tinha de causar uma separação do seu trabalho. O simples impulso do polemista, o desejo natural de ganhar conversos e de refutarem oponentes, fazia que o silêncio ou a paz entre ambos fosse impossível como condição permanente.
.
O rompimento veio do lado de Whitefield. Ele não era lógico. As suas crenças e os seus sentimentos eram guardados em compartimentos diversos; o seu credo era espécie de mosaico formado de fragmentos diversos. Entretanto existem sinais que na sua consciência havia uma inquietação inconfessa. Era também consciente que Wesley possuía maior força intelectual e mais larga soma de conhecimentos do que ele. E o fato que o seu guia natural, o homem a cujos pés ele se sentara durante anos, divergisse tão profundamente dele, sobre ponto tão sério, era para WhitefieId uma inquietação enfadonha, se bem que inconfessa. Não podia deixar que o assunto ficasse somente entre eles; escreveu a Wesley suplicando-lhe que “por esta vez escutasse a uma criança que alegremente Iavar-lhe-ia os pés”.
.
Dizia Wesley a Whitefield: “Da doutrina da eleição, e da perseverança final dos que estão em Cristo, sou agora dez mil vezes mais convicto – se possível for – do que quando estive convosco recentemente. Pensais de outra forma; porque então, discutirmos quando não há possibilidade alguma de convencer?” (Southey, voI. I pág. 226).
.
Mas o próprio Whitefield não podia descansar; havia de convencer a Wesley; e da América lhe escreveu: “Quanto mais examino os escritos dos homens mais experimentados e as experiências dos cristãos mais estabelecidos, tanto mais discordo da vossa negação da doutrina da eleição e perseverança final dos santos. Reluto em voltar à Inglaterra, a não ser que esteja disposto a combater estas verdades (do calvinismo) com menos calor do quando lá estive ultimamente. Reluto com a vossa vinda à América, porque a obra de Deus está sendo promovida aqui e isto da maneira mais gloriosa, por doutrinas inteiramente opostas àquelas que vós tendes. Que Deus me dirija, que eu saiba o que devo fazer. Talvez nunca mais tornarei a ver-vos até nos encontrarmos no Juízo; então, se não antes, sabereis que a graça soberana distinta e irresistível vos trouxe ao céu”.
.
Tem algo de divertido na resposta clara e calma que Wesley faz ao apelo agitado de Whitefield. Procura acalmar a sua agitação com umas poucas gotas de tinta paciente: “A situação é muito clara: existem fanáticos tanto a favor da predestinação como contra. Deus está enviando uma mensagem aos dois partidos, mas nem um nem outro a receberá a não ser que seja à boca de alguém que é da sua opinião. Portanto, durante certo tempo, é permitido que vós sejais de uma opinião e eu de outra. Mas quando chegar a sua hora, Deus fará aquilo que os homens não podem – a saber, fará que ambos tenham o mesmo parecer” (Southey, voI. I. pág. 227).
.
A liberalidade intelectual de Wesley sobre este ponto era, da sua parte, tanto genuína como habitual. Seguiu sempre esta norma, dando prontamente a seus seguidores a mais larga liberdade em discordar dele sobre pontos abstratos, contanto que concordassem no domínio da prática.
.
Polemistas inferiores, entretanto, se intrometeram, e o seu zelo não estava temperado nem pela prudência nem pela caridade. Um dos principais membros da Sociedade de Londres, chamado Acourt, insistiu em converter a Sociedade em classe de debate sobre o assunto de predestinação, até que CarIos Wesley, no interesse do sossego, deu ordem que ele não fosse mais admitido. Aconteceu que João Wesley estivesse presente quando este teólogo, demasiado zeloso, se apresentou outra vez, e perguntou, se havia de ser expulso somente por estar de opinião diferente. Perguntou-lhe Wesley: “Que opinião?”. Ele respondeu: “A da eleição: Eu sustento que certo número de almas são eleitas desde a eternidade, e que estas necessariamente hão de ser salvas, e que o resto da humanidade forçosamente tem de ser condenado”. E afirmou que muitos na Sociedade pensavam do mesmo modo. Mas Wesley retrucou que, nunca havia indagado se era assim ou não: “Somente que não incomodem os outros com discussões a este respeito”. Acourt respondeu: ”Não, mas eu hei de discuti-lo”. Wesley então lhe inquiriu: ”Por que desejais entrar em nosso meio, sabendo que somos de outro parecer?” Acourt respondeu: “Porque estais todos errados e quero vos endireitar”. “Receio, disse Wesley, que a vossa vinda com esta idéia (da tal discussão) não aproveitaria nem a vós nem a nós”. Então, retrucou Acourt: “Vou contar a todo o mundo que vós e vosso irmão Carlos sois falsos profetas”.
.
Whitefield por sua vez, continuou a exortar a Wesley a manter um silêncio em seus discursos públicos sobre o assunto em que discordavam, e que o próprio Whitefield não observava. “Por amor de Cristo” escreveu ele, “se for possível nunca faleis contra a eleição em vossos sermões. Ninguém pode dizer que a tenho mencionado em qualquer discurso público, quaisquer que sejam os meus sentimentos particulares”.
.
Entretanto, ao mesmo tempo, Whitefield registra no seu Diário a sua resolução, “daqui em diante, falar mais ousada e explicitamente sobre estes assuntos, como devo falar”. É claro que a sua memória lhe traiu quando escreveu Wesley!
.
Neste meio tempo a compulsão de eventos se tornou demasiado forte para ambos. Certo correspondente acusou a João Wesley de “não pregar o Evangelho”. Pois o Evangelho, segundo este teólogo especial, “nada mais que a doutrina (calvinista) da eleição”. A carta conseguiu perturbar o espírito de Wesley, calmo que era, e, como era seu costume em causas difíceis, consultou a Deus pela sorte. Esta deu como recado: ”Pregai e imprimi”. Portanto, em 1739, pregou e imprimiu o seu sermão imortal sobre a ”Livre Graça”, o terceiro discurso (sermão) de todos que publicou.
.
Este sermão, entre outras cousas, é a revelação das qualidades reais que João Wesley possuía como pregador. Diante dele, os outros sermões impressos que temos de Wesley são como que “ossos secos” da teologia. Ossos secos sobre os quais o espírito do profeta tem deixado de soprar. São os restos petrificados de sermões, faltos de tecidos vivos; não havendo neles latejo algum de paixão, nem sopro de vida. Mas neste sermão temos João Wesley como Pregador vivo; as suas sentenças ardem com fogo; e em cujas sílabas se sente a pulsação de energia. A lógica e a retórica em muitos aspectos possuem qualidades opostas e incompatíveis. A Lógica toma emprestado a frieza e clareza cristalina do zelo. A retórica toma do fogo o seu calor e clarão. Mas neste sermão Wesley, de algum modo, dá à sua lógica o ímpeto e o fogo da eloqüência, ou antes, ensina a impetuosidade fogosa de sua retórica a furtar da lógica a sua força compacta e ordenada. Lorde Liverpool, que permanecia impassível sob toda a eloqüência incomparável de Pitt e Fax, Burke e Sheridall, declarou que certos trechos do sermão de Wesley sobre a Livre Graça não são sobrepujados em qualquer discurso quer antigo quer moderno.
.
Eis um exemplo do seu fogo: “EIa (esta doutrina da leição de uns poucos e da reprovação dos demais) representa o Santíssimo Deus como pior do que o Diabo; como mais falso, mais cruel, e mais injusto. Mais falso porque o Diabo, mentiroso que é, ainda nunca disse que deseja que todos os homens sejam salvos. Mais injusto porque o Diabo, ainda que quisesse, não podia ser culpado de tamanha injustiça como esta que atribuis a Deus, quando dizeis que Deus condenou milhões de almas ao fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos, por continuarem em pecado, que por falta da graça que Ele não quer lhes dar; não podem evitar. E mais cruel porque aquele espírito infeliz procura descanso, sem o achar, de modo que a sua própria miséria e inquietação constituem uma espécie de tentação para ele tentar a outros. Mas Deus descansa nas alturas do seu Santuário, e a suposição de que ele, do seu próprio querer, de sua mera vontade e beneplácito, feliz que é, condenaria à miséria interminável as suas criaturas, queiram elas ou não, seria imputar-lhe tamanha crueldade como não podemos imputar ao grande inimigo de Deus e do homem. É representar o Deus Altíssimo – quem tem ouvidos para ouvir, ouça! – como mais cruel mais falso e mais injusto do que o Diabo. Aqui fico em pé. Representais a Deus como pior do que o Diabo.
.
Mas dizeis, “hei de prová-lo pelas Escrituras”. Esperai! Que provareis pelas Escrituras? Que Deus é pior do que o Diabo? Não pode ser. Seja qual for a doutrina desta passagem, nunca pode ensinar isto; qualquer que seja o seu verdadeiro sentido, é certo que não significa isto. Perguntais: “Qual é o seu verdadeiro significado?” Se digo “não sei”, nada tereis ganhado; pois há muitas passagens cujo verdadeiro sentido nem eu nem vós conheceremos até que a morte seja tragada na vitória. Mas isto sei eu, melhor seria dizer que não tem sentido algum, do que dar-lhe esta interpretação. Qualquer que seja o seu sentido, nunca pode significar que o Deus da Verdade é mentiroso. Seja qual for o seu significado, não pode ensinar que o Juiz de toda a terra é injusto.”
.
Nesse tempo, também, Whitefield tinha se tornado mais asperamente admonitório (que admoesta, exorta). Diz ele: “Permiti-me a exortar-vos, com toda a humildade, que não sejais tão rígidos em vos opor à doutrina da eleição e perseverança final, quando, segundo a vossa própria confissão, não tendes em vós o testemunho do Espírito, e conseqüentemente não sois juiz idôneo. Estou certo que Deus tem me outorgado este testemunho vivo na minha alma durante alguns anos já.” (Southey, vol. 1. pág. 228).
.
No fato de Wesley não encher as cartas com argumentos acerca de eleição, Whitefield acha razão de suspeitas. Ele escreve:“Eu desejaria saber plenamente os vossos princípios. Se escrevêsseis com mais freqüência e franqueza, isto faria melhor efeito do que o silêncio e a reserva”.
.
O polemista Whitefield, em falta de argumentos, acha-se tentado a se refugiar em admoestações morais, dirigidas a seu adversário, a respeito da qualidade de seus motivos e conduta: e nesta época Whitefield descobre, que a má teologia de Wesley tem sua raiz na triste deficiência moral do próprio Wesley. Ele escreve a Wesley: “Meu querido irmão, cuidai-vos. Fugi da paz falsa. Lembrai-vos que sois apenas uma criancinha em Cristo, se sois tanto. Sede humilde. Falai pouco. Pensai e orai muito. Se tendes de discutir, espera e até que estejais versado no assunto”.
.
Outra vez se queixa: “Entretanto, não admitis a eleição, porque não podeis admiti-la sem crer na doutrina de reprovação”. E, com indignação, ele pergunta: “Que há, então, de tão horrível na reprovação?”. Southey, que em regra toma o lado de Whitefield contra Wesley, aqui se acha obrigado a responder a pergunta de Whitefield: "A doutrina, diz eIe, significa que o Criador Onipresente e Onipotente tem chamado à existência a maior parte da raça humana afim de fazê-los, depois duma vida curta, pecaminosa e miserável, passarem para uma eternidade de tormentos indizíveis, sendo do agrado do seu Criador que não fossem habilitados a lhe obedecerem os mandamentos, e que ainda incorressem na pena da condenação eterna pela desobediência". (Southey, vol I. pág. 230.)
.
Os acontecimentos agora se desdobravam com ligeireza. Uma tão acentuada discordância em crença não deixaria de registrar-se na forma exterior. Wesley esforçou-se varonilmente, primeiro, para fugir ao debate, e quando isso não fosse possível, de conduzi-lo num espírito generoso. Mas Whitefield, por um momento, pelo menos, deixou-se cair para um plano inferior. Imprimiu e circulou particularmente uma carta amarga contra Wesley, na qual ele ridicularizou o hábito de Wesley em lançar a sorte, para determinar questões difíceis, e deu exemplos de uma espécie mui privada e confidencial. A carta foi impressa por alguns dos aderentes (seguidores) de Whitefield, e uns exemplares foram distribuídos à porta da Foundry. Um exemplar foi entregue a Wesley. Era evidentemente carta particular; Wesley ergue-a, dizendo: “Vou fazer justamente o que creio que Senhor Whitefield faria, se aqui estivesse”, e fê-la em pedaços; e todos os assistentes seguiram-lhe o exemplo!
.
Mas Wesley e Whitefield, certamente, tinham seguidores que eram mais veementes – mais solícitos pela vitória, e menos cuidadosos pela paz – do que eles mesmos. Em Kingswood, João Cennick, um dos primeiros conversos de Wesley, homem em quem Wesley muito confiava, foi empregado como professor. Era Calvinista de tipo talvez mais agressivo do que o próprio Whitefield. O Arminianismo (a crença na salvação pela graça de Deus que é destinada a todas as pessoas indistintamente) dos dois Wesley geraram nele um espírito de franca animosidade e desconfiança. Ele escreveu a Whitefield, então na América, pedindo que se apressasse em voltar à Inglaterra: “Eu me assento”, diz ele, “qual Eli, solícito pela sorte da arca... Quão gloriosamente em outros tempos, o Evangelho parecia florescer em Kingswood! Eu falava do sempiterno (eterno) amor de Cristo com grande poder. Mas agora ao irmão Carlos é permitido a abrir a boca contra a verdade (ou seja, o calvinismo), enquanto as ovelhas assustadas olham em resposta... Com a redenção universal o irmão Carlos agrada ao mundo; o irmão João lhe segue em tudo. Eu creio que não haja ateu que seja capaz de pregar mais contra a predestinação do que eles... Apressai-vos, querido irmão! Estou no meio da peste. Se Deus vos permitir, apressai-vos.”
.
O humor tem um papel salutar na própria teologia, e um vivo senso humorístico teria salvado a Igreja de muitas discussões e não poucas heresias. “Um ateu pregando contra a predestinação” é uma concepção bastante humorística. E quando João Cennick via no “irmão Carlos” nada senão esta aparição, é sinal que perdera momentaneamente todo o sal de humor.A carta de Cennick acabou chegando às mãos de Wesley. Ele possuíra o instinto disciplinar de um verdadeiro líder de homens. Não era questão de liberdade, mas de lealdade. Havia de consentir que o seu próprio ensino fosse atacado por um dos seus professores, e sob o teto de sua própria escola?
.
Carlos Wesley expôs o caso com força irresistível ao próprio Cennick: “Viestes a Kingswood ao convite do meu Irmão. Servistes sob a sua direção como filho no Evangelho. Não vos necessito dizer como ele vos amava. Empregastes a autoridade que ele vos deu para subverter a sua doutrina. Por toda a parte vós a contradissestes a doutrina –se verdadeira ou falsa, não é do caso. Mas antes devíeis ter-lhe dito com lealdade: “Eu prego contrário a vós. Estais prontos, não obstante isto, que eu continue em vossa casa, vos contradizendo? Se não estais, eu não tenho lugar algum nesta região. Tendes direito a este trato aberto. Agora vos aviso plenamente. Devo ficar aqui, fazendo-vos oposição, ou devo sair?” Meu irmão Cennick, tendes tratado com João deste modo honesto e aberto? Não. Mas lhe furtastes o coração do seu povo. E quando alguns trataram com vileza a seu melhor amigo, abaixo de Deus, com que paciência vós os suportastes! Quando nos vindicastes a nós como vos fizemos a vós? Porque não dissestes com clareza, que sois eternamente obrigado a estes homens?” (Southey, Vol. I. pág. 236)
.
Neste tempo Cennick já formara uma Sociedade separada; e Wesley, que sempre acreditava em medidas retas, teve uma Conferência com um grupo dos revoltosos, e perguntou-lhes: “Quem vos disse que nós pregamos uma doutrina falsa?” Cennick respondeu: “Eu disse, e ainda o digo. Entretanto, estamos dispostos a reunirmo-nos convosco; mas também teremos outras reuniões separadas de vós”. Wesley lhe disse: “Devíeis ter-me dito antes, o não me suplantar na minha própria casa... por meio de acusações particulares, separando bons amigos.” Cennick negou que havia feito acusações particulares contra Wesley. Wesley disse aos presentes à reunião: “Julgai-o vós”; e então tirou a carta que Cennick tinha escrito a Whitefield.A reunião então se dissolveu para congregar-se outra vez dali a uma semana. Mas quando se reuniram Wesley não lhes ofereceu argumentos, não era mais tempo para debates – mas autoridade. Ele se levantou e calmamente leu um breve escrito:“Por muitas testemunhas se estabelece que vários membros da Sociedade em Kingswood estão acostumados a mofarem (zombarem) da pregação dos Srs. João e Carlos Wesley; que têm lhes censurado e intrigado na sua ausência, ao mesmo tempo em que lhes professam amor e estima quando presentes; que têm assiduamente procurado intrigar outros membros da Sociedade contra eles, e a fim de fazer isso, têm lhes representado falsamente, até mentindo, por várias ocasiões; por tanto, não por causa de suas opiniões, nem por qualquer uma delas – sejam verdadeiras ou não –, mas pelas causas acima especificadas, a saber; por terem mofado (zombado) da palavra e dos ministros de Deus, por seus mexericos, intrigas e maledicências, por suas dissimulações, mentiras e acusações falsas, eu, João Wesley com o consentimento e aprovação da Sociedade em Kingswood, declaro que as pessoas acima mencionadas não são mais membros dela. Nem serão mais recebidas como tais, a não ser que confessem publicamente as suas faltas, e deste modo façam o que puderem para destruir o escândalo que ocasionaram”. (Southey, vol. 1. pág. 237).Um dos partidários de Cennick disse: “A nossa crença na eleição é a verdadeira causa da vossa separação de nós”. João Wesley respondeu: “Sabeis na vossa consciência que não é assim: há diversos predestinarianos (pessoas que acreditam na doutrina calvinista da predestinação) em nossas sociedades, tanto em Londres como em Bristol, e nunca expulsei de nenhuma delas, a qualquer pessoa por ela ser desta opinião”. “Então, disse o contestante, dissolveremos a nossa sociedade (que Crennick criara em separado), com a condição de receberdes e empregardes ao Sr. Cennick e como antes fizestes". Wesley respondeu: “Meu irmão Cennick me fez uma grande injustiça, mas não diz ‘eu me arrependo’.” Cennick então tomando a palavra disse: “A não ser por deixar de falar em vossa defesa, não vos fiz injustiça alguma”. Wesley replicou: “Parece que só nos resta, a cada um, escolher a Sociedade que lhe aprouver”.
.
Logo depois Whitefield chegou da América. Ele se achava carregado das dificuldades financeiras criadas pelo orfanato que criara na colônia da Geórgia, e também sofria uma perda momentânea da sua popularidade. Estava de espírito amargurado. Disse a Wesley que estavam a pregar “Evangelhos diferentes”; portanto não poderia unir-se com ele; antes havia de pregar contra ele publicamente, se ainda tornasse a pregar. Se em qualquer tempo prometesse não fazê-lo, era “devido à fraqueza humana”, mas agora se achava de uma têmpera mais heróica.
.
A correspondência entre os dois amigos tornou-se áspera e a disputa vagava em regiões tristes – o número de velas usadas em Bristol, a qualidade de mobília no quarto de Wesley. Wesley lhe perguntou: “A isto me invejais? – um sótão no qual se acha uma cama. É esta a voz do meu irmão, do meu filho (na fé) Whitefield?"
.
Whitefield disse a Wesley com áspera acentuação: “Infiéis de toda a espécie estão ao vosso lado no assunto (oposição ao calvinismo); deistas, arianos, Socinianos falam contra a soberania de Deus e estão a favor da redenção universal”. Mas convenhamos, não se precisa de grau algum de erudição para saber que deistas (que acreditam na existência de Deus, mas não há necessidade de um relacionamento pessoal com ele; Deus é impessoal, uma “força” do universo), arianos (que acreditavam em uma heresia condenada em 325 d.C. pelo Concílio de Éfeso na qual Teodoro Ário e seus seguidores afirmavam que Cristo era uma criatura de natureza intermediária entre a divindade e a humanidade, não era Deus, mas subordinado a Deus como a primeira e a mais excelsa de suas criaturas ) e socinianos (que acreditam na doutrina baseada na teologia de Fausto Socino, falecido na Polônia em 1604, que era antitrinitária, rejeitava o batismo e a ceia do Senhor como meios de graça e o pecado original e afirmava que Jesus de Nazaré era apenas um homem) não crêem em redenção alguma; que todos são “necessitarianos" filosóficos. Não, erudição não era a especialidade de Whitefield.
.
Talvez, nenhum dos dois partidos (Wesley e Whitefield) neste grande debate apreciou devidamente os pontos fortes na posição do oponente. Aqui está o fato que constitui a tragédia do universo, e parece impugnar à bondade ou ao poder de Deus: algumas de suas criaturas estão em oposição aberta a suas leis. Amam ao que Ele odeia, e odeiam ao que Ele ama; e estando em guerra com o seu universo, hão de perecer. Portanto, qualquer sistema de teologia tem de fazer alguma explicação deste fato temível e triste.
.
Coleridge nos dá uma resposta bastante vaga: resposta que não oferece explicação alguma da dificuldade, antes lhe foge: “Na questão de eleição em relação do Divino Eleitor, somente temos de contestar a faculdade judicial como incompetente para julgar o caso; e isto prova de uma vez, mostrando a incapacidade do entendimento humano em formular, para si mesmo, a idéia como realmente é, e a conseqüente necessidade, a ele imposta, de substituir a concepção antropomórfica determinada pelo acidente de lugar e tempo (pré, posto, e futuro) como fracas analogias e aproximações. Tendo assim desqualificado, tanto a faculdade que tem de julgar, como as proposições que devem ser julgadas, a conclusão perece per abortem.” (Southey, vol. 1, pág. 227.)
.
É claro que isto não resolve o problema, mas simplesmente anuncia que não tem solução. Realmente Coleridge afirma que a razão humana não tem competência para julgar o caso; não tem ação em terreno tão elevado! Que significa isto, senão proclamar a falência da razão?
.
Num sentido, o Calvinismo de Whitefield teve uma raiz nobre. Em parte, pelo menos, nasceu da humildade. Ele era tão plenamente consciente de desmerecimentos pessoais, que lhe parecia incrível que qualquer ato ou condição sua pudesse constituir elemento algum na sua aceitação por Deus. Mas Whitefield foi atirado para o Calvinismo nú por um pedacinho de lógica, que lhe parecia sem falta. Dizer que Deus queria salvar alguém que visivelmente, não se salvava, significava que Deus sofrera uma derrota moral no seu próprio mundo! Negava-lhe a onipotência. Ele perguntava: “Como poderiam, todos serem resgatados universalmente, sem que todos fossem universalmente salvos?” Whitefield antes preferia dizer que Deus não queria, a dizer que não podia salvar. O próprio Calvino chamou esta doutrina de “tremendum, horrendum, incomprehensibile, et verissirnum...” e era “verissimum” (tremenda, horrenda, cinompereensível, e verdadeira) porque negá-la parecia ser a negação da onipotência de Deus.
.
Wesley, com uma lógica mais nobre recusou salvar a onipotência de Deus à custa de seu caráter moral. Seria melhor lhe negar a onipotência do que a sua bondade! A doutrina de Whitefield só poderia ser verdade sob a teoria de que a justiça e a injustiça não são imutáveis, universais e eternas, percorrendo todas as ordens de seres no universo até o próprio Deus, de cujo caráter são transcrições. Mas seria possível de imaginar que a mentira, se Deus a dissesse, se tornasse, por isso, em verdade santa. Que aquilo que seria cruel e odioso, quando encontrado na conduta humana, se tornasse, apreciável e bom unicamente por ser ato de Deus! Isto seria derrocar toda a moralidade! Como diz Miss Wedgwood: “O ente humano que se aproximaria mais perto do Deus (segundo a concepção) dos Calvinistas seria o pai que determinasse que alguns dentre os seus filhos, fossem arremessados da sua vista logo ao nascerem, para algum antro de iniqüidade, para serem ali criados; e que depois tomasse parte ativa em trazê-los à força (de volta para si). Entretanto, homens que teriam morrido, qualquer número de vezes, para salvar uma só alma do inferno, têm contemplado o decreto, pelo qual a maior parte da raça foi consignada ao inferno, antes de haver mundo. Não meramente com reverente admiração, mas com certo prazer” (Wedgwood, pág. 230.)
.
Mas a teologia de João Wesley “salvou” o caráter de Deus à custa de Sua onipotência? Certamente que não! A chave do problema acha-se na mesma natureza da própria bondade moral. A liberdade moral é condição essencial ao caráter moral. A bondade significa a escolha da obediência quando era possível a desobediência. E quando Deus criou o caráter moral Ele assumiu os riscos tremendos e inevitáveis daquele grande ato. No domínio de caráter a onipotência não tem ofício; e Deus tem nos posto neste reino exaltado. Mas isto não significa a derrota da onipotência de Deus, mas unicamente declara as limitações que Ele impôs a si mesmo.
.
“Thought conscience wiII - to make them alI thime ownHe rent a pilIar from th'eternal throne. Made in His image, thou must nobly dare The thorny crown of sovereignty to wear. Think not too meanly of thy low estate; Thou hast a choice; to choose is to create."
.
Traduzindo:
.
"Pensamento, consciência, vontade - para fazê-los todos teus. Ele arrancou uma coluna do trono eterno. Feito à Sua imagem, deves ousar cingir-te da coroa espinhosa da soberania. Não consideres como demasiado baixo o teu estado humilde: tens escolha; escolher é criar”.
.
A negação desta verdade furta de todos os termos morais o seu significado, e teríamos de reconstruir a língua humana. Se a alma humana é somente uma máquina que tem de obedecer ao impulso para a voluptuosidade ou a pureza, para o amor ou a crueldade que o Criador lhe deu, que utilidade tem a fraseologia de louvor ou de censura? E como acontece que uma máquina conceba um pensamento de bondade que não é dela própria?
.
Não salvamos o caráter moral de Deus pela negação da livre vontade do homem (livre arbítrio). Negando o livre arbítrio somente transferimos a vergonha e culpa do pecado humano ao próprio Deus, pois Deus seria o autor do pecado; pois Deus o planejou-o e o ordenou (se não há livre arbítrio o homem vive como Deus o predetermina viver). Ele determinou a prostituta bem como ao santo; ao traidor bem como ao mártir; a Judas bem como a João, e a Domiciano bem como o apóstolo Paulo. E depois persegue a sua própria criatura com ira por todos os esconderijos do universo, e por todos os séculos da eternidade, por serem eles justamente o que Deus determinara que fossem. Podemos variar os temíveis epítetos de Calvino. Tal doutrina na realidade é “tremendum, horrendum, incomprehensibile, et falsissimum” (tremenda, horrenda, imcompreensível e falsa).
.
É certo que na sociedade humana temos de agir sob a consciência que os homens são responsáveis por seus atos, e que sejam justiçados ou recompensados por eles. É certo, também, que Deus age sob esta afirmativa; e se não fosse assim, então, não somente a sociedade humana, mas todo o universo moral estaria edificado sobre uma mentira. Se a bondade é necessária e involuntária, deixa de ser bondade. E se o pecado é necessário e involuntário, por toda a autoridade da consciência humana, é declarado como não sendo pecado algum. A teoria que nega este fato está em conflito com os juízos mais certos e mais fundos da alma humana.
.
Deus tem erguido na alma humana a faculdade augusta de uma livre vontade moral; vontade que tem o poder de dizer “sim” ou “não”, inclusive de dizer “sim” ou “não” ao próprio Deus. E a chave da glória bem como da tragédia do universo se acha ali.
.
Como já dissemos, a consciência geral da raça humana tem-se alinhado finalmente ao lado de Wesley, contra a interpretação religiosa dos Moravianos (que defendiam uma espiritualidade mística segundo a qual a perfeição moral consiste na anulação da vontade, na indiferença absoluta e na união contemplativa com Deus). E tanto a consciência como a razão da humanidade tem se declarado do lado de Wesley contra a teologia perversa e horrível de Whitefield.
.______
.
** (Esse texto corresponde ao capítulo III, "A Controvérsia com Whitefield", do livro "Wesley e seu século – um estudo de forças espirituais, volume II", respectivamente nas páginas 30 a 43, edição de 1916 publicada pela Typographia de Carlos Echenique, Porto Alegre, RJ).
OBS: Esse livro originalmente não usa parênteses. As notas explicativas dentro de parênteses são de iniciativa dessa edição on line do site da Igreja Metodista de Vila Isabel).
http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=1664
.
Minha foto
Como Jacobus Arminius acredito que: "As Escrituras são a regra de toda a verdade divina, de si, em si, e por si mesmas.[...] Nenhum escrito composto por Homens, seja um, alguns ou muitos indivìduos à exceção das Sagradas Escrituras[...] está isento de um exame a ser instituído pelas Escrituras. É tirania, papismo, controlar a mente dos homens com escritos humanos e impedir que sejam legitimamente examinados, seja qual for o pretexto adotado para a tal conduta tirânica." (Jacobus Arminius) - Contato: lailsoncastanha@yahoo.com.br

Arquivo do blog

Visitas:

Visitantes online:

Seguidores