O conceito de Brunner sobre a eleição não soa armínio-wesleyano?
(apontamento do Bispo Ildo Mello)
Ele diz:
É Seu livre propósito que coloca-nos pecadores, por meio da fé, na realidade do Filho do Seu Amor, como é Seu propósito enviar-nos Seu Filho, revelar-nos a nós e partilhar a Si mesmo conosco (...). Em si mesmo, o Filho significa Eleição. Onde o Filho está há eleição. Mas onde o Filho não está não há eleição. Mas o Filho só está presente onde há fé, por isso no Novo Testamento os eleitos e apenas eles são aqueles que crêem. Por esta causa só a fé é decisão na qual o prêmio é a salvação ou a ruína. Não é uma decisão falsa onde tudo já foi decidido de antemão. As conseqüências podem ser sérias, se a fim de escapar da doutrina da dupla predestinação tomarmos o caminho errado e acabarmos no Universalismo [1].
Alguém de fato lê na Bíblia como um todo, como também em Paulo, muito acerca daqueles a quem Deus rejeita ou rejeitou (por ex. Rm 11.15), mas nunca sobre aqueles aos quais Ele rejeitou desde a eternidade. Alguém encontra que Deus endurece os homens (Rm 9.18),mas nunca que Ele os predestinou desde a eternidade para a dureza do coração. Está escrito na Epístola aos Romanos que Deus tem o direito de fazer com sua criatura o que desejar – e se desejar, pode também fazer vasos de ira (Rm 9.22), mas não diz que Ele predestinou homens desde a eternidade para serem vasos de ira e os tenha criado como tais. Pelo contrário, é precisamente aqueles a quem Paulo descreve no nono capítulo como vasos de ira (9.22) de quem ele diz, no décimo primeiro capítulo que já estão salvos(11.23ss) (...) por um lado, ninguém se aproxima tão intimamente do pensamento de um “duplo decreto da predestinação, um para a salvação e outro para a perdição” como o nono capítulo da Epístola aos Romanos. Por outro lado, ninguém se aproxima mais da doutrina da salvação universal como o final do capítulo onze. (...). Se perguntarmos a razão disso, então estes são justamente os capítulos que nos fornecem uma resposta: apenas o fiel pode saber a respeito da eleição. A fé, porém, embora sendo dom de Deus é requerida de nossa parte. Nós também devemos crer (1 Co 16.13; Cl 2.7; Ef 6.16), A Palavra de Cristo está sendo proclamada em todas as nações, com a exigência da obediência (Rm 15.18). O que mais importa é a decisão da fé (Rm 11.20) [2].
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[1] BRUNNER Emil. Dogmática I, p. 412.
[2] BRUNNER Emil. Romanos, p.257-258.
Fonte: http://escatologiacrista.blogspot.com.br/2012/10/uma-consideracao-sobre-doutrina-da.html
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[2] BRUNNER Emil. Romanos, p.257-258.
Fonte: http://escatologiacrista.blogspot.com.br/2012/10/uma-consideracao-sobre-doutrina-da.html
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Pastor, a teologia arminiana adere a idéia de "duas vontades" em Deus, como Lutero, Calvino e outros reformados?
ResponderExcluirQual o erro da doutrina de duas vontades da teologia calvinista, pois sempre que eu vou discutir com um calvinista ele vem com o papo de "vontade moral" e "vontade decretiva".
Obrigado!
Pastôr, tenho outra dúvida. Tem o homem o conhecimento do bem e do mal?
ResponderExcluirLá no Jardín do Éden Adão e Eva comeram dos frutos da árvore do conhecimento do bem e do mal, onde que diz que o conhecimento do bem está distorcido (alegando a depravação total) e que precisamos de uma graça preveniente ou irresistível? Não tem o homem o conhecimento também para o bem?
Me desculpa se minha pergunta foi burra, mas esta é minha dúvida.
?
ResponderExcluirCompanheiro Anônimo (14 de novembro de 2012 03:17), saúde.
ResponderExcluirNão sou o Pastor, porém, gostaria de contribuir com sua questão.
Segundo Arminius Deus realmente deseja que todos se salvem, porém, como decreto eterno, estabeleceu que só se salvarão aqueles que crerem. Na verdade, não existem duas vontades em Deus para a salvação do homem. Existe uma vontade – que todos se salvem, porém, essa vontade não atropela a sua justiça e o seu decreto, que estabelece que o homem terá a salvação efetivada, somente através da fé em Cristo, por intermédio da sua graça, pois, Deus vê a satisfação de Sua justiça apenas, e tão somente, no sacrifício vicário de Cristo. Com relação às ações de Deus, tudo está em sintonia, em harmonia com seus decretos e sua justiça. Portanto, A vontade de Deus, sempre está sintonizada com seu caráter reto, e é uma só. Em relação a salvação dos homens, Deus deseja que todos se salvem, sempre, e unicamente, através da fé.
O teólogo holandês, Dr. William den Boer, versando sobre o a teologia de Arminius, destacou certo amor duplo (duplex amor Dei "). O amor primário de Deus pela ação da sua justiça, demonstrando ódio ao pecado e o secundário, em sua relação graciosa com a criatura humana. William den Boe afirma:
Arminius identifica o duplo amor de Deus como fundamento da religião em geral, e da religião cristã, em particular. A primeira e mais importante é o amor pela justiça, o segundo e subordinado amor, é para a humanidade. O último é subordinado, porque há uma coisa que o limita: o amor de Deus pela justiça. Em outras palavras, Deus pode amar uma única pessoa, quando sua justiça foi satisfeita com relação a essa pessoa.” Apesar do duplo aspecto do amor de Deus, ele está unido no caráter reto de Deus.
Companheiro Anônimo (6 de dezembro de 2012 - 9 de janeiro de 2013), saúde.
ResponderExcluirSua indagação é pertinente.
As Escrituras afirmam: “Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.”( Rm 3:23) isso significa, que todos estão privados da Glória de Deus, por conta do pecado. Lemos também: “Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer”. (Sl 14.3). Porém, um texto que esclarece a questão da ignorância do homem, em relação ao bem, é 2 Cor. 4:3-6. Leiamos:
"Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a Luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a Luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo".
Portanto, como afirma o texto, o entendimento dos incrédulos foi cegado, para que não lhes resplandeça a Luz do evangelho da glória de Cristo.
As escrituras, para ilustrar a inércia do homem, e seu total distanciamento das coisas espirituais, afirma que todos morreram em seus delitos e pecados. O apostolo Paulo declara: Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. (2 Co 5. 1). Nesse verso ele explica de forma redundante, que a crença em que Cristo morreu por todos, significa, que todos morreram. Portanto, se todos morreram, todos necessitaram da intervenção de Cristo, para que voltem a vida, sem essa intervenção da graça de Deus, o homem permaneceria morto, ou, usando outra expressão, cegos no entendimento.
Prezado, o que você acha sobre o Ocasionalismo cristão?
ResponderExcluirem?
ResponderExcluirCompanheiro anônimo (26 de março e 3 de julho de 2013) me perdoe pela demora em responder-te. Minha demora se deu por conta de outros compromissos, que inviabilizam uma integral atenção ao blog.
ResponderExcluirSobre o ocasionalismo cristão, entendo que seja um sistema incoerente com o cristianismo. Biblicamente, não há possibilidade de defendermos um sistema que coloca Deus como regente de todas as coisas. Podemos admitir que Deus seja a causa primária do movimento, ou que, há muitas coisas que diretamente ele ordena, mas, apesar de o movimento iniciar-se em Deus, e muitas coisas se manifestarem como causa direta de sua ordenação, há variantes que não surgiram como causa imediata de Deus -, por exemplo o pecado, a mentira e a tentação. Há coisas que não vem de Deus e que não são animadas por Deus. O fato de Deus permitir algumas ocorrências, não significa que dele vem à animação efetiva e positiva de todas as causas. As calamidades de Jó servem como um bom exemplo, e as escolhas inescrupulosas do homem, que indicam suas más inclinações, jamais podem ser considerados como animações de Deus, pois, relembrando Tiago:
“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.
Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência”. (Tg 1. 13, 14)