sábado, 27 de novembro de 2010

Relação de alteridade.

Relação de Alteridade.

Em um relacionamento saudável uma das principais buscas é a comunhão entre os relacionistas. Busca-se a comunhão porque existe a distância originária ou a separação originária. A união é a procura do estabelecimento de uma unidade de ideais. Jamais podemos pensar em união eliminando a idéia de separação, ou seja, pensar em união é admitir a realidade da distância originária – o próprio sentido do termo indica a admissão da distância, senão, porque unir-se a alguém? – que por unir alguma coisa? - por que juntar?

Quando falamos em união envolvendo seres racionais jamais podemos admitir uma união sem admissão mútua. Admitir união sem mútuo consentimento é aceitar a redução do ser racional a categoria de objeto, pois apenas as coisas objetivantes são juntadas sem a necessidade de admissão ou de desejo. Quando falamos em união entre seres racionais, uma palavra de forte significação deve vir-nos a tona. Não entendemos efetivamente o significado de união entre seres de razão sem entender o significado de alteridade. Pensar em união, sem admitir a realidade da alteridade é cometer o equivoco de reduzir pessoas a objetos, é confundir uma relação de aproximação mútua com uma colagem artificial coisificante e arbitrária.

Deus é o ser de razão por excelência, como seres humanos, fomos criados a partir de sua razão -, com nossa razão nos assemelhamos a aspectos de sua imagem. Como ser de razão o ser humano ama, expressa sentimentos, cria, e é pessoal, em outras palavras, é uma pessoa que se distingue de outra, que em muito se aproxima, mas que também nutre algumas peculiaridades. Deus é amor em plenitude, em uma palavra, é um ser pleno. Somos distintos de Deus porque Deus é um-Outro, um não-eu. Por outro lado, a aliança proposta por Deus existe porque existe essa alteridade, ou seja, porque existe a concretude do outro, a admissão da existência do outro – não sou Deus e muito menos Deus me é.

Deus criador criou o homem em sua alteridade, como um ser concretamente outro. Sua criação é feliz quando se relaciona com esse criador em amor, quando se apraz em estar junto a Ele, pois estar junto a Deus é estar junto ao Bem Maior, estar afastado de Deus é estar afastado do Bem Maior.

Em sua alteridade Deus e considerando a alteridade do homem Deus não elege o homem a vivência de uma relação de maneira absolutamente predeterminista, nem rejeita uma aproximação nos mesmos moldes; crer em uma aproximação absolutamente determinista é não crer na alteridade de Deus nem na alteridade do homem. Se Deus é outro e o homem também o é, lembrando que são seres de razão, logo qualquer aproximação ou religação, ou também rejeição, como também um completo afastamento só pode acontecer como resposta pessoal a um chamado ou como negação. Determinar qualquer relação sem resposta é determinar uma ligação coisificante e objetivante.

As Escrituras mostram-nos uma maneira diferente de Deus se relacionar com o ser humano, diferente daquelas que alguns círculos dogmáticos protestantes tentam demonstrar. Percebe-se em várias passagens o homem fazendo o que Deus não gostaria que ele fizesse, escolhendo coisas e tomando posições por Deus consideradas reprováveis, porém, apesar da reprovação explicita, mesmo assim, Deus não impede que o homem se distancie de seu desejo, ou, em outras palavras, não siga a sua vontade. O que isso pode significar? Fica claro que Deus não se relaciona com o homem da maneira em que nós nos relacionamos com um objeto. Com um objeto nós manipulamos para cumprir determinadas funções que lhe designamos. Se o objeto não serve, logo o jogamos fora. Os calvinistas gostam de comparar o homem a um objeto e Deus a um objetivador. Deus como aquele que se relaciona com o objeto, como aquele que tem metas traçadas para aquele objeto e o homem simplesmente como o objeto a ser usado e escolhido para a tal meta, e como objeto, usado ou reprovado de maneira indiferente ao seu desejo ou a sua aplicação, para isso, se fixam na alegoria do oleiro e do vaso de barro citada pelo apóstolo Paulo em Romanos 9. Essa apropriação indevida esta ligada a alguns problemas, um deles é porque os que interpretam esse texto como indicando um Deus determinista deixam de observar as fontes escrituristicas que o apóstolo citou. Se observarmos a fonte originária, no diálogo de Deus com Jeremias você pode perceber idéias como arrependimento. Naquela passagem, Deus diz ao profeta se a nação de Israel se arrependesse não seria quebrada, portanto, não se percebe uma a fria e impessoal relação objetivante-objeto . Quanto ao texto de Paulo, a asserção do apóstolo se dá em direção aos homens que, ostentando o título de Judeus não aceitam a sua condição, em direção a eles é que o apóstolo se apropria da alegoria do vaso e do oleiro. Sobre essa questão Jacobus Arminius tem uma excelente expicação, que creio se harmoniza com a forma holística em que as escrituras nos apresentam Deus e sua relação com os homens, vejamos:

Nós devemos agora ver como aquelas coisas que nós atribuímos a Deus naquelas aplicações devem ser compreendidas; a saber, isto “Ele pode fazer da raça humana, fazer vaso para honra e outro a desonra, um homem para receber misericórdia, e outro para ser endurecido pela sua vontade irresistível." A palavra "poder" utilizada aqui, significa não a capacidade, mas o direito e a autoridade. É ejxousi>a não um du>namiv. Por isso, o assunto nesta passagem, não é o poder absoluto pelo qual Ele é capaz de fazer qualquer coisa, mas a razão pela qual é lícito que ele deva fazer qualquer coisa. (1)

Depois Arminius continua:

Deus não fez o homem, que só poderia ser aquilo que ele foi feito, mas, que ele poderia tender a maior perfeição. Também não acho que Deus em Sua própria bondade foi satisfeito, quando ele tinha se comunicado a Si mesmo ao homem, como seu criador, mas glorificou-se a si mesmo, mas, Ele quis comunicar-se ainda mais para o homem, como também "o glorificador do homem;" e que isto poderia ser possível se Ele o dotasse, não só com sua natureza, mas também com dons sobrenaturais. Mas a justiça prescreveu a regra e a medida desta comunicação, a saber, que deveria ser feito só com a condição de que o homem deva viver conforme a imagem divina, na obediência às ordens de Deus, e, desde que se ele pode ser exaltado, ele também pode ser subjugado, — e nada é mais justo de que subjugá-lo, se ele abusar dos dons, que pelo uso direito dos tais ele poderia ser exaltado a mais alta dignidade. (2)

Aqui vemos a alteridade. O homem ou nação feito vaso para desonra, ou honra, recebe misericórdia ou é endurecido, porque Deus levando em consideração os desígnios pessoais desse homem ou os costumes de cada nação levou cada homem ou nação à vivência dos frutos que semeou. Ou seja, deu a cada um segundo as suas obras. No caso da nação Israelita, Deus fez um pacto que pelos israelitas foi quebrado, a quebra desse pacto levou a nação ser desonrada e endurecida. Apesar de escolher uma nação para honra para que essa o honrasse, Deus não impediu que essa nação o desonrasse com os seus atos.

Arminius também nos leva a pensar que a resposta positiva do homem a Deus levaria a si mais honra, e, portanto, o estado de desonra em que vive o homem está relacionado diretamente com a resposta negativa que o próprio homem em sua alteridade direciona a Deus, na liberdade de ser distintamente um outro.

O estado ideal em que o homem se encontra é debaixo da potente mão de Deus e submetido aos seus conselhos, porém, o desejo de Deus é de encontrar pessoas que o adorem em Espírito e em verdade, não por força, mas pelo convencimento de seu Espírito, e por convencimento, não se entende como uma hipnose que leva alguém a crer no que foi imposto, ou usando uma linguagem mais teológica, em uma graça irresistível, e sim uma relação dialogal com o outro mostrando a verdade e necessidade da vivência de suas proposições.

Assim se dá uma relação de alteridade, Deus quando convida o homem a se arrepender, a escolher e a vigiar, leva em consideração a alteridade – a vivência pessoal do outro, por isso convida e não força, por isso chama e não carrega a força; busca através da graça aproximar o outro para si mesmo a fim de que todos sejam um no Pai, em perfeita comunhão, momento em que a alteridade se submergirá na unidade(3) – e, enfim será aniquilada a separação originária.

Lailson Castanha
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(1)Works Of Arminius Vl. 3
(2)Ibid
(3) 1 Coríntios 15.28
Gravura: recorte do afresco de Michelangelo no Teto da Capela Sistina realizado entre os anos 1508 e 1512 no Vaticano.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Doutrina do Livre Arbítrio. Igreja Metodista

Igreja Metodista - Doutrinas

4. Livre Arbítrio

Introdução

Se houve uma doutrina que causou grande discussão e criou barreiras de comunicação entre muitos e grandes pensadores cristãos do passado foi a questão de poder ou não o ser humano determinar o seu próprio destino, exercendo, o que se convencionou chamar em linguagem teológica, o seu livre arbítrio.

Muitos foram os ódios que esta discussão acendeu em virtude, porém, de esforços sinceros tanto de um lado quanto de outro, que buscavam de igual modo manter uma concepção adequada e bíblica a respeito de Deus e de seu amor. Que creram os metodistas a respeito disso?

Textos Bíblicos:

• João 1:14-18: o texto mostra como Jesus, deixando sua glória, fez-se ser humano para revelar o amor de Deus a nós. Ele se esvaziou de seu poder, livremente, sem imposição.

• Romanos 6:1-4: se morremos para o pecado, ele não tem mais domínio sobre nós. Com nova vida em Cristo andamos dirigidos por sua Graça. A vontade de Cristo passa a ser a nossa vontade.

• Efésios 2:8-10 e Tito 3:4-7: Deus nos dá a possibilidade da salvação através de sua Graça: é um dom, um presente que Ele nos oferece. Resta-nos receber esse presente. Nenhum esforço nosso, nem obras, nem sacrifícios, poderiam nos salvar, se Deus nada fizesse.

a - Que Aconteceu ao Ser Humano? Criado para a perfeição, para responder a Deus da maneira mais adequada e imediata, descobre-se o ser humano impotente para poder escolher.
A experiência de Paulo, descrita em Rm 7:15 em diante, não lhe foi única. Através dos tempos a mesma frustração tem levado os homens e as mulheres, judeus ou gregos, cristãos ou pagãos, a sentirem a sua incapacidade de afirmar a sua própria vontade: "não faço o que prefiro e sim o que detesto... O querer o bém está em mim, não porém o efetuá-lo."

A resposta que os hebreus deram a esta situação de decadência foi a criação perfeita do primeiro ser humano, seguida de sua desobediência à vontade de Deus, o que determinou todo um processo de desordem no universo, em contradição entre ele e Deus, entre ele e seu próximo e dentro de si mesmo. Esta dualidade de vontades em choque dentro da personalidade humana, foi caracterizada por Paulo como uma luta que se deve travar entre a carne e o espírito, o princípio decadente e a ansiedade de fazer a vontade de Deus, ambos presentes simultaneamente no ser humano.

O fato é, porém, indiscutível. O ser humano não tem a capacidade real de escolher entre o bem e o mal e de permanecer do lado da virtude. Wesley diz que o ser humano perdeu o seu livre arbítrio natural. Entre os artigos de religião da Igreja da Inglaterra havia um que Wesley incluiu entre os 24 que ele escolheu como padrão doutrinário dos Metodistas, como segue: "A condição do homem, depois da queda de Adão, é tal que ele não pode converter-se e preparar-se pelo seu próprio poder e obras, para a fé e invocação de Deus; portanto não temos forças para fazer obras agradáveis e aceitáveis a Deus sem a sua graça por Cristo, predispondo-nos para que tenhamos boa vontade e operando em nós quando temos essa boa vontade."

b - Até Que Ponto Podemos Escolher? É, porém, perfeitamente verificável pela experiência de cada dia que somos capazes de escolher em nossa vida as coisas que desejamos para nós e, ao mesmo tempo rejeitar as que não nos interessam. O senso de escolha não foi extirpado em nós.

Wesley dizia que não somente o ser humano pode escolher o agir ou deixar de agir, como pode também escolher entre duas formas diferentes de ação. "Negar isto, diz Wesley, seria negar a experiência constante de toda experiência humana. Todos sentem que têm um poder inerente de mover esta ou aquela parte de seu corpo, de movimentá-lo ou não, e de movimentá-lo deste ou daquele modo como for do seu agrado. E posso, conforme escolher (e assim todos os que são nascidos de mulher), abrir ou fechar meus olhos, falar ou calar-se, levantar-me ou sentar-me, estender minha mão ou escondê-la, usar qualquer dos meus membros conforme for do seu agrado bem como todo meu corpo".

Wesley também dizia que o ser humano era livre para escolher nas coisas de natureza indiferente. Nas coisas, porém, que envolviam questões morais sua tendência era sempre a de escolher para o mal. Dizia mesmo que a vontade do ser humano é, por natureza, livre apenas para o mal.

Entretanto, embora tivesse perdido todo o seu livre arbítrio natural em virtude da degeneração da raça pelo pecado, o ser humano, pela misericórdia de Deus, teve em si restaurada, até certo ponto, a capacidade de escolha. É o que poderíamos chamar de LIVRE ARBÍTRIO PELA GRAÇA. A Graça preventiva de Deus, na linguagem de Wesley, atuando sobre o coração do ser humano, recupera-lhe a possibilidade de responder positiva ou negativamente, aos apelos que o próprio Deus lhe faz.

A Graça dá assim ao ser humano a possibilidade de aceitar ou rejeitar esta mesma graça. A decisão, finalmente, é sua. É isto o que diz o Artigo de Religião, que afirma que a Graça de Deus em Cristo é que nos predispõe para que tenhamos a boa vontade de aceitar esta mesma graça. Quando, então, demonstramos esta boa vontade, a graça passa a operar em nós dando-nos então a possibilidade de praticar as boas obras que de outra forma nos seriam impossíveis.

c - Calvinismo e Arminianismo: João Calvino e Tiago Armínio são dois nomes que podem ser postos de pólos opostos, quando consideramos a questão da decisão humana na aceitação ou rejeição da graça de Deus.

Calvino, na Suíça, estabeleceu as linhas tradicionais da teologia reformada, rejeitando o catolicismo romano e demonstrando com argumentos bíblicos irrespondíveis que nehum ser humano tem méritos de si mesmo para alcançar a salvação, que é concedida ao ser humano por Deus em virtude de sua graça gratuita e imerecida, que promove a fé no coração.

Calvino procurou colocar Deus no seu devido lugar, como o Soberano e Supremo Criador de todas as coisas, que dirige e governa o mundo e os homens e mulheres. No desenvolvimento de sua teologia, entretanto, não encontrando explicação para o fato de que muitos seres humanos não aceitam o evangelho e fundamentando-se em certas passagens da Escritura, Calvino chegou à conclusão de que Deus predestinou alguns seres humanos para a salvação, operando em suas almas, por sua graça irresistível e levando-os à fé. A princípio Calvino nada afirmou a respeito dos demais, dos que não creram em Cristo. Posteriormente, porém, o desenvolvimento lógico de sua posição teológica o levou a admitir que Deus havia também predestinado a estes para a perdição.

Tiago Armínio, que nasceu na Holanda quatro anos antes da morte de Calvino, tornou-se pastor reformado em seu país e seguidor de perto das idéias calvinistas. Quando lhe pediram entretanto, que elaborasse uma tese para defender o calvinismo, especialmente no que diz respeito à predestinação, Armínio parou para pensar e concluiu que esta doutrina era incompatível com o testemunho total da Escritura. Ele concluiu que a exaltação do Criador exigia a liberdade do ser humano. "De suas mãos saíram um ser racional, feito espiritualmente à sua semelhança e não um autômato. Dotara-o com a capacidade de escolha e opção; fê-lo responsável pela consequência da escolha; deu-lhe disposições para conhecer a Deus e gozar a vida eterna... Admitida a predestinação absoluta, o livre arbítrio torna-se impossível, porque a vontade já se acha determinada em seu exercício. qualquer ordem dada a qualquer ser humano, nestas condições, é contra senso.

Confrontado com as duas posições, João Wesley não teve dúvidas: abraçou o arminianismo neste ponto, chegando mesmo a dar à publicação que fazia periodicamente para os metodistas o nome de A Revista Arminiana. "Sem a liberdade, diz Wesley, não pode haver mal nem bem, moralmente falando, virtude ou vício. A virtude não existe, a não ser quando um ser inteligente conhece, ama e escolhe o que é bom; nem existe o vício, a não ser onde um ser conhece, ama e escolhe o mal".

Qualquer doutrina que nega o livre arbítrio concedido pela graça de Deus já em operação no coração humano, destrói a possibilidade da compreensão humana e faz do homem e da mulher nada mais do que uma simples máquina, mera sombra daquilo que ele e ela na realidade são, trasformando-os em brinquedo de marionetes nas mãos de um tirano. E não é assim que Deus se relaciona conosco.
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Metodismo: Doutrinas - 4. Doutrina do Livre Arbítrio
Fonte:
http://remne.metodista.org.br/conteudo.xhtml?c=9727


domingo, 24 de outubro de 2010

VIII. A divindade do Filho de Deus

VIII. A divindade do Filho de Deus

Jacobus Arminius

No que diz respeito à divindade do Filho de Deus e da autoqeov ambas palavra as quais têm sido discutidas em nossa Universidade, na forma regular de disputas escolásticas, não posso entender suficientemente por qual motivo se criou um desejo em algumas pessoas tornar-me suspeito à outros homens, ou fazer-me um objeto de suspeita a si mesmos. Ainda é mais admirável, uma vez que esta suspeita não tem o menor fundamento de probabilidade sobre a qual descanse, e está a uma distância tão imensa de toda razão e verdade, que, independentemente dos relatórios que foram espalhados a respeito deste caso, em prejuízo ao meu caráter, podem ser chamados de nada mais do que " notórias calúnias." Em um debate realizado em uma tarde na Universidade, quando a tese de que havia sido proposta para a disputa, a divindade do Filho de Deus, a um dos alunos aconteceu objetar ", que o Filho de Deus foi autotheos, e que, portanto, tinha sua essência de si mesmo e não do Pai ". Em resposta a isto observei, "que a palavra autotheos era capaz de duas acepções diferentes, uma vez que pode significar tanto "aquele que é verdadeiramente Deus ", ou "aquele que é Deus em si mesmo" e que foi com grande propriedade e correção atribuída ao Filho de Deus, segundo a significação primeira, mas não de acordo com a última. O aluno, em prosseguimento

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ao seu argumento, alegou violentamente, que a palavra foi justamente aplicável ao Filho de Deus, principalmente de acordo com a segunda destas significações, e que não pode ser dito que a essência do Pai não poderia ser comunicada ao Filho e ao Espírito Santo, em qualquer outro do que em um sentido impróprio; mas que estava em perfeita exatidão e correção rigorosa comum tanto para o Pai, o Filho e o Espírito Santo, acrescentou que afirmou isso com a maior confiança porque tinha Trelcatius, jovens de saudosa memória, [ainda em vida]como uma autoridade a seu favor quanto a este ponto, já que aquele Professor erudito tinha escrito no mesmo sentido em seu lugares comuns . A essas observações eu respondi, "que este parecer estava em desacordo com a Palavra de Deus e com a totalidade da Igreja antiga, ambas, grega e latina, que sempre ensinou que o Filho tinha Sua Divindade do Pai por geração eterna." Para essas observações eu acrescentei", que um parecer como este, necessariamente acompanha dois erros opostos, Tri-teísmo e Sabelianismo, isto é:

1. Ele pode advir como uma consequência necessária dessas premissas: que há três Deuses, que têm em conjunto e colateralmente a essência Divina, independentemente desta circunstância — que um deles (sendo apenas pessoalmente distinguido do resto) tem aquela essência de outras pessoas. No entanto, o processo da origem de uma pessoa - de outra, (isto é, o Filho do Pai), é o único fundamento que já usado para defender a unidade da essência divina na Trindade de pessoas.

2. Seguiria do mesmo modo como outra consequência, que o Filho seria o Pai, porque ele se diferenciaria do Pai apenas com respeito ao nome, qual foi a opinião de Sabellius. Pois, uma vez que é peculiar ao Pai derivar sua divindade de si mesmo, ou (para falar mais corretamente), derivá-la de ninguém, se, no tocante a ser "Deus de si mesmo," o Filho ser chamado autotheos, resulta que ele é o Pai. Alguma conta desta disputa, dispersou-se no exterior em todas as direções, e chegou a Amesterdão. Um ministro daquela cidade, que agora descansa no Senhor, tendo-me interrogado a respeito do verdadeiro estado deste assunto, relatei a ele tudo claramente, como agora tenho feito e solicitei-o fazer Trelcatius, de abençoada memória, informado, como de fato

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ocorreu, e para recomendá-lo de maneira amigável à alterar sua opinião, e para corrigir as palavras inapropriadas em seus lugares comuns: este pedido o ministro de Amsterdão ocupou-se à cumprir de seu próprio modo. Em todo esse processo eu estou longe de ser passível de qualquer culpa, pois tenho defendido a verdade e os sentimentos da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa. Trelcatius, sem dúvida, era a pessoa mais aberta à censura, porque ele adotou uma forma de discurso que diminuiu um pouco a verdade sobre a matéria. Mas essa tem sido sempre, quer por infelicidade minha ou o zelo de certos indivíduos que, tão logo surja qualquer divergência, a culpa é imediatamente lançada sobre mim, como se fosse impossível para mim expor com muita veracidade [ou ortodoxia] como qualquer outra pessoa. Ainda sobre este assunto eu tenho o próprio Gomarus consentindo comigo, porque, logo após Trelcatius haver publicado seus lugares comuns, um debate sobre a Trindade tendo sido proposto na Universidade, Gomarus fez em três partes várias de suas teses se expressar em termos tais como eram diametralmente opostos àqueles de Trelcatius. A tão óbvia a diferença na opinião entre aqueles dois Professores eu apontei ao ministro de Amsterdão, que reconheceu a sua existência. No entanto, apesar de todas estas coisas, ninguém procurou restituir-me desta calúnia, enquanto grande esforço foi empregado para moldar desculpas para Trelcatius, por meio de uma interpretação qualificada das suas palavras, porém, foi completamente impossível conciliar as suas explicações paliativas com o significação normal de suas expressões não pervertidas. Tais são os efeitos que a parcialidade do favor e do fervor de zelo podem produzir!

A leve e qualificada interpretação posta sobre as palavras de Trelcatius, foi a seguinte: “o filho de Deus pode ser denominado autotheos, ou pode ser dito ter sua deidade de si mesmo, em referência a seu ser Deus, embora ele tenha sua deidade do pai, em referência ao seu ser o Filho”. Para uma maior compreensão, é dito, "Deus, ou a Essência Divina, podem ser considerados tanto absolutamente como relativamente. Quando considerado absolutamente, o Filho tem a sua essência Divina de si mesmo; mas, quando examinado relativamente, deriva-se do Pai." Mas estas são modalidades novas do discurso e de opiniões, e tal qual não podem compor-se de modo nenhum em conjunto. Para o Filho, tanto com respeito ao que é o Filho, como ao que é Deus, deriva sua Deidade do Pai. Quando o chamam Deus, então só não é expresso que ele é do Pai; derivação que é particularmente notável quando a palavra Filho

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é empregada. Na verdade, a essência de Deus em nenhum modo pode vir a nossa consideração a não ser que seja dito: "que a essência divina é comunicada ao Filho pelo Pai". Também não pode, possivelmente, em quaisquer aspectos que se pretenda dizer, que essa essência é tanto o "que lhe é comunicada" e "não comunicada," porque essas expressões são contraditórias, e, em nenhum aspecto diverso pode se reconciliar com a outra. Se o Filho tem a Essência Divina de si mesmo em referência a seu ser absolutamente considerado, não pode ser comunicada a ele. Se for comunicada a ele em referência a seu ser considerado relativamente, ele não pode tê-lo de si mesmo em referência a seu ser absolutamente considerado.

Provavelmente me indagarão: "você não reconhece, que, ser o Filho de Deus, e ser Deus, são duas coisas completamente distintas umas das outras", eu respondo, idubitavelmente subscrevo tal distinção. Mas, quanto aqueles que a fazem avançar ainda mais, e dizer, "uma vez que é o Filho de Deus significa que ele deriva sua essência do Pai, ser Deus da mesma maneira não significa nada menos do que ele ter a sua essência de si mesmo ou de ninguém: "Eu nego esta afirmação, e declaro, ao mesmo tempo, que é um grande e manifesto erro , não só na sagrada teologia, mas também na filosofia natural. Pois, essas duas coisas, ser o Filho e ser Deus, estão em perfeita concordância entre si, mas derivar a sua essência do Pai, e, ao mesmo tempo, derivá-la de ninguém, é, evidentemente, contraditório, e mutuamente destrutiva uma do outra.

Mas, para tornar esta falácia ainda mais evidente, devem ser observadas, como igual em força e importância certas proposições ternárias e paralelas, quando posta na seguinte justaposição:

Deus é eterno, possessão da Essência Divina, desde a eternidade. O Pai não é de ninguém, tendo a essência divina de ninguém. O Filho é do Pai, tendo a Essência Divina do Pai. A palavra "Deus", portanto, significa que Ele tem a exata essência divina, mas a palavra "Filho" significa que ele tem a Essência Divina do Pai. Por conta disso, é corretamente denominado Deus e Filho de Deus. Mas desde que ele não possa ser denominado o Pai, dEle não pode se dizer que a Essência Divina é de si mesmo ou de ninguém. No entanto, muito trabalho é dedicado ao propósito de desculpar estas expressões, dizendo:

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“Que quando se diz que o Filho de Deus em referência ao seu ser Deus tenha a sua essência dessa forma de expressão, não significa nada mais de que a essência divina não é derivada de ninguém." Mas se isto for pensado para ser o modo mais adequado de ação que deverá ser aprovada, não haverá nenhum sentimento depravado ou errôneo que pode ser proferido que não poderá encontrar assim uma desculpa pronta. Já que, embora o Deus e a Essência divina não se diferenciem substancialmente, ainda independentemente do que pode ser declarado da Essência Divina não pode ser de modo nenhum igualmente declarado de Deus; porque eles são distinguidos um do outro no nosso modo de enquadrar conceitos, de acordo com o modo em que todas as formas de expressões deveriam ser examinadas, uma vez que são empregadas apenas como um esquema que por meio dele deveríamos receber impressões corretas. Isto é muito óbvio dos exemplos seguintes, nos quais falamos com perfeita exatidão quando dizemos, "Deum mortuum esse", e "a Essência do Deus é comunicada;" mas muito incorretamente quando dizemos, "Deus é comunicado." Aquele homem que entende a diferença que existe entre o concreto e abstrato, sobre o qual houve tais frequentes discussões entre nós e o luteranos, perceberão facilmente que um número de absurdidades seguirão, se as explicações desta descrição forem toleradas uma vez na Igreja do Deus. Por isso, de modo nenhum, independentemente do que pode esta frase, "o Filho do Deus é autotheos," ["Deus de si mesmo," ou "em seu próprio direito/juízo"] ser desculpada como um correto, ou como felizmente expressa. Que nem pode ser chamado de forma apropriada de discurso o que diz, "a Essência de Deus é comum a três pessoas;", mas é imprópria, desde que se declare que a Essência Divina seja comunicada por um deles aos outros. Gostaria que fossem especialmente consideradas as observações que faço agora, porque podem parecer delas quanto somos capazes em tolerar um homem em quem não suspeitamos de heresia; e, ao contrário, com que avidez nos valemos de qualquer circunstância trivial pela qual podemos incriminar outro homem a quem mantemos sob a interdição da suspeita. De tal parcialidade, esta ocorrência permite dois exemplos evidentes.

Tradução: Lailson Castanha
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Jacobus Arminius - As Obras de James Arminius Vol.1 http://wesley.nnu.edu/arminianism/the-works-of-james-arminius/a-declaration-of-the-sentiments-of-arminius/

Gravura: Trinidade de Guyart des Moulins (nascido na França em junho de 1251)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Graça irresistível ou preveniente?

Graça irresistível ou preveniente?

Bispo Ildo Mello*

Li um interessante texto do Dr. Adrian Rogers a respeito do embate histórico entre arminianos e calvinistas. Ele começa afirmando que um cego precisa mais do que de luz para ser capaz de enxergar. E, que, quando jovem, costumava pensar que o seu papel como pregador era apenas o de ensinar o caminho da salvação para as pessoas. Mas logo percebeu que para uma pessoa cega a quantidade de luz é indiferente. Portanto, assim como é preciso mais do que luz para que um cego possa ver, assim também é necessário mais do que a pregação para que as pessoas possam ser salvas, pois somente o Espírito Santo pode convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. Por esta razão a igreja deve orar sem cessar em favor da conversão de almas, sabedora da dependência que temos da unção do Senhor para abrir os olhos dos cegos para a realidade do Evangelho de Cristo.

Ele arremata dizendo que o homem caído é cego espiritualmente e, portanto, carece de visão. Como ouvimos que não há quem busque a Deus, aprendemos das Escrituras que Deus toma a iniciativa de procurar o homem, que é exatamente os Evangelhos mostram Jesus fazendo quando o descreve buscando (Lucas 19:10),chamando (João12:32) e batendo a porta do coração do perdido (Apocalipse 3:20). Sendo assim, é o Espírito Santo quem convence o homem (João 16:8), dando pontadas no coração (At 26:14), compulgindo o coração (Atos 2:37), e promovendo a abertura do coração para que este possa ser capaz de responder positivamente ao Evangelho (Atos 16:14).

Esta é a iluminação da Graça Preveniente, que não deve ser confundida com a regeneração. Porque a Iluminação lida com o velho coração, enquanto a regeneração tem a ver com o novo coração. Em João 1:9 lemos que Jesus é verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina a todo homem. Paulo afirma que o Evangelho é a Luz através da qual o Espírito Santo abre os olhos dos homens (Romanos 10:17). Um homem é iluminado a fim de receber o Evangelho. Um homem é regenerado depois de ter sido selado em Cristo (Efésios 1:13). A regeneração se dá através do lavar renovador do Espírito Santo (Tito 3:5), momento em que nos tornamos "novas criaturas" em Cristo (2 Coríntios 5:17), nascidas de novo, com um "coração novo" e um "espírito novo" (Ezequiel 36:26). O calvinismo, ao contrário, ignora o claro ensino de Efésios 1:13, para ensinar erroneamente que os homens são previamente escolhidos por Deus para a salvação, de modo que o chamado e a graça sejam irresistíveis para o grupo dos predestinados. Assim, fica manifesta a clara diferença entre a graça preveniente do arminianismo e graça irresistível do calvinismo.

Questões:

O calvinismo ensina que antes de crer e ser salvo é preciso ser previamente escolhido e estar preliminarmente posicionado em Cristo. Seria, então, possível estar em Cristo antes de ser salvo? Bem, para o arminiano, a ordem dos eventos está claramente apresentada em Ef 1:13, que ensina que primeiro é preciso ouvir o Evangelho, que é uma condição para se poder crer, que, por sua vez, é uma condição para receber o selo regenerador do Espírito. A fé vem através de ouvir a Palavra do Evangelho (Rm 10:17). Assim, o arminiano quer saber como o calvinista pode ensinar ser possível alguém estar em Cristo antes mesmo de crer e ser selado pelo Espírito?

Rm 8.1 diz que não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus e sabemos também que os que não crêem estão debaixo da condenação (Jo 3.18). Sendo assim, seria contraditório afirmar que um incrédulo estaria em Cristo antes mesmo de sua conversão.

Se a graça fosse irresistível, como Saulo de Tarso teria sido capaz de recalcitrar contra os aguilhões? (Veja Atos 26:14). E se a graça fosse irresistível, como poderia ser possível a queda e a perdição de que cristãos verdadeiros que tiveram os seus olhos iluminados para verem e experimentarem o dom celestial de modo a terem se tornado participantes do Espírito Santo, e de terem também provado a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro (Hb 6.4-6)?

Santidade e perseverança são necessárias para evitar a remoção do candelabro (Ap 2.5), para garantir o acesso ao fruto da árvore da vida (Ap 2.7), receber a coroa (Ap 2.10), escapar da segunda morte (Ap 2.11) do juízo da espada (Ap 2.16), do risco de ser vomitado (Ap 3.16) e de ter seu nome riscado (Ap 3.5). E o que dizer também de textos como Hb 6.4-8; 10.26-31; 12.14-15; 1 Co 9:27; 2 Pe 1; 3.17-18 e Jo 15.6?

"Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam. Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém" (2 Pe 3.17 e 18).

No amor do Senhor,
Bispo Ildo Mello


*Bispo José Ildo Swartele de Mello
Casado com Ana Cristina, pai de três filhos: Samuel, Daniel e Rafael, é também Professor de Teologia, Escatologia e Evangelização na Faculdade Metodista Livre. Formado em Bacharel pela Faculdade Metodista Livre, cursou Mestrado em Teologia na Faculdade Teológica Batista de São Paulo e fez Doutorado em Ministério na Faculdade Teológica Sul Americana. Pastor desde 1986 (Cidade Ademar 86-88; Vila Guiomar 89; Vila Bonilha 90-97, Aeroporto 98-2004), serve atualmente como Pastor da Imel de Mirandópolis, como Bispo da Igreja Metodista Livre do Brasil e como presidente do Concílio Mundial de Bispos.

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Fontes:
http://www.metodistalivre.org.br/

http://imeldemirandopolis.blogspot.com/

http://www.escatologiacrista.blogspot.com/

Foto: Rev. José Ildo Swartele de Mello na cerimônia de consagração e instalação a primeiro Bispo Nacional da Igreja Metodista Livre em 2003.


sábado, 4 de setembro de 2010

E Deus com isso?

E Deus com isso?

Josué Oliveira Gomes*

Acho que não há dúvida que “tudo” é permitido por Deus. É fácil conferirmos isso através das notícias sobre a violência urbana, e sobre as mais diversas catástrofes naturais. De fato, não vemos nenhum movimento sobrenatural de Deus impedindo de forma concreta esse ou aquele fato. Sequestros, estupros, terror, morte covarde de crianças, jovens e adultos já nos sobejam nos noticiários.

Outra coisa que podemos afirmar que nem todo mal é mal em si. Sabemos que a tsunami foi um horror (mal) porque no seu trajeto muitos foram vítimas humanas. Uma enchente de um rio que levou centenas de casas e fez muitas vítimas assim ocorreu, não porque a enchente em si é um mal, mas por causa dos vitimados. Da mesma forma os tremores de terra acontecem, não por causa do homem, mas por causa das placas tectônicas. Isso nada tem a ver com o que é bom ou mal, a não ser quando sofremos.

E Deus com isso? Há algumas nuances observáveis nessa argumentação. Deus não deve ser responsável pela catástrofe como mal lançado contra os humanos maus, pois seria injustiça contra os “bons” que sofrerão de graça. Não creio que Deus mate a granel.

A presença do mal como sofrimento pode também ser vista como liberdade humana, logo amor de Deus. Deus “permite” tudo porque nos deixa livres para viver nossas escolhas. Há aqueles que escolhem a facilidade de moradia perto de vulcões pela beleza do lugar, aqueles que foram morar (escolha ou falta dela?) perto do açude ou rio para servir ao patrão entre o curral e a casa grande, aqueles que por um motivo ou outro moram em lugares com frequência de catástrofes, e ainda aqueles que em nome da fé derrubam aviões. E Deus permite? Sim, quem pode afirmar que não? Ele permite e sofre com tudo isso, basta lembrar que ele não agüentou nem ver seu filho sofrendo na cruz (Por que me desamparaste?), – identidade de nossos sofrimentos que, afinal, ele os levou sobre si.

Por outro lado, é claro que não duvido de seu poder, mas duvido que esse poder não seja expresso nas raias do amor. Porque, quem sabe esse todo-poderio não seja apenas mais sofrimento em nome de sua soberana escolha de amar, por isso nos deixar viver nossos dilemas enquanto nos convida a cuidar de nosso planeta?

*Josué Oliveira Gomes.
Pastor na Igreja Betesda em Maceió

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domingo, 8 de agosto de 2010

Philipp Van Limborch

Philipp Van Limborch ou Felipe de Limborch(Amsterdam, 19 junho de 1633 a 30 de abril de 1712) foi um pastor protestante e teólogo holandês remostrante.

Ele era filho de um advogado. Sua educação se deu nas cidades de Utrecht, Leiden e Amsterdã. Em 1652 estudou teologia na Universidade de Utrecht. Ele recebeu em 1657 uma nomeação como pastor na Igreja Remostrante em Gouda. Depois de 1667 ele foi transferido para Amsterdã. Um ano mais tarde,foi professor no Seminário Remostrante. Van Limborch era amigo do filósofo Inglês John Locke.

Sua obra mais importante, Institutiones Theologiae Christianae ad praxin promotionem pietatis et pacis, christianae directae UNICE (Amsterdam 1686) é uma exposição detalhada do sistema teológico de Simon Episcopius e Stephanus Curcellaeus. A quarta edição de 1715 contém a obra Relatio historica de origine et progressu controversiarum in foederato Belgio de praedestinatione. Limborch ainda escreveu:

De veritate religionis Christianae amica coltatio cum erudito Judaeo (Gouda 1687)
Historia Inquisitionis (1692), incluindo uma versão do Liber Sententiarum Inquisitionis Tolosanae (1307-1323)
Commentarius in Acta Apostotorum et in Epistolas ad Romanos et ad Hebraeos (Rotterdam 1711)


Seus trabalhos editoriais incluíram a publicação de vários trabalhos de seus predecessores e a publicação de cartas, obras como: Epistolae ecclesiasticae praestantum ad eruditorum virorum (Amsterdam, 1684), principalmente, as cartes de Jacobus Arminius, Joannes Uytenbogardus, Konrad Vorstius (1569-1622), Gerhard Vossius (1577-1649), Hugo Grotius, Simon Episcopius (seu avô) e Caspar Barlaeus; essas cartas são do valor grande para a história do arminianismo.

Uma tradução para o Inglês da Theologia foi feita por William Jones em 1702 sob o título de A Complete System or Body of Divinity, both Speculative and Practical, founded on Scripture and Reason (Londen 1702). A tradução da Historia Inquisitionis por Samuel Chandler, com uma longa introdução sobre a origem e evolução do processo e suas causas reais ou imaginárias [1].
A obra de Limborch - Liber Sententiarum Inquisitionis Tolosanae ainda é considerado um feito histórico pelo cuidado de sua transcrição de um manuscrito escrito pelo dominicano inquisidor Bernard Gui. Este manuscrito foi considerado perdido durante muito tempo, mas finalmente foi encontrado em Londres (British Library, MS. Adicionar. 4697). Uma nova edição do manuscrito ((Le Livre des sentences de l'inquisiteur Bernard Gui (1308-1323)) foram fornecidas por Annette Pales-Gobillard (2 volumes, Paris, 2003).

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Referências:
Wikipedia - com base no texto da Encyclopædia Britannica Eleventh Edition.
Para consultar:
A compleat system, or body of divinity, both speculative and practical : founded on Scripture and reason (1702)
http://www.archive.org/details/compleatsystemor01limb

THEOLOGIA CHRISTIANA - Latin
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Philippe van Limborch, De veritate Religionis Christianae Amica Collatio cum Erudito Judaeo, Basilea, apud Joh. Rudolph Im-Hoff, 1740, Texto: 692 págs. Indices: 28 págs.
Em destaque, a autobiografia do judeu Uriel da Costa (1585 - 1640), que desiludido com a religião judaica, se suicidou. Sua autobiografia intitulada Exemplar Humanae Vitae, foi transcrita por Philipp Van Limborc em sua obre De veritate Religionis Christianae Amica Collatio cum Erudito Judaeo.http://www.arlindo-correia.com/exemplar_humanae_vitae.html

Gravura: Philipp Van Limborch

terça-feira, 27 de julho de 2010

O caráter de Deus e a predestinação

2 - O caráter de Deus e a predestinação

John Wesley

Apresentam-se então o livre arbítrio de um lado e a condenação do outro. Vejamos qual é o plano mais defensável, se o absurdo do livre arbítrio, como alguém pensa ser, ou se o outro com o absurdo da condenação. Se for do agrado do Pai das luzes abrir os olhos do nosso entendimento, vejamos qual destes contribui mais para a glória de Deus, para a manifestação dos seus glorioso atributos, da sua sabedoria, justiça e misericórdia aos filhos dos homens.
Primeiramente a sua sabedoria. Se o homem for até certo ponto livre, se pela "luz que alumia a todo aquele que vem ao mundo" lhe forem postos diante de si a vida e a morte, o bem e o mal, então quão gloriosamente aparece a multiforme sabedoria de Deus em toda a economia da salvação do homem! Querendo-se que todos os homens sejam salvos, mas não se querendo forçá-los a isso, querendose que todos os homens sejam salvos, mas não como árvores ou pedras, mas como homens, como criaturas inteligentes, dotadas de entendimento para discernir o que é bom e de liberdade para aceitá-lo ou recusá-lo, o esquema de todas as suas dispensações vai bem com este seu ôrothesis seu plano, "o conselho da vontade"! O seu primeiro passo é feito no sentido de iluminar o entendimento pelo conhecimento geral do bem e do mal. O Senhor acrescenta a isto muitas convicções internas as quais não há um homem sobre a terra que não as tenha sentido freqüentemente. Outras vezes Ele, com delicadeza, move a nossa vontade, nos impulsiona a andar na luz. Instilanos no coração bons desejos, embora talvez não saibamos de onde vêm. Ele procede desse modo com todos os filhos dos homens mesmo aqueles que não têm conhecimento da sua palavra escrita. Mas supondo-se que o homem é, até certo ponto, um agente livre, que arranjo de sabedoria é organizado! Como cada parte deste plano convém a este fim! Salvar o homem como homem. Colocarem-se a vidae a morte perante ele e então, sem o forçar, persuadi-lo a escolher a
vida...
Chegamos à sua justiça. Se o homem é capaz de escolher entre o bem e o mal, ele se torna um objeto próprio da justiça de Deus que o absolve ou o condena, que o recompensa ou pune. Mas se ele não é, não se torna objeto daquela. Uma simples máquina não capaz de ser absolvida nem condenada. A justiça não pode punir uma pedra por cair ao chão, nem, no nosso plano, um homem por cair no pecado, ele não pode senti-la mais do que a pedra, se ele está, de antemão, condenado... Será este homem sentenciado a ir para o fogo eterno preparado para o diabo e os seus anjos por não fazer o que ele nunca foi capaz de evitar? "Sim, porque é a soberana vontade de Deus". "Então, ou temos achado um novo Deus ou temos feito um"! Este não é o Deus dos cristãos. Nosso Deus é justo em todos os seus procedimentos; não ceifa onde não semeou. Ele requer apenas, de acordo com o que Ele deu, e onde ele deu pouco, pouco será pedido. A glória da sua justiça está em recompensar a cada um segundo as suas obras. Aqui se mostra aquele glorioso atributo evidentemente manifesto aos homens e aos anjos de que se aceita de cada um segundo o que ele tem e não segundo o que ele não tem. Este é aquele justo decreto que não pode passar quer no tempo quer na eternidade...
Assim Ele gloriosamente distribui o seu amor, supondo-se que esse amor recaia em uma dentre dez de suas criaturas, (não podia eu dizer uma dentre cem?), e não se importe com as restantes, que as noventa e nove condenadas pereçam sem misericórdia ; é suficiente para Ele amar e salvar a única eleita. Mas por que tem misericórdia apenas desta e deixa todas aquelas para a inevitável destruição? "Ele o faz porque o quer" Ah!, que Deus concedesse sabedoria submissa àqueles que assim falam! Pergunto: qual seria o pronunciamento da humanidade a respeito de um homem que procedesse desse modo?
A respeito daquele que, sendo capaz de livrar milhões da morte apenas com um sopro de sua boca, se recusasse a salvar mais do que um dentre cem e dissesse: "Eu não faço porque não o quero"? Como exaltarmos a misericórdia de Deus se lhe atribuímos tal procedimento? Que estranho comentário é aquele da sua própria palavra: "A sua misericórdia é sobre toda a sua obra!"...
A soberania de Deus aparece: 1) Em fixando desde a eternidade aquele decreto sobre os filhos dos homens de que "aquele que crer será salvo" e o "que não crer será condenado". 2) Em todas as circunstâncias gerais da criação, no tempo, lugar, no modo de criar todas as coisas, em nomear o número e as espécies das criaturas visíveis e invisíveis. 3) Em conceder talentos naturais aos homens, estes a estes e aqueles àqueles. 4) Na disposição do tempo, do lugar e das outras circunstâncias exteriores tais como pais e amigos atendendo ao nascimento de cada um. 5) Na dispensação dos vários dons do seu Espírito para a edificação da sua Igreja. 6) Na ordenação de todas as coisas temporais tais como a saúde, a fortuna, os amigos, todas as coisas que carecem de eternidade. Mas é claro que, na disposição do estado eterno dos homens, não somente a soberania, mas a justiça, a misericórdia e a verdade mantêm as rédeas. O governador do céu e da terra, o Eu, Sou, sobretudo o Deus bendito para sempre, com aquelas qualidades, dirige e prepara o caminho diante da sua face.

Obras: "A predestinação calmamente considerada"
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BURTNER, R.W. e CHILES, R.E., compiladores. Coletânea de Teologia de John Wesley. Rio de Janeiro: Instituto Metodista Bennett, 1995. 2ed., 50-54
(X,232-36).

Gravura: Imagem de John Wesley.


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre a obediência aos mandamentos de Deus em geral.

Jacobus Arminius

Disputa 70

SOBRE A OBEDIÊNCIA AOS MANDAMENTOS DE DEUS EM GERAL.

1. Como o submeter da obediência é o dever de um inferior, portanto, para a realização da mesma, a humildade é necessária. Esta, geralmente considerada, é uma qualidade pela qual, qualquer um se torna pronto à submeter-se a outro, para realizar e executar suas ordens, e, neste caso, para submeter-se a Deus.

2. Obediência diz respeito em parte a um ato interno e, em parte a um externo. O desempenho dos dois é necessária para a completa obediência, verdadeira e sincera. Porque Deus é Espírito, e o observador de corações, que exige a obediência de todo o homem, tanto do homem interior como do exterior - a obediência pelas inclinações do coração e dos membros do corpo. O ato externo sem o interno é a hipocrisia, e o interno, sem o externo, é incompleto, a menos que o homem seja impedido da realização do ato externo, sem sua imediata culpa.

3. Com isto, quase coincide a expressão dos teólogos escolásticos" para executar uma ordem, ou de acordo com a substância do ato somente, ou igualmente de acordo com a qualidade necessária e o modo, " em qual sentido, igualmente, Lutero parece ter pronunciado essa expressão - " Advérbios salvação e maldição."

4. A graça e a concordância especial de Deus são necessários para o desempenho de toda a obediência, verdadeira e sincera, até mesmo para o homem interior, das inclinação do coração, e de um modo lícito. Porém permitimos que ela seja feita uma matéria de discussão, se a revelação, e aquela assistência de Deus, que é chamado de "geral", e que é contrário a esta ajuda especial, e distinta dela, seja suficiente para realizar o ato externo do corpo e da substância do ato.

5. Apesar de que a graça especial que se move, excita, estimula e incita a obedecer, fisicamente move o entendimento e a inclinação do homem, de modo que não possa ser de outra maneira do que afetado com a percepção dela, ainda ela não efetua ou alicia o consentimento exceto moralmente, ou seja, pelo modo da persuasão, e pela intervenção da vontade livre do homem, que a vontade livre não só exclui coerção, mas igualmente toda a antecedente necessidade e determinação.

6. Mas, que a especial concorrência ou assistência da graça, que é também chamado de graça "cooperante e de acompanhante" não difere em espécie, nem em eficácia dessa graça excitante, que é chamado de preveniente e operante, mas é a continuação da mesma graça. É denominada "cooperante" ou "concomitante", só por conta da concomitância da vontade humana, que a graça operante e preveniente aliciou da vontade do homem. Esta concomitância não é negada a quem a graça excitante é aplicada, a menos que o homem ofereça resistência à graça excitante.

7. Dessas premissas, podemos concluir que um homem regenerado é capaz de agir melhor do que ele faz, e pode deixar mais o mal do que ele deixa, e, portanto, que nem no sentido em que é recebido por Santo Agostinho nem naquele em que algum do nossos teólogos compreendem, é a graça eficaz necessária para o desempenho de obediência - uma particularidade que é muito harmoniosa com a doutrina de Santo Agostinho.

COROLÁRIO

Coação apenas limita a liberdade de um agente, não a destrói ou a tira fora, e tal circunscrição não é feita, exceto por meio de intervenção ou da inclinação natural, a inclinação natural, portanto, é mais contrária à liberdade do que a coação o é.

Tradução: Lailson Castanha.
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Fonte: ARMINIUS, Jacobus. The Works Of Arminius.Vl.2.
http://wesley.nnu.edu/arminianism/arminius/arminius.htm 

sábado, 17 de julho de 2010

Sobre a causa do pecado universal.

Jacobus Arminius

10. SOBRE A CAUSA DO PECADO UNIVERSAL

1. Embora o pecado não possa ser cometido por ninguém exceto por uma criação racional, e, por isso, deixa de ser um pecado, por esta mesma circunstância, se sua causa for atribuída a Deus; no entanto, parece possível, por quatro argumentos, fixar essa acusação sobre o nossos teólogos. "Segue-se de sua doutrina de que Deus é o autor do pecado".

2. A primeira razão. - Porque eles ensinam que, "sem previsão do pecado, Deus absolutamente decidiu declarar sua glória através da justiça punitiva e da misericórdia, na salvação de alguns homens e na condenação de outros".

Ou, como outros deles afirmam: "Deus resolveu ilustrar a sua própria glória pela demonstração da graça salvadora, a sabedoria, a ira, habilidade e poder mais gratuito, na salvação de alguns homens em particular, e na condenação eterna de outros; que não pôde ser feito, nem foi feito, sem a entrada do pecado no mundo."

3. Segunda razão. - Porque eles ensinam "que, para alcançar aquele fim principal e supremo, Deus ordenou que o homem devesse pecar e se tornar corrompido e, pelo qual, Deus abriu um caminho próprio para a execução do presente decreto."

4. Terceira razão. - Porque eles ensinam que "Deus negou ao homem, ou tenha retirado do homem, antes de pecar, a graça necessária e suficiente para evitar o pecado", que é equivalente a isso - como se Deus tivesse

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imposto uma lei sobre o homem que era simplesmente impossível de ser executada ou observada por sua própria natureza.

5. Quarta razão. - Porque eles atribuem a Deus alguns atos, em parte externo, em parte, mediato, e em parte imediato, que, uma vez sendo estabelecido, o homem não foi capaz de fazer o contrário do que pecar por necessidade de uma consequente e antecedente coisa em si, que inteiramente tira toda a liberdade, contudo, sem essa liberdade um homem não pode ser considerado, ou contado, como sendo culpado do cometimento de pecado.

6. A quinta razão. - Testemunhos da mesma descrição pode ser adicionada em que nossos teólogos afirmam, em palavras expressas que "o reprovado não pode escapar da necessidade de pecar, especialmente porque esse tipo de necessidade é injetada através da nomeação de Deus". (Institutas de Calvino Lib. 2, 23).

Tradução: Lailson Castanha
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Fonte: ARMINIUS, Jacobus. The Works Of Arminius.Vl.2
http://wesley.nnu.edu/arminianism/arminius/arminius.htm#2


quarta-feira, 16 de junho de 2010

SOBRE A PERSEVERANÇA DOS SANTOS

Jacobus Arminius

502 21. SOBRE A PERSEVERANÇA DOS SANTOS

 1. Perguntas. - É possível aos verdadeiros crentes cairem totalmente e finalmente:

2. Alguns deles, na verdade, totalmente e finalmente caem da fé?

3. O parecer que nega "que os verdadeiros crentes e as pessoas regeneradas são capazes de caírem, ou realmente caem da fé, totalmente e finalmente," nunca foi, desde tempos dos apóstolos até os dias de hoje, considerado pela igreja como uma doutrina católica. Nem sempre o que afirma o contrário, teve sua opinião considerada como herética, de fato, aquele que afirma que é possível para os crentes se desvirem da fé, sempre teve mais defensores na igreja de Cristo, do que aquele que nega a possibilidade de sua real ocorrência.

Tradução: Lailson Castanha
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Fonte: ARMINIUS, Jacobus. The Works Of Arminius.
Gravura: Jacobus Arminius

terça-feira, 15 de junho de 2010

SOBRE A PREDESTINAÇÃO PARA A SALVAÇÃO, E SOBRE A CONDENAÇÃO CONSIDERADA NO GRAU MAIS ELEVADO

Jacobus Arminius

5. SOBRE A PREDESTINAÇÃO PARA A SALVAÇÃO, E SOBRE A CONDENAÇÃO CONSIDERADA NO GRAU MAIS ELEVADO

1. O primeiro na ordem dos decretos divinos não é o da predestinação, pelo qual Deus preordenou para fins sobrenaturais, e por que ele resolveu salvar e condenar, declarar sua misericórdia e sua justiça punitiva, e ilustrar a glória da sua graça salvadora, e da sua sabedoria e poder que correspondem a essa graça gratuita.

2. O objeto da predestinação para fins sobrenaturais, para a salvação e morte, para a demonstração da misericórdia e da justiça punitiva, ou da graça salvadora, a sabedoria e o poder mais livre de Deus, não é criaturas racionais indefinidamente conhecidas de antemão , capazes de salvação, de perdição, da criação, da queda, e de reparação ou de serem recuperadas.

3. Também não é o sujeito, algumas criaturas particulares entre aquelas que são considerados deste modo.

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4. A diferença entre os vasos para a honra e os para desonra, isto é, de misericórdia e ira, não tem referência a adorno ou a perfeição do universo ou da casa de Deus.

5. A entrada do pecado no mundo não tem referência à beleza do universo.

6. A criação, no estado reto da justiça original não é um meio para a execução do decreto de predestinação, ou de eleição, ou de reprovação.

7. É horrível para afirmar que "o meio da reprovação é a criação, no estado reto da justiça original"; (Gomarus, em suas teses sobre a Predestinação;) e nesta afirmação são propostas duas volições contrárias de Deus a respeito de uma e mesma coisa.

8. É uma afirmação horrível, que "Deus predestinou qualquer homem, Ele se agradou não somente com a condenação, mas igualmente com às causas da condenação." (Beza, vol. I, fol. 417.)

9. É uma afirmação horrível, que "os homens são predestinados à morte eterna, pela vontade revelada ou a escolha de Deus, sem qualquer demérito da parte deles." (Calvin, Inst. L. I, c. 2, 3).

10. Esta, também, é uma afirmação horrível: "Alguns homens foram criados para a vida eterna, e outros para a morte eterna."

11. Não é uma expressão feliz, que "a preparação para a destruição não é para ser referida a qualquer outra coisa, que o conselho secreto de Deus".

12. A permissão para a queda [de Adão] no pecado, não é o meio de execução do decreto da predestinação, ou da eleição, ou da reprovação.

13. É uma afirmação absurda, que "os deméritos dos réprobos são os meios subordinados de levá-los diante à destinada destruição."

14. É uma afirmação falsa, de que "a causa eficiente e suficiente, e material da predestinação, são deste modo, encontradas naqueles que são reprovados."

15. Os eleitos não são chamados "vasos de misericórdia" na relação de meio e fim, mas porque a graça é única causa movente, através da qual é feito o próprio decreto da predestinação para a salvação.

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16. Nenhuma pequena injúria é infligida a Cristo como mediador, quando ele é chamado de "a causa subordinada da salvação destinada".

17. A predestinação dos anjos e dos homens diferem muito umas das outras, que nenhuma propriedade de Deus pode ser prefixado em ambos, a menos que sejam aceitos numa ambígua acepção.

Obs: Em uma das teses de que Arminius rejeita (14) , o teólogo se apropria de termos aristotélicos como causa eficiente e material, conceitos mais especificamente ligados as causas envolvidas na constituição das coisas. Em sua Metafisica Aristóteles enumera quatro causas, a saber:

Causa material — do que é feito a coisa.
Causa formal — o que determina forma das coisas.
Causa eficiente — o que faz a coisa.
Causa final — a finalidade de quem cria.

Tradução: Lailson Castanha
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Fonte: ARMINIUS, Jacobus. Works of Arminius Vl 2

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Entendimento arminiano-wesleyano de santidade na vida cristã.

Ruthie Córdova

"Entendimento arminiano-wesleyano de santidade na vida cristã "

Reação a um artigo do MRE. Jerald E. Rice

Quando nos referimos à nossa herança teológica Wesleyana-arminiana parece que dessa herança, só conhecemos o aspecto Wesleyano e muito pouco ou quase nada dos aspectos arminianos. A verdade é que Jacobus Arminius contribuiu de maneira valiosa ao pensamento teológico que agora manejamos. Seu papel foi fundamental na história da a Igreja e especialmente na Holanda.

Como teólogo, Jacobus Arminius expôs claramente a intenção de Deus em relação a uma salvação gratuita do homem através de Jesus Cristo e de sua responsabilidade em aceitar ou rejeitar esta graça; frente a uma fortemente propagada e condenada educação da predestinação. Esta declaração levou outras implicações para a compreensão da relação dinâmica entre o homem e Deus, a ação da graça divina no mundo, o crescimento espiritual da pessoa e a resposta humana a essas ações do amor de Deus. Estes foram os fundamentos para o desenvolvimento de doutrinas que fizeram diferença na vida dos crentes e deram um impulso à empresa evangelística de Wesley, um século depois. As correções propostas por James Arminius ao ensino calvinista são as marcas de sua teologia e estas foram apresentadas de forma clara, breve e concisa na proposta de Rice. No entanto, não se discutiu as diferenças entre os conceitos de Arminio de perfeição e santificação com os de Wesley como diz o autor: “Eu acho que Arminius não se refere a santificação.”

Quanto ao ensino da perfeição, ainda que Arminio não tivesse amplamente desenvolvido, discutido ou negado, ele contemplava a idéia de que o crente poderia ser perfeito nesta vida com a ajuda da graça divina e de nenhuma maneira, sem ela. Este assunto da perfeição, tem sido uma preocupação crescente nas mentes dos pensadores ao longo dos anos, mas nem sempre significando a mesma coisa. Conforme o historiador Paul Bassett: "A história da idéia de perfeição cristã e da história da doutrina da inteira santificação não não são as mesmas ... As duas caminham juntas, mas nem sempre estiveram ligadas "(Bassett 1994: 18).

Os seguidores de Arminius, Limborch e Episcopus unindo, mais tarde, outros aspectos de suas ideias, enfatizando que a perfeição é possível pela graça divina, mas com a participação do esforço humano na exclusão de hábito do pecado, corrigindo falhas para resistir à tentação, e a intenção de crescer na vida espiritual cada vez mais. Mas, tanto em Arminius como nos seus sucessores, a graça Deus era a única e vital que ajudava os seres humanos a amar como é requerido, e que isso não algo impossível ou difícil de realizar sobre esta terra, porque Deus exige apenas o que pode ser executado. Não temos nenhum registro de que Arminius discutira ou escrevera sobre a experiência da santificação, como ensinada por John Wesley. Sua contribuição valiosa para nossa tradição teológica está relacionado principalmente à livre graça e aos outros aspectos discutidos, e a sua posição contra o ensino calvinista. A Teologia Arminiana, enriquecida pelas contribuições dos sucessores de James Arminius passou ao longo dos anos e influenciou o pensamento de grupos religiosos, incluindo o Anglicanismo na Inglaterra, através de seus Trinta e Nove Artigos de Fé.

No entanto, independentemente da teologia anglicana, John Wesley bebeu em outras fontes devocionais que contribuíram para o discernimento dos conceitos teológicos que mais tarde seriam desenvolvidos em doutrinas importantes dentro de seu sistema teológico. John Wesley como Armínius afirmava que a salvação é alcançada pela graça divina e pela fé somente, e era para todos, mas a não salvação de todos, envolve liberdade e responsabilidade humana, assim, ele rejeitou a doutrina calvinista da predestinação pessoal. Wesley acreditava também, que havia crescimento em graça na vida do crente, mas havia uma possibilidade da perda da salvação ou de uma queda da graça se houvesse negligência, e que a perfeição cristã era a plenitude do amor de Deus no coração e todo o seu ser, para amá-Lo e fazer a Sua vontade completamente. Além disso, Wesley ensinou sobre a graça preveniente (que é bem explicado em artigo), a natureza da Santíssima Trindade, a natureza da Igreja e dos sacramentos, os aspectos escatológicos e obter a certeza da salvação através do testemunho do Espírito Santo.

Quanto à perfeição cristã, Wesley pareceu concordar com Arminius quando ele disse também que a perfeição só é possível pela graça de Deus (E disse) que é recebido através dos meios de graça. Wesley desenvolveu mais a doutrina explicando como se alcança essa experiência, afirmando que é possível adquiri-la nesta vida, observando a necessidade de se entregar completamente a Deus, explicando o que acontece no crente, localizando em seu sistema soteriológico chamando de maneiras diferentes, definindo-a do ponto de vista relacional, e diferenciando dos outros trabalhos internos de graça, etc. Esta doutrina é conhecida como inteira santificação. Assim, Wesley definiu um tipo de perfil do crente perfeito:

"Aquele que tem a mente de Cristo (1 Coríntios 2:16)
quem anda como Cristo andou (1 João 2:6)
mãos limpas e coração puro (Salmo 24:4)
aquele que é limpo de toda a imundícia da carne e do espírito (2 Coríntios
07:01)
aquele em quem não há ocasião de tropeço, e que, por conseguinte, não comete
pecado
aquele em quem a Palavra de Deus é cumprida (Ezequiel 36:25, 29),
aquele que Deus santificou em todas as coisas (1 Tessalonicenses 5:23)
quem anda na luz (1 João 1:7)
aquele que testemunha ao mundo que Cristo vive nele (Gl 2:20)
aquele que é santo, como Deus que vos chamou, é santo, tanto no coração
como em uma conversão (1 Pedro 1:15)
Quem ama o Senhor teu Deus com todo seu coração e serve-o com todas as
forças
Aquele que ama seu próximo como a si mesmo ... e principalmente a aqueles que
o desprezam e o perseguem
... Aquele que mostra misericórdia, benignidade, humildade, mansidão,
tolerância (Colossenses 3:12)
aquele cuja vida é cheia de fé, paciência, esperança e de obras de amor.
E tudo quanto faz, por palavras ou por obras, faz tudo em nome
no amor e no poder do Senhor Jesus
aquele que faz a vontade de Deus,
aquele que tem um coração ardente de amor de Deus, um coração que
continuamente oferece todo pensamento, palavra e ação como um sacrifício
espiritual e agradável a Deus em Cristo "(Wesley, 1979: 30-31).

A contribuição de John Wesley para a nossa herança teológica é precisamente a sua noção de perfeição cristã e inteira santificação. Um cristão perfeito é aquele que "ama a Deus plenamente com o coração, mente e alma" (Deuteronômio 06:05) Santificado "renovado à imagem de Deus" em verdadeira justiça e santidade da verdade " (Efésios 4:24) (Wesley 1979: 32). Ou seja, o crente perfeito é aqueles que "é chamado para algum tipo de perfeição do espírito, atitude ou motivo, ou mesmo ação nesta vida, que ... depende ... da obra do Espírito Santo ... que é ideal e a semelhança de Cristo ... que se expressa em termos de amor perfeito "(Bassett, 1994: 19). O inteiramente santificado reconhece que em sua vida “há um momento em que verdadeiramente ama a Deus e ao próximo ... marca o início de um relacionamento qualitativamente diferente com Deus e ao próximo ... é perfeccionado... é também um princípio de perfeccionamento em amor ... que depende sempre, e em todas as formas, da graça de Deus em Cristo que é a purificação do pecado, é um aspecto integral do presente tempo e do processo que se segue "(Bassett, 1994: 19-20).

E, claro, tal como discutido no artigo de Rice, Wesley deu a perfeição cristã uma dimensão presente e futura, que é conhecido como o otimismo radical, onde o crente ou a comunidade de todos os crentes perfeitos ou inteiramente santificados, influencie e impacte outras pessoas, em suas estruturas de sociais, nos centros trabalhistas, nos sistemas da vida e tudo o que lhe diz respeito, procurando a transformação e bem-estar comum e ainda mais, contribuindo para os propósitos divinos da restauração de todas as coisas e do mundo.

Tanto Jacobus Arminius como John Wesley, descobriram a verdade bíblica de que a vida perfeita é uma vida de graça. Para que o ser humano se relacione com Deus de graça, tem de se fazer um filho da graça, ser transformada em graça, viver e morrer nessa graça que continua até a eternidade.

Bibliografia

Bangs, Clark. 1978. "Arminianismo", Mana Ministerial, maio e junho.
Ruthie Cordova
Bassett, Paulo e William Greathouse. Explorando a santidade cristã. Kansas City:
Nazarene Publishing House, Volume 2, 1994.
Deal, William S. A Marcha da santidade através do século: Uma Breve História do
Doutrina de Santidade. Kansas City: Imprensa Beacon Hill, 1978.
Wesley, John. Perfeição cristã. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações,
1979.
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Dra. Ruthie Irene Córdova é uma missionária mundial com a Igreja do Nazareno em Costa Rica. Ela é peruana. Sua salvação e serviço são o resultado do trabalho missionário da Igreja do Nazareno, no Peru.
Serve como um professora em tempo integral e pessoa de relações públicas no Seminário Nazareno de las Américas (SENDAS), Seminário Nazareno das Américas, em San Jose, Costa Rica (América Central). Ela ensina a Bíblia, Teologia, Pastoral e cursos de Educação Cristã para estudantes de diferentes países da América Latina em todos os níveis (curso de estudo, BA, MA) de programas de Educação Teológica (residência e descentralizada).
Recebeu o bacharelado em Relações Públicas do Instituto de Relações Públicas em Chiclayo, Peru, bacharelado em Teologia pelo Seminário Nazareno das Américas, em San Jose, Costa Rica, o Mestre em Divindade, Mestre de Educação Religiosa e Doutora em Ministério pelo Seminário Teológico Nazareno em Kansas City. Foi ordenada presbítera no distrito de Kansas City.
Antes da sua nomeação, Ruth serviu como pastora associado na educação, eprimeiramente na Igreja do Nazareno espanhola em Chicago, Illinois, onde é membra. Ela também trabalhou como assistente editorial espanhol para publicações internacionais da Nazareno, sede em Kansas City. Serviu como pastora de crianças no Boulevard Rainbow Igreja do Nazareno em Kansas. Antes da sua atual missão, ela serviu como missionária na educação teológica no Seminário Teológico Nazareno na Guatemala.
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Tradução e adaptação: Lailson Castanha
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domingo, 11 de abril de 2010

Soteriologia: simples interpretação ou interpretação complexa?

Entres os dois maiores ramos teológicos do protestantismo, há uma grande tensão, principalmente, em torno das interpretações soteriológicas. Os calvinistas, vanguardistas da teologia protestante, procurando reafirmar a sua interpretação, re-interpretam alguns trechos bíblicos tirando deles a simplicidade expositiva. Deixam de interpretar o texto de maneira simples passando a interpretá-los de forma complexa, e, como tal, carente de acréscimos argumentativos.
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Crendo na eleição como uma escolha excludente, a saber, uns escolhidos intrinsecamente por Deus para a danação e outros para a salvação, sem nenhuma relação com os seus atos e escolhas, não admitem a simplicidade expositiva e informativa de textos que indicam que a obra propiciatória de Cristo na Cruz teve como finalidade remir os pecados da humanidade, por entenderem que, se Deus intrinsecamente já criou alguns para a danação, não poderia intentar remir os pecados daqueles que já foram feitos para a ignomínia.
O problema é que, em sua simplicidade verbal, já trazendo em seu bojo uma transmissão completa de uma ideia, alguns desses textos bíblicos não admitem rearranjos de conjecturas interpretativas. Para corroborar nossa tese, usaremos como exemplo a seguinte assertiva de João:

E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.(1Jo 2.2).

Quando lemos essa afirmação, percebemos:

1. Que o texto é direcionado para um grupo de pessoas. Isso fica claro no uso do termo simples “nossos”.
2. Que a extensão da informação do texto não se refere apenas ao grupo que recebe a informação. A afirmação “e não somente pelos nossos” evidencia esse fato.
3. Em relação as pessoas que recebem a informação, fica claro que elas são pecadoras. Tanto que João fala ”nossos pecados”, se referindo ao grupo na qual se coloca como membro.
4. Esse grupo de pessoas são alvos de uma ação benévola de alguém (Cristo). “E ele é a propiciação pelos nossos pecados”.
5. Que o texto fala de um outro grupo. Isso fica fica claro no uso do termo composto “todo o mundo”.
6. Em relação a esse grupo, fica claro que também são pecadores. “ não somente pelos nossos [pecados], mas também pelos de todo o mundo.”
7. Esse grupo também é alvo da ação benévola de Cristo. Ele é a propiciação(...)também pelos [pecados]de todo o mundo.

Em relação ao texto joanino, nossa análise se propôs a esclarecer que a informação de João é simples e clara e nela não há nada de velado que necessite, para o seu desvelamento, de uma exegese sintética. Um texto simples pede uma exegese simples.

Usando a mesma proposta argumentativa, vamos a outro texto:

Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis.(1Tm 4.10)

No texto de Paulo direcionado a Timóteo, vemos também a proposta de Cristo em salvar a todos. Na afirmação do apóstolo, percebemos algumas ideias, a saber:

1. Que existe a possibilidade de salvação a todos os homens
2. Que existe relação de condicionalidade para o alcance da salvação: “[Salvador]principalmente dos fiéis”
3.Que o texto distingue algumas pessoas de um todo. Entre todos os homens, os fiéis são destacados.
4. As pessoas destacadas tem uma maior prioridade em relação ao todo.
5. Essa prioridade não elimina a extensão da salvação, pois apesar do reforço, principalmente dos fiéis, continua a afirmação, “salvador de todos os homens”.
6. Que os fiéis estão contidos no grupo de “todos os homens”.
7. Que o destaque “principalmente dos fiéis” que estão contido no grupo dos homens, demostra uma diferenciação entre homens e homens.
8. Que nessa diferenciação está implícita uma certa condição para a eficácia da obra salvadora de Deus.
9. Se a salvação de Deus fosse excludente a priori, Paulo não relacionaria em sua assertiva a expressão "Salvador de todos os homens".
10. Se não existisse condicionalidade nas escolhas de Deus, não existiria o reforço “principalmente” dos fieis, pois, sendo dupla a eleição, a frase correta seria salvador apenas dos escolhidos. Fidelidade seria apenas a consequência de quem Deus desejou que o escolhesse, portanto não seria necessário o acréscimo, “principalmente dos fiéis”.

Portanto, embora os calvinistas insistam em rejeitar a ideia de que a obra redentora de Crista visa beneficiar a totalidade da raça humana, os textos simples, escritos para as pessoas de simples entendimento, não escrito de maneira rebuscada, escritos de maneira direta, sem a necessidade de ser interpretado fora da lógica simples da qual se valem, deixam claro a todos, que o amor de Deus realmente foi direcionado a todo o mundo, embora a salvação só seja definitivamente alcançada por aqueles que crerem no amor de Cristo e se submeterem aos seus preceitos, como diz as Escrituras, também de maneira simples, “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc 16.16)

Sobre as realidades descritas na Bíblia, devemos fazer nossas ponderações, através das informações transmitidas nas próprias Escrituras, direcionadas de forma simples, aos simples, levando-se em consideração a simplicidade de seu anúncio. Sobre elas e com isso em mente devemos refletir. Os comentários bíblicos não podem, de maneira alguma, invalidar, e nem deixar de levar em consideração, o poder que alguns textos tem de transmitir naturalmente suas ideias as pessoas comuns. Existem textos, que por sua clareza e explicitude, não carecem de nenhuma argumentação fora de sua estrutura linguística e comunicativa.

Observemos outro exemplo de simplicidade e objetividade comunicativa.

E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;
Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.
Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.
(...)O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos
Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.
(Jo. 3.14-36).
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Fica-nos claro que, se a transmissão dessa mensagem for contaminada com conchavos hermenêuticos, com a perda de sua simplicidade comunicativa, perderá a sua finalidade, consequentemente fugindo da direção informativa proposta por seu autor.
Temos que ter cuidado em não extrair a qualidade do texto puro, qualidade de alcançar as mentes simples, pois, extraindo sua simplicidade através de argumentações não simples, diferentemente do que propõe a mensagem original, fatalmente nos desviaremos da finalidade do autor original, a saber, transmitir a ideia a qualquer pessoa através do contato direto com a mensagem pura, levando-as a dependência de interpretações complexas, fazendo-as, por conseguinte, fugirem da prática de analisar diretamente o texto sacro.

Lailson Castanha
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