quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre a obediência aos mandamentos de Deus em geral.

Jacobus Arminius

Disputa 70

SOBRE A OBEDIÊNCIA AOS MANDAMENTOS DE DEUS EM GERAL.

1. Como o submeter da obediência é o dever de um inferior, portanto, para a realização da mesma, a humildade é necessária. Esta, geralmente considerada, é uma qualidade pela qual, qualquer um se torna pronto à submeter-se a outro, para realizar e executar suas ordens, e, neste caso, para submeter-se a Deus.

2. Obediência diz respeito em parte a um ato interno e, em parte a um externo. O desempenho dos dois é necessária para a completa obediência, verdadeira e sincera. Porque Deus é Espírito, e o observador de corações, que exige a obediência de todo o homem, tanto do homem interior como do exterior - a obediência pelas inclinações do coração e dos membros do corpo. O ato externo sem o interno é a hipocrisia, e o interno, sem o externo, é incompleto, a menos que o homem seja impedido da realização do ato externo, sem sua imediata culpa.

3. Com isto, quase coincide a expressão dos teólogos escolásticos" para executar uma ordem, ou de acordo com a substância do ato somente, ou igualmente de acordo com a qualidade necessária e o modo, " em qual sentido, igualmente, Lutero parece ter pronunciado essa expressão - " Advérbios salvação e maldição."

4. A graça e a concordância especial de Deus são necessários para o desempenho de toda a obediência, verdadeira e sincera, até mesmo para o homem interior, das inclinação do coração, e de um modo lícito. Porém permitimos que ela seja feita uma matéria de discussão, se a revelação, e aquela assistência de Deus, que é chamado de "geral", e que é contrário a esta ajuda especial, e distinta dela, seja suficiente para realizar o ato externo do corpo e da substância do ato.

5. Apesar de que a graça especial que se move, excita, estimula e incita a obedecer, fisicamente move o entendimento e a inclinação do homem, de modo que não possa ser de outra maneira do que afetado com a percepção dela, ainda ela não efetua ou alicia o consentimento exceto moralmente, ou seja, pelo modo da persuasão, e pela intervenção da vontade livre do homem, que a vontade livre não só exclui coerção, mas igualmente toda a antecedente necessidade e determinação.

6. Mas, que a especial concorrência ou assistência da graça, que é também chamado de graça "cooperante e de acompanhante" não difere em espécie, nem em eficácia dessa graça excitante, que é chamado de preveniente e operante, mas é a continuação da mesma graça. É denominada "cooperante" ou "concomitante", só por conta da concomitância da vontade humana, que a graça operante e preveniente aliciou da vontade do homem. Esta concomitância não é negada a quem a graça excitante é aplicada, a menos que o homem ofereça resistência à graça excitante.

7. Dessas premissas, podemos concluir que um homem regenerado é capaz de agir melhor do que ele faz, e pode deixar mais o mal do que ele deixa, e, portanto, que nem no sentido em que é recebido por Santo Agostinho nem naquele em que algum do nossos teólogos compreendem, é a graça eficaz necessária para o desempenho de obediência - uma particularidade que é muito harmoniosa com a doutrina de Santo Agostinho.

COROLÁRIO

Coação apenas limita a liberdade de um agente, não a destrói ou a tira fora, e tal circunscrição não é feita, exceto por meio de intervenção ou da inclinação natural, a inclinação natural, portanto, é mais contrária à liberdade do que a coação o é.

Tradução: Lailson Castanha.
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Fonte: ARMINIUS, Jacobus. The Works Of Arminius.Vl.2.
http://wesley.nnu.edu/arminianism/arminius/arminius.htm 

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