domingo, 24 de janeiro de 2010

Sobre os decretos de Deus, que dizem respeito à salvação dos homens PECADORES, segundo seu próprio sentido

Jacobus Arminius.
15. SOBRE OS DECRETOS DE DEUS, QUE DIZEM RESPEITO A SALVAÇÃO DE HOMENS PECADORES, SEGUNDO SEU PRÓPRIO SENTIDO.
.1. O primeiro decreto sobre a salvação dos pecadores, como aquele pelo qual Deus resolve nomear seu Filho Jesus Cristo como Salvador, Mediador, Redentor, sumo sacerdote, também aquele que pode expiar os pecados, e, pelo mérito de sua própria obediência pode recuperar os perdidos a salvação, e dispensá-los pela sua eficácia.
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2. O segundo decreto é aquele pelo qual Deus resolve receber em favor aqueles que se arrependem e creem, e, para salvar em Cristo, por causa de Cristo e por Cristo, os que perseveram, mas para deixar debaixo do pecado e da ira aqueles que são impenitentes e incrédulos, e condená-los como estrangeiros de Cristo.
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3. O terceiro decreto é aquele pelo qual Deus resolve para administrar esses meios de arrependimento e fé, são necessárias, suficientes e eficazes. E essa administração é direcionada de acordo com a sabedoria de Deus, por que ele sabe o que é adequado, pelo qual ele sabe aquilo que é adequado, ou seja, se convém a misericórdia ou a severidade; mas também segundo a sua justiça, por qual ele está preparado para acompanhar e executar [os direcionamentos] de sua sabedoria
.4. Destes, segue um QUARTO DECRETO, a respeito da salvação de pessoas específicas, e na condenação de outras. Este descansa ou depende da presciência e previsão de Deus, por que ele sabe quem creria com a ajuda da graça preveniente ou anterior, e perseveraria pelo auxílio da graça posterior ou seguinte, e quem não iria crer e perseverar.
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5. Disto, Deus diz que "sabe quem são seus", e o número daqueles que serão salvos, e daqueles que serão condenados, é certo e fixo, e o quod e o qui, [a substância e as partes de
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.quem ele é composto,] ou, como a expressão das escolas, materialmente e formalmente.
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6. O segundo decreto [descrito no § 2] é a predestinação para a salvação, que é o fundamento do cristianismo, salvação e da certeza da salvação, é também a matéria e a substância da doutrina ensinada pelos apóstolos.
.7. Mas essa predestinação, pela qual Deus teria decretado salvar criaturas e as pessoas em particular para revestir-los com fé, não é o fundamento do cristianismo, da salvação, nem da certeza da salvação.

Tradução: Lailson Castanha

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ARMINIUS, Jacobus. Works of Arminius Vl 2_15. On The Decrees Of God Which Concern The Salvation Of Sinful Men, According To His Own Sense
http://wesley.nnu.edu/arminianism/arminius/v.htm#11. OF THE FALL OF ADAM
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11 comentários:

  1. Olá, meu nome é Frank Brito, e gostaria de deixar minha posição.

    Um dos textos mais usados para argumentar que Deus predestinou aqueles que ele previu de antemão que escolheriam ele está em Romanos:

    “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou”. (Romanos 8.29-30)

    O texto não diz em qualquer lugar que predestinou para a salvação aqueles que ele previu de antemão que escolheria ele. O texto diz que Deus predestinou os que ele dantes conheceu. Quem é conhecido de antemão aqui são as pessoas e não o que as pessoas fazem. Essa distinção é crucial. Há os que Deus conhece e há os que Deus não conhece. Os que ele conheceu de antemão ele predestinou. Os que ele não conheceu de antemão ele não predestinou. Isso não é uma negação da onisciência de Deus. Mas o fato é que “conhecer” aqui não significa “ter informação a respeito de”. Se significasse isso então texto estaria negando a onisciência de Deus, pois ao dizer que os que dantes conheceu ele predestinou, estaria implícito que os que ele não predestinou é porque ele não sabia que existia e portanto ele não sabe de todas as coisas. “Conhecer” aqui não significa “ter informação a respeito de”, mas significa simplesmente o mesmo que em tantos outros textos:

    “Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta”. (Jeremias 1:4-5)

    “Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”. (João 10.26-27)

    “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. (Mateus 7.21-23)

    “Conhecer” significa simplesmente “ter afeição por”, “ter amor por”, “ter uma relação com”, etc. Tudo o que Romanos 8 está dizendo é que Deus teve afeição por nós antes da fundação do mundo e que com base nisso ele nos predestinou. O texto não diz que a base disso foi que ele viu alguma decisão boa em nós, mas diz que tudo o que nós temos de bom é porque ele nos predestinou para ter: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. (Rm 8.29) Existe algo de bom em nós que não é característica do Filho? Se tudo o que há de bom em nós em característica do Filho então a predestinação não pode se baseado em qualquer coisa boa em nós mesmos, pois qualquer coisa boa em nós mesmos é que provem da predestinação a medida que somos conformados ao Filho. Que a eleição de Deus não é baseada em qualquer coisa que provem de Deus é ainda mais claro no capítulo seguinte:

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  2. Continuando...

    “Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece. Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra. Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” (Rm 9.11-24)

    Aqui o Apóstolo Paulo deixa claro que a causa da eleição não está em nada que o homem faça ou deixe de fazer. O que o homem faz ou deixa de fazer é que está baseada na eleição de Deus. “Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”. Ele cita o exemplo de Faraó para demonstrar como é o caso de todos que não são eleitos. Portanto, o caso de Faraó é regra e não exceção. O sistema arminiano inteiro está edificado sobre a premissa que se fosse assim, Deus seria injusto e irracional. O arminiano diz que se o homem não tivesse livre-arbítrio, ele não poderia ser racionalmente condenado, pois tudo seria simplesmente conforme a determinação de Deus.

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  3. Paulo confirma que tudo é conforme a determinação de Deus, mas que ainda assim o homem pode ser condenado e que o homem não tem o direito de questionar isso porque ele não é Deus para estabelecer o que é justo ou racional, mas é Deus quem estabelece: “Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” Aqui Paulo teve toda oportunidade do mundo para “justificar” a Deus como arminianos querem justificar usando argumentos de “conhecimento médio”, “presciência de quem escolheria”, “livre-arbítrio”. Mas ele não faz nada disso. Quando questionado sobre como com Deus pode culpar o homem se tudo ocorre segundo a vontade dele, Paulo não nega que tudo ocorre segundo a determinação de Deus, nem afirma que há livre-arbítrio. Ele confirma que, de fato, tudo acontece segundo a determinação de Deus, mas que ainda assim o homem não tem o direito de questionar ou acusar Deus por isso, pois sendo Deus ele tem o direito de fazer o que quiser. Deus prepara vasos de desonra ao endurecê-los (como no caso de Faraó que ele acabou de citar) e ele também prepara vasos de honra por que ele tem misericórdia. Um é o grupo dos eleitos. Outros dos réprobos. Não é por nada de bom ou de mal que ele previu em nenhum deles, mas simplesmente porque ele determinou assim. Ele não é mau ou irracional ou injusto por isso simplesmente porque sendo ele (e não o homem) Deus, a definição de tais coisas vem dele e não de Deus. É simples assim.

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  4. Companheiro Frank, saúde.

    Sobre a questão de Deus conhecer de antemão entendo se tratar de sua presciência. Através desse atributo Deus "sabe quem são seus" quem se conformará a imagem de seu Filho. Ele já conheceu de antemão a noiva de Cristo, é aquela que se submete a vontade do noivo se tornando sua imagem. E é nela que ele investe. Quando se fala que Deus conheceu pessoas específicas – conheceu a pessoa em sua vivência,– o conhecimento de Deus, não exclui a ação das pessoas. Conhecer em Deus é sempre um todo e nunca uma parte, tanto que vários textos bíblicos afirmam em semelhança dos que coloco em destaque:
    A ti também, Senhor, pertence a misericórdia; pois retribuirás a cada um segundo a sua obra. (Sl 62.12)
    Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras. (Mt 16.27)
    Dá-lhes segundo as suas obras e segundo a malícia dos seus esforços; dá-lhes conforme a obra das suas mãos; torna-lhes a sua recompensa. (Sl 28.4)
    O mesmo cabe a Jeremias e as ovelhas citadas em João 10.26-27. Sobre essas ovelhas – os judeus - que Jesus afirma “não credes porque não sois das minhas ovelhas” -, observe o que as Escrituras afirmam:
    “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam(...)” (Jo 1.11).
    Essa afirmação invalidada a ideia de que os tais judeus já foram rejeitados de antemão, pelo contrário. O fato de essas ovelhas não crerem indica a predisposição delas em não crer, como afirma o texto, elas não o receberam. Não o contrário.

    O texto de Malaquias, em destaque, pode auxiliar com qualidade essa questão. Vejamos:
    “Se não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho amaldiçoado, porque vós não propondes isso no coração.(Ml 2. 2)

    Apesar do condicional “se” a maldição de Deus já é lançada pelo fato de Ele saber a pré-disposição dos amaldiçoados. A mesma lógica cabe para os abençoados.
    Aqueles não conhecidos são os que pratica a iniquidade”. (Mateus 7.21-23) – e é por isso que várias exortações são direcionadas aos santos para que não pratiquem as obras da iniquidade, para não serem rejeitadas e cortados da Oliveira - Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também. (Rm 11.21).
    Com Arminius afirmo:

    “A respeito da salvação de pessoas específicas, e na condenação de outras. Este descansa ou depende da presciência e previsão de Deus, por que ele sabe quem creria com a ajuda da graça preveniente ou anterior, e perseveraria pelo auxílio da graça posterior ou seguinte, e quem não iria crer e perseverar.”

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  5. Deus ama aqueles que se submetem ao seu Filho – e foram esses os que ele conheceu de antemão.
    Em relação a Romanos 9 – praticamente toda a questão do capítulo se raleciona a controvérsia ente Paulo e os judaizantes que não aceitavam a gentílica Igreja não se submeter ao judaísmo – povo escolhido por Deus. Jacó e Esaú foram usados como tipos e antítipos. Apesar de que no rito judaico o primogênito deveria receber a bênção, Deus em sua soberania inverteu-as. O mesmo ocorreu com a Igreja gentílica em relação aos judeus. Por mais que os judeus não aceitassem, aprove a Deus eleger a Igreja como vaso de honra sobre todas as nações e não mais contar com os ritos judaicos para transmitir a graça de Deus aos povos. O texto não se refere à eleição ou reprovação pessoal. Jacó e Esaú foram usados para demonstrar que Deus honra a quem ele deseja. Independentemente dos parâmetros que nos norteiam Deus é quem sabe o que com justiça dever ser feito. Por isso a indagação retórica:
    Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
    E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” (Rm 9.11-24)

    Não devemos questionar as práticas de Deus. O mesmo Deus que outrora honrou os Judeus é o que resolveu abençoar os gentios através de seu filho Jesus. Deus em sua soberania honra e diminui a quem ele quer - os judeus não devem questionar a maneira de Deus agir. Até mesmo permitiu pacientemente a ação de pessoas vis – os vasos da ira – que por suas iniquidades - já preparadas para a perdição. Portanto devemos nos calar diante dessa autoridade soberana. Essa é a ideia do texto, não podemos usá-la para pressupor uma predestinação pessoal.
    Paulo justifica sim as ações de Deus, mostrando como já previsto nas Escrituras, quando cita:

    Como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; E amada à que não era amada.
    E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; Aí serão chamados filhos do Deus vivo. (Rm 9. 26, 5)

    E quando reafirma que nem todos os judeus estão contados entre os salvos ao citar:

    Também Isaías clama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. (Rm 9.27)

    E quando explica porque os judeus não permaneceram como vasos de honra.

    Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé.
    Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça.
    Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei; tropeçaram na pedra de tropeço;
    Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido.(Rm 9.30 – 33)

    Portanto, percebe-se o apóstolo explicando a lógica da escolha de Deus em fazer um novo vaso de honra ou quebrar o antigo ou fazê-lo vaso de desonra. Percebe-se que a escolha final de Deus entre os vasos não foi fruto de um mero capricho – Paulo se preocupou em explicar onde erraram os judeus – como as Antigas escrituras explicitam onde errou Esaú que fê-lo tornar vaso de desonra. (Hb 12.16.)

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  6. Arminianos e pelagianos acham que a ordenação providencial de Deus não pode ser para que o homem trangrida a Lei Deus, acreditam que Deus não pode ordenar aquilo que ele odeia, aquilo que é contrário a sua vontade moral. A Bíblica ensina o contrário. A Bíblia ensina que Deus ordena que aconteça aquilo que é contrário a sua vontade moral:

    "E se com isto não me ouvirdes, mas ainda andardes contrariamente para comigo, Também eu para convosco andarei contrariamente em furor; e vos castigarei sete vezes mais por causa dos vossos pecados. Porque COMEREIS A CARNE DE VOSSOS FILHOS, e a carne de vossas filhas". (Levítico 26.27-29)

    "E farei esta cidade objeto de espanto e de assobio; todo aquele que passar por ela se espantará, e assobiará por causa de todas as suas pragas. E lhes farei comer a carne de seus filhos e a carne de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu amigo, no cerco e no aperto em que os apertarão os seus inimigos, e os que buscam a vida deles". (Jeremias 19,8-9)

    Aqui Deus diz que faria com que os pais cometessem canibalismo com a carne dos filhos. Algo nada bonito. Um pecado contra Deus. Uma transgressão contra a Lei de Deus. Mas foi determinado por Deus. Uma coisa é a vontade moral de Deus. Outra é sua ordenação providencial. O fato de canibalismo ser abominável diante de Deus não significa que não seja ordenado por Deus.

    "Assim diz o SENHOR: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol". (II Samuel 12.11-12)

    Aqui o Senhor explica que levaria tais mulheres a cometerem adultério contra Davi e também que ele faria que determinados homens cometessem adultério contra ele ao se relacionarem sexualmente com suas mulheres. O adultério é um pecado contra Deus. É abominável diante dele. Mas foi determinado por Deus. Uma coisa é a vontade moral de Deus. Outra é sua ordenação providencial. O fato do adultério ser abominável diante de Deus não significa que não seja ordenado por ele. São duas coisas separadas que pelagianos e arminianos agem como se fossem a mesma coisa.

    "Por que, ó SENHOR, nos fazes errar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para que não te temamos? Volta, por amor dos teus servos, às tribos da tua herança". (Isaías 63.17)

    Aqui o texto mostra que Deus endurece os corações para que os homens errem em seus caminhos e não o temam. Mas errar e não temer o Senhor é pcado. É abominável diante dele. Mas foi determinado por Deus. Uma coisa é a vontade moral de Deus. Outra é sua ordenação providencial. O fato do erro e a falta de temor ser pecado não significa que não seja preordenado por Deus.

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  7. Continuando...

    "Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós". (Mateus 11.20-22)

    Aqui Jesus explica se o Espírito tivesse operado em Tiro e Sidom da mesma exata maneira que ele fez em Corazim e Betsaida, eles teriam se convertido. Mas o fato é que Deus não fez. Ele não fez com que seu Espírito operasse em Tiro e Sidom com a mesma intensidade que ele fez em Corazim e Betsaida e portanto, eles foram condenados. Deus poderia impedir essa condenação enviando a mesma operação do Espírito. Mas ele deliberamente não o faz para que fossem endurecidos, da mesma forma que seu propósito era que os seus contemporâneos não vissem:

    "Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem". (Mateus 13.13)

    O mesmo vemos acontecendo com os judeus obstinados no deserto:

    "As grandes provas que os teus olhos têm visto, aqueles sinais e grandes maravilhas; Porém não vos tem dado o SENHOR um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje". (Deuteronômio 29.3-4)

    Aqui o texto explica que a cegueira e obstinação daqueles judeus havia sido preordenado por Deus, ainda que tal cegueira e obstinação tenha sido contrário a vontade moral de Deus, sendo abominável a ele.

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  8. Concluindo...

    Dezenas de outros textos podem ser citados como ensinando o mesmo. Pelagianos e arminianos citam textos que mostram que o pecado é contrário a vontade moral de Deus e com base nisso concluem que não faria sentido Deus preordenar o que é contrário a sua vontade moral. O problema de pelagianos e arminianos é que tem um padrão extra-bíblico pelo qual determinam o que "faz sentido" e querem impor esse padrão na Bíblia. Não há qualquer evidência bíblica de que o fato de algo ser contrário a vontade moral de Deus isso, significa que não possa ser preordenado por Deus. Muito pelo contrário. Os textos acima e dezenas de outro, mostram Deus preordenando o que ele odeia. Portanto, não há qualquer contradição entre uma coisa, mas a contradição existe na cabeça do arminianos e pelagiano que quer impor sua lógica extra-bíblica na Bíblia só porque ele não gosta da conclusão que os textos deixam claro.

    Paulo já sabia que haveria pessoas raciocinando com pelagianos e arminianos, dizendo que Deus não poderia dizer que algo é moralmente errado e ao mesmo tempo preordenar. Ele respondeu o argumento de pelagianos e arminianos aqui:

    "Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" (Romanos 9.18-21)

    O questionamento feito depois do "dir-me-ás então..." é o questionamento feito pelos arminianos quando ouvem que Deus preordena que o homem peque. Pelagianos e arminianos dizem: "Mas se se o pecado acontece segundo a predeterminação (vontade decretiva) de Deus, como então ele pode reclamar e responsabilizar o homem?" Essa é essencialmente o mesmo questionamento dos oponentes de Paulo: "Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade?". No tempo dos apóstolos, esse questionamento era levantado pelos inimigois do Cristianismo quando os apóstolos eninsavam que "Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer". (Rm 9.18) Esse questionamento é levantado hoje por pelagianos e arminianos quando ouvem o mesmo, pois pelagianos e arminianos acham que se tudo ocorre segundo a determinação de Deus, então ele não poderia se queixar. O problema de pelagianos e arminianos é que tem um padrão extra-bíblico pelo qual determinam o que "faz sentido" e querem impor esse padrão na Bíblia mesmo quando demonstramos que a Bíblia diz que isso faz sentido SIM e que eram os inimigos de Jesus e de Paulo que diziam que não.

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  9. Companheiro anônimo (ou Frank?), saúde.

    Sua afirmação quanto ao que pensa o arminiano - necessita pelo menos de um reparo importante, a saber: o arminiano não crê que Deus incite homem algum à prática de um pecado, que não aja em si uma predisposição, pois Deus a ninguém tenta (Tg 1.13). Essa expressão não é uma mera ideia arminiana, é uma assertiva bíblica. Em sua interp´retação a passagem (Levítico 26.27-29) – você confunde a previsão de Deus sobre a consequência que vivenciaria o povo hebreu se contrariasse sua vontade -– com uma ordenança. Prever uma consequência por conta do pecado – não é ordenar que essa consequência seja vivenciada. Em Samaria, por conta da fome, até o rei de Israel comeu o Filho - como o senhor já havia predito no texto por você citado, e em outros, como, e por exemplo em Dt 28. 53-57.
    Quando as Escrituras afirmam - lhes farei comer a carne de seus filhos e a carne de suas filhas - isso indica que Deus faria o povo passar por uma situação tal miséria, que muitos do povo recorreriam aos seus moribundos filhos, para não morrerem de fome. Novamente, a expressão é hipercólica, não significa uma ordem, e sim uma previsão de que o povo, por conta de um castigo divino, passaria por uma tão calamitosa situação de privação, que chegariam a comer seus próprios filhos. O texto não indica uma ordem de Deus para que o povo pratique canibalismo, e sim uma revelação de que o povo por conta de um duro castigo de Deus – passaria por tanta fome e privação, que para tentar amenizar sua fome, praticaria o canibalismo – como afirmou depois de testemunhar a miséria gerada pelo castigo de Deus, como consequência do pecado do povo: As mãos das mulheres compassivas cozeram seus próprios filhos; serviram-lhes de alimento na destruição da filha do meu povo.
    (Lm 4.10).
    Não existiu vontade de Deus em favor do canibalismo. O que ocorreu, foi a revelação de Deus que o canibalismo ocorreria como consequência do castigo de Deus – que provocou total destruição e privação de bens em Israel, que por sua vez, ocorreu, como consequência do pecado do povo.
    Quanto ao seguinte texto: "Assim diz o SENHOR: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol". (II Samuel 12.11-12)
    Como já havíamos afirmado: Deus não incita homem algum à prática de um pecado, que não aja em si uma predisposição, pois Deus a ninguém tenta (Tg 1.13). O que ouve aqui, é que Deus tornou pública a vergonha de Davi, esse fato está longe de significar que o harém de seu pai do rei moralmente não gostaria de coabitar com Absalão. Os adultérios evidenciam a predisposição a essa prática corrupta. Deus como santo não pode tentar ninguém a um pecado que já não exista em si.
    Assim como a própria Bate-Seba estava predisposta a praticar o adultério, o harém, e seu filho, oriundo de uma mente corrupta, acostumado com a corrupção, já tinha um coração predisposta para determinadas práticas. O que é um harém, senão uma prática com o selo do pecado?
    Temos também buscar uma interpretação mais ciosa em relação a textos que usam figuras de linguagem. Perguntar :"Por que, ó SENHOR, nos fazes errar dos teus caminhos? (Isaías 63.17) – significa indagar, por que que Deus permite que Israel continue cegamente a seguir suas próprias inclinações. É verdade que Deus endurece o coração do povo, mas, é importante ressaltar que endurecer o coração do povo – não é, extrinsecamente inaugurar novas modalidade de pecado no povo, e sim, permitir, por castigo, que continue na miséria de suas más inclinações. Por conta de suas práticas teimosas, a exemplo do texto de Romanos 1:26, Deus os abandonou às paixões infames.

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  10. Na questão de Tiro e Sidom, reafirmo o que já havia dito a um colega no mesmo blog:
    Cristo faz uma severa advertência as cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum, porque as tais cidades testemunharam muitos prodígios e maravilhas e não se arrependeram.
    O fato de que nessas cidades aconteceram mais prodígios do que nas cidades de Tiro e Sidom, não elimina a hipótese de que as cidades dantes destruídas não merecessem sua devida punição, e nem indica que Deus dantes, não tivesse agido em prol das tais, pelo contrário, ele agiu, só não fez na mesma intensidade em que agiu nas cidades contemporâneas de sua época. O que fica evidente no texto é o fato de que, por terem recebido muito, muito também lhe seriam cobrado, e, por conseguinte, maior rigor receberia dos que a cidades onde os milagres foram mais escassos. Como advertência ao rigor que seria aplicado, Jesus aplica os seus “ais” as três cidades endurecidas.
    Deixo para a sua reflexão um versículo que pode responder a sua questão:

    Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá. (Lc 12.48)
    Quanto às parábolas que Jesus usou para dificultar o entendimento, isso ocorre pelo mesmo motivo que já havíamos demonstrado, a saber: Deus os abandonou às paixões infames. E quem Deus abandonou a tais paixões, chegando ao ponto de dificultar-lhes o entendimento de sua mensagem? O povo de Israel -, por conta de sua rejeição inicial, como nos mostram as Escrituras:

    Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.(Jo 1.11)

    Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;
    E não quereis vir a mim para terdes vida.
    (Jo 5. 39, 40)

    Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste? (Lc 13.34).

    Se a cegueira fora contrária a vontade moral de Deus, sua existência não foi preordenada por Deus, o que foi ordenado por Deus, foi à continuação no estado miserável de cegueira, como castigo a rejeição, a luz que Deus havia oferecido ao cego povo de Israel, que rejeitou, não recebendo - Aquele veio em seu favor. (Jo 1.11).

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  11. Quando os arminianos citam textos que mostram que o pecado é contrário a vontade moral de Deus, com base nisso – eles procura enfatizar que Deus não inaugura em homem algum, nenhum pecado extrínseco, pois isso seria tentar o homem a pecar, coisa contrária a sua natureza santa e reta. Todo o pecado permitido por Deus, usado para algum fim específico, já é um pecado entranhado na própria pessoa, o que Deus faz, é revertê-lo para o bem de um propósito maior. Por exemplo, usa as promíscuas concubinas de Davi para humilha-lo em retribuição a seu também perverso pecado; usa um predisposto mentiroso, para manter um povo em suas próprias práticas impuras, como castigo a seus apegos indecorosos.
    Deus em sua grandeza pode fazer alguém para ser maior, para receber maior honra, esse é o sentido da retórica indagação de Paulo no texto citado. Não tem nada a ver com a possibilidade de Deus determinar extrinsecamente que tal povo deverá impuro, por um mero desejo, desligado de qualquer prévia prática. Defender isso é implicitamente defender um Deus corruptor de homens. É tentar provar que Deus faz acepção, pois antes de qualquer prática, determinou algumas pessoas para práticas pecaminosas.
    Se as Escrituras afirmam que Deus é reto, a sua retidão já nos indica um padrão no ser caráter, se assim entendemos, é natural buscarmos encontrar compreensão em trechos que a princípio, não nos são tão claros.

    Gostaria que você confirmasse seu nome, para que o nosso diálogo ficasse mais pessoal.

    Muito obrigado.

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