Ideário arminiano. Abordagens sobre a teologia clássica de Jacó Armínio: suas similaridades, vertentes, ambivalências e divergências.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Considerações sobre a graça preveniente.


Considerações sobre a graça preveniente.
À Fabrício Zamboni, que me desafiou a refletir sobre o tema.

O conceito Graça, em sua maneira simples, é adotado por todas as teologias consideradas cristãs, no sentido clássico do cristianismo. Grosso modo, graça, é a ação benevolente de Deus, que permite ao homem se interessar, buscar e ter acesso às realidades que estão acima de sua natureza caída. Esse ato benévolo é o ato que o capacita a se movimentar em direção a Deus e a sua vontade; sem a graça, jamais o homem conheceria a Deus, e por consequência, jamais se interessaria em ser agradável a Ele.

Apesar da unidade entre as linhas teológicas em relação ao conceito geral da graça, algumas distinções, que buscaram ampliar o entendimento da graça, não alcançaram a mesma unidade que o conceito genérico alcançou. Se a ideia genérica da graça é uma ideia unânime entre as teologias cristãs, o conceito extensivo, graça preveniente, não goza a mesma concordância.

Admitida desde Agostinho, citada explicitamente por Anselmo e Tomás de Aquino, e abordada enfaticamente por Jacobus Arminius e John Wesley e harmonicamente, o conceito graça preveniente não nutre integralmente a mesma interpretação entre os calvinistas. Não adotado explicitamente por essa vertente teológica, a chamada graça preveniente, entre os calvinistas, é admitida apenas como ato benévolo de Deus direcionado em favor dos eleitos. Pode ser considerada preveniente, como o próprio termo indica, apenas, pelo fato de existir em favor do homem, antes de qualquer ação deste, engendrando nele o desejo de praticar o bem, de romper com sua natureza caída, enfim, de ser a agradável a Deus. Esse desejo elevado só é manifesto no homem, pela vontade direta de Deus, infundindo nesse homem, seu eleito, um desejo irresistível e eficaz. A graça de Deus, segundo o calvinismo é sempre diretamente eficaz, ou seja, se Deus deseja que alguns homens cheguem ao conhecimento da verdade, e através dela sejam salvos, por consequência, esses, de fato serão salvos, pois serão alcançados por Deus, antes de qualquer particular ato ou desejo humano, levando-os a crer e se arrependerem.  

Entre as teologias arminiana e wesleyana há maior harmonia interpretativa. Falando sobre a graça, Jacobus Arminius se apropria do termo “prévio” já usado por Anselmo e Tomás, indicando certa nuança da graça geral, ele afirma: “Essa graça precede, acompanha e segue; excita, assiste, opera para que queiramos o bem, e colabora para que não queiramos em vão. Depois continua: Essa graça dá início a salvação, é o que promove, aperfeiçoa e consuma.[1] Em outro Momento, Arminius afirma:

Mas, que a especial concorrência ou assistência da graça, que é também chamado de graça "cooperante e de acompanhante" não difere em espécie, nem em eficácia dessa graça excitante, que é chamado de preveniente e operante, mas é a continuação da mesma graça. É denominada "cooperante" ou "concomitante", só por conta da concomitância da vontade humana, que a graça operante e preveniente aliciou da vontade do homem. Esta concomitância não é negada a quem a graça excitante é aplicada, a menos que o homem ofereça resistência à graça excitante”.[2]

Diferentemente do ideário calvinista, segundo Arminius, a graça de Deus é direcionada a humanidade, não se restringe ao seleto grupo dos eleitos, como ensina o apóstolo João: “Ele é propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também, pelos de todo o mundo. (1 João 2:2)

Apesar de a graça ser direcionada a todo o mundo, nem todos o homens se salvarão. Essa realidade evidencia, segundo a teologia arminiana, que a graça pode ser resistida, ou seja, ela não é irresistível como afirmam os calvinistas, e essa informação pode ser percebida nas Escrituras, na carta aos Hebreus, na seguinte exortação: “Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. (Hb 2.1), continuada indagativamente: Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação ...? (Hb 2.3)

Tanto no sistema arminiano, como no wesleyano, a graça apresenta-se como manifestação benevolente de Deus, configurando-se como possibilidade de qualquer homem ser salvo, bastando, acolhê-la. Em seu estágio inicial, apresenta-se como preveniente, pois atua em favor a humanidade, antes de qualquer ação particular de qualquer homem, por isso, ela é preveniente. O homem conhece noções de moralidade, mesmo tentando silenciá-la, ele escuta o clamor da consciência, e com isso pode refletir sobre seus atos; isso ocorre por influência da graça, e esse resquício do bem que podemos perceber em qualquer criatura não envolvida integralmente pela graça, já testemunha a sua ação preveniente. Sobre isso, afirma Wesley: “Nenhum homem vivo está inteiramente destituído daquilo que é vulgarmente chamado consciência natural, embora esta não seja natural, e sim mais propriamente chamada graça salvadora”. [3] Portanto, a graça salvadora, ou prévia, demonstra a ação de Deus em favor de todo o homem. Se “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes” como afirma Tiago, em sua epístola,  não podemos negar que todo o homem, que, sabemos, alcança boas dádivas, inclusive a verdade, pois toda verdade reside em Deus, é alcançado, por certa medida da graça de Deus.

Defendendo assistência da graça em favor de todos os homens, continua Wesley:

Todos têm, mais cedo ou mais tarde, bons desejos embora a maioria deles os afugente antes que lancem raízes profundas ou produzam qualquer fruto considerável. Todos os homens têm um certo grau da luz que mais cedo ou mais tarde, mais ou menos, ilumina a todos que vêm ao mundo. E os homens, ao menos que pertençam ao pequeno grupo de consciência endurecida, sentem-se mais ou menos mal quando agem contra a luz da sua consciência. De maneira que nenhum homem peca porque não possua a graça, mas porque não faz uso da graça que possui.[4]

Além de ser defendido pela tradição cristã, o conceito de graça preveniente, pode ser percebido nas Escrituras. Entendendo com clareza a ideia implícita no termo graça preveniente, pode-se encontrar sua evidência em muitos textos bíblicos. Vamos a alguns exemplos:

Mas, pergunta agora às alimárias, e cada uma delas te ensinará; e às aves dos céus, e elas te farão saber; 
Ou fala com a terra, e ela te ensinará; até os peixes do mar te contarão.
Quem não entende, por todas estas coisas, que a mão do SENHOR fez isto?”  (Jó 12.7-9)

“E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam (...). 
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. 
Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. 
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. (João 1.5 -13)

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo. 3. 16)

“E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo”. (Jo 12. 47)

“Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; (At 17:30)


“Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.
Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis(...)”.
(Rm 1.18 – 20)

 Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados.
Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.
Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei;
Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;
No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho”. (Rm 2.12-16)

“Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores(...)”. (Tm 1.15)
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens(...),
Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, ”. (Tt. 2. 11, 12)

“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes (...)”. (Tg 1. 7)

O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós;(1 Pe1.:20)

“Ele é propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também, pelos de todo o mundo. (1 João 2.2)

(o Cordeiro) que foi morto desde a fundação do mundo. (Ap13.:8)

Os versículos citados retratam a ação de Deus em direção a todos os homens, independentemente de sua prévia postura, ação  ou futura  resposta, ou de estarem inseridos em um grupo de eleitos. Revelam que a graça é uma doação de Deus, vivenciada em Cristo, antes da fundação do mundo. (Ap. 13. 8; 1Pe.1. 18-21). Refletindo sobre eles, podemos identificar, o que a teologia, com  Anselmo de Cantuária, Tomás de Aquino, Jacobus Arminus e John Wesley chama de graça preveniente -, uma manifestação benevolente e universal de Deus em favor do ser humano, que nem sempre se efetiva como salvação, porém, se apresenta como possibilidade de qualquer homem ser salvo, pelo fato de Cristo se apresentar como “a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem”;  de Deus ter amado o mundo (Jo 3.16); de saber que Cristo veio, “não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (Jo 12. 47), “que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores(...)”. (Tm 1.15); e que Cristo é a propriciação, não somente pelo pecado dos eleitos, mas pelos pecados de todo mundo (1 João 2.2)”.

Com essa realidade em mente, podemos perceber, que o homem, mesmo preso no pecado pode se mover para o bem, porque conta com a assistência da graça, oferecida para salvar os pecadores. Essa percepção, corroborada pelas Escrituras, estabelece como legítimo, o conceito graça preveniente defendido pela teologia arminiana e wesleyana, tradicionalmente difundido pela teologia cristã.   

______
Citações
[1] ARMINIUS, Jacobus. WORKS OF ARMINIUS VL 2. An Open Letter to Hippolytus a Collibus - 4. GRACE AND FREE WILL.
[2] Ibdem
[3] BURTNER, R.W. e CHILES, R.E., compiladores. Coletânea de Teologia de John Wesley. 2ed. Rio de Janeiro: Instituto Metodista Bennett, 1995. 2ed.
[4] Ibdem

Referências
ARMINIUS, Jacobus. WORKS OF ARMINIUS VL 2.
BURTNER, R.W. e CHILES, R.E., compiladores. Coletânea de Teologia de John Wesley. 2ed .Rio de Janeiro: Instituto Metodista Bennett, 1995.
L. GONZÁLEZ, Justo. Breve dicionário de teologia / Justo Gonzalez; tradução Silvana Perrella Brito. São Paulo: Hagnos, 2005
J. GRENZ, Stanley. Dicionário de Teologia. Stanley Grenz, David Guretzki e Cherit Fee Nordling; traduzido por Josué Ribeiro. 5 ed. São Paulo: Vida, 2005.
ANSELMO, da Cantuária. Livre-arbítrio e predestinação. Uma concordância entre presciência e graça divina. Sobre a concordância da presciência, da predestinação e da graça divina com o livre-arbítrio. Tradução de Daniel da Costa. São Paulo: Fonte editorial, 2006.  

22 comentários:

  1. Muito bom cara. O seu trabalho nesse blog é sensacional.

    Quem Deus continue te abençoando sempre e para sempre!

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  2. Companheiro Lailson, saúde!

    Atente a estes versos:

    "Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a [todos os homens, e em todo o lugar], que se arrependam;" (At 17:30)

    "Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho." Romanos 2:12-16

    " Pergunta,pois, ao gado e ensinar-te-á, ás aves do céu e informar-te-ão. Fala á terra, ela te dará lições, os peixes dos mares te hão de narrar: Quem não haveria de reconhecer que tudo isso é obra da mão de Deus?" Jó 12.7-9

    Esses versos comprovam a universalidade da graça preveniente conforme a teologia de John Wesley?

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  3. Companheiro Ricardo Rocha, saúde.

    Muito obrigado pelo incentivo, e pela manifestação de amor.
    Oremos, para que a cada dia cresçamos na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo (2Pe 3.18), para que estejamos sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em nós(1Pe 3.15)”; e que, nossa vida e mente, possam a cada dia glorificá-lo.

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  4. Companheiro Anônimo (10 de janeiro de 2013)

    Sim, os versos por você citados corrobora a tese da graça preveniente a defendida pela teologia arminiana-wesleyana, entre outras vertentes da teologia clássica. Com as revelações contidas nesses textos, não se pode negar a ação misericordiosa e graciosa de Deus, em favor de todos os homens. No texto acima, eu havia citado Atos 13:30. Vou acrescentar os esclarecedores versos que você citou, a saber, Romanos 2:12-16 e Jó 12.7-9

    Muito obrigado, pela preciosa contribuição.

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  5. Companheiro Lailson, paz e bem!

    Você poderia me responder:

    Qual a diferença entre uma pessoa que acolhe a graça preveniente com a outra que não? Essa pessoa que acolheu foi mais esperta? - Parece que sim! Sendo assim, no arminianismo, graças a sua esperteza e não a Deus que somos salvos.

    Eu acredito que o calvinismo, diferente do arminianismo, põe toda glória a Deus na salvação, onde não há homens espertos quando estão debaixo do pecado.

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  6. Companheiro anônimo (17 de janeiro de 2013 ), saúde.

    A pessoa que acolhe a graça de Deus, entre outras coisas, é aquela que atenta para o que lhe é direcionado, da parte de Deus. Quando Jesus lamenta sobre Jerusalém, que matava os profetas e apedrejavam os que lhe eram enviados, lamentava sobre a prática de uma cidade, que em atitude contrária ao acolhimento à graça, a desprezava. Por outro lado, quando lemos, “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
    Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome (...)”. (João 1.5 -13) – falando sobre os que deram crédito ao seu nome, evidenciavam aos que acolheram a graça.
    O ato de acolher a graça ao invés de glorificar alguém em particular, possibilita aquele que a acolheu, glorificar a Deus que dispôs aos meios para que sua graça fosse percebida, sabendo que sua oferta é feita sem acepção (1 João 2.2), evidenciando seu caráter justo, pois as pessoas que a rejeitaram, assim fizeram tendo as mesmas possibilidades de aceitá-la. Nisso assenta a retidão de Deus, que dá a cada um segundo as suas obras, levando em consideração, que por intermédio da graça todos poderiam gerar boas obras; portanto, se uns são galardoados é porque, poderiam não fazer o bem que fizeram, preferindo o mal, e se são punidos, é porque, poderiam, acolhendo a graça, em integralidade, fazer o bem que não fizeram.
    Enfim, não há homens espertos, há homens que humildemente cedem aos conselhos do Espírito, e que perseveram, e outros que, arrogantemente, preferem resistir ao seu chamado, que convoca os homens ao arrependimento (At. 17. 30). É importante afirmar que a postura do homem é ressaltada nas Escrituras, como podemos refletir no texto abaixo:

    “(...) O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:
    A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;
    Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade;
    Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego;
    Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego;
    Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas”. (Rm 2. 6 -11).

    Evidenciar que toda a glória deve ser dada a Deus, é uma prática louvável, porém, devemos refletir se a ideia de que os homens não tem parte em sua salvação, com o auxílio disposto pela graça, realmente reforça o louvor à glória de Deus.
    Ponderemos: será que, negando a participação do homem no processo da salvação, ao invés de reafirmar a integralidade das Escrituras, efetivamente, estamos negando uma série de passagens que afirma que Deus dará a cada um segundo as suas obras?

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  7. Ao Anônimo de 17 de janeiro de 2013 04:06,

    Por que não dizer que o que não cede à graça preveniente é um tolo ao invés de chamar o que cede a ela de esperto? Estou perguntando porque não há nenhuma esperteza daquele que cede à graça preveniente: Deus lhe abriu os olhos! Não foi ele quem, por esperteza própria, viu que se entregar a Deus era a coisa certa a ser feita. Ele foi levado, pela graça de Deus, a perceber as verdades do Reino. Mais aí voltamos a sua questão: por que o mesmo não aconteceu com o que não cedeu à graça preveniente? Porque ele resistiu a esta ação graciosa de Deus. O curioso, portanto, não é por que um cedeu à graça preveniente mas por que todos não cedem. Sobre isso as Escrituras não dão respostas.

    De qualquer forma, Jesus chama o crente de "prudente" e o incrédulo de "insensato" (Mt 7.24-26). A diferença entre um e outro é que um foi prudente e o outro insensato. Sua objeção, se válida, nos faria concluir que o crente foi salvo graças a sua prudência e não a Deus. E como é uma objeção contra as próprias palavras de Jesus, ela não é objeção nenhuma contra o Arminianismo. É contra as Escrituras.

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  8. Companheiro P.C, saúde.

    Interessante seus apontamentos, ou seja -, não se deve defender uma possível esperteza daqueles que acolhem a graça, pois o esclarecimento, a iluminação vem de Deus, não do homem. Em relação a graça desprezada, o que fica em destaque é a atitude tola dos que, mesmo recebendo a luz que veio ao mundo, preferem resistir e continuar no erro. Não é sem propósito que o escritor da epístola aos Hebreus afirma:
    Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram (...). ”(Hb 2.3).

    Também o apóstolo Paulo, por levar a sério a necessidade de uma postura pessoal diante da graça que lhe foi conferida por Cristo Jesus, afirma:
    E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo (...).
    (...) Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.
    Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. (Fl 3.8 – 12)

    Se apropriando o adjetivo que você destacou, a atitude do apóstolo Paulo, foi uma atitude de alguém prudente, que desprezou, na perspectiva do velho homem, a justiça que vem da lei que ele tinha por lucro, preferindo valorizar as coisas do alto, a fim de que, como ele mesmo expressou: ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.

    Paulo Cesar, sua intervenção é sempre pertinente.

    OBS: PC, a propósito, quando tiver tempo, ouça a mensagem dada pelo Pr. Marcos Munhoz, da Igreja Metodista de São Bernardo, SP – no endereço abaixo. É uma mensagem singela, porém, aborda implicitamente nas questões que estamos a problematizar.

    http://dl.dropbox.com/u/90825982/Sounds/Prega%C3%A7%C3%B5es/Prega%C3%A7%C3%A3o%20Culto%20Vespertino%2027012013.mp3

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  9. Companheiro Samuel, saúde.

    Saudades de nossos diálogos, em tempos de Davina. Quanto ao texto, e ao blog, é uma singela maneira de servir aos meus irmãos de fé; fico feliz em saber que o texto ganhou sua aprovação. Ore por mim, para que Deus me inspire, a fim de que eu possa escrever outros textos, com qualidade e propriedade.

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  10. Olá, companheiro Laílson!

    Fico muito feliz por ter voltado à blogosfera. Não desapareça tanto! Rsrs! Gosto de seu blog pois, assim como o arminianismo.com, este blog me ajudou muito na minha caminha arminiana, pois, outrora, eu era um semipelagiano.

    No mais, fica na Paz!

    Marlon Marques

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  11. Companheiro Marlon, saúde.

    Muito obrigado pelas palavras de incentivo. Alegro-me em saber que o blog tem servido de edificação para você. Fica aqui meu compromisso, de escrever com seriedade e dedicação. Quanto à demora em postar -, se dá por conta dos compromissos, que, inviabilizam o espaço necessário para a reflexão exigida na construção de um texto teológico. Mas, farei um esforço para diminuir a distância de tempo entre uma postagem e outra.

    Além do excelente site arminianismo.com – o melhor site de assuntos arminianos -, há outros interessantes sítios de cunho arminiano que podem te ajudar no aprofundamento de sua pesquisa sobre Teologia Arminiana, a saber:

    Sociedade Arminiana em língua Portuguesa:
    http://arminianos.wordpress.com/

    Arminius Hoje:
    http://arminianismo.wordpress.com/

    Crédulo:
    http://credulo.wordpress.com/

    Deus Amou o Mundo
    http://deusamouomundo.com/

    Os Arminianos
    http://www.arminianos.com/

    Palavra que Liberta
    http://palavraqueliberta.com.br

    Boa pesquisa.



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  12. Olá, companheiro Laílson!

    Conheço esses outros sites também. Há um pouco mais de um ano tenho contato direto por meio do grupo "arminianismo" no facebook e pelo arminianismo.com. Alegramo-nos com o lançamento em junho próximo do livro Teologia Arminiana - Mitos e Realidades do dr. Roger Olson pela editora Reflexão. É muito bom ver os arminianos unidos e em prol da divulgação do arminianismo.

    Fica na Paz, meu irmão!

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  13. Marlon,

    outro fator interessante é que o livro será lançado por uma editora séria e com comprometimento com a qualidade das obras teológicas. Estamos avançando.
    Sonhemos agora com a publicação, ainda nessa década, de Works of Arminius, em língua portuguesa.

    Saúde companheiro.

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  14. Olá, companheiro Lailson!

    Meu sonho é a publicação além das Works de Armínio (que anelo muito), são as Works de John Wesley, John Fletcher e de Richard Watson também! Para mim, as Works desses grandes homens de Deus seriam suficientes em material de teologia e devocional para mim. Oremos e contribuamos para isso!

    Fica na Paz, meu irmão!

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  15. Companheiro Marlon,

    seu sonho é legítimo. Também anseio por essas Obras maravilhosas. Poderíamos incluir na lista de Obras importantes à serem traduzidas, as Obras de Adam Clarke. O curioso é que, as obras citadas, nem mesmo os metodistas brasileiros lutaram por publicá-las. Precisamos avançar muito no que se refere à publicação de grandes clássicos. Porém, não desistamos, façamos do nosso sonho uma luta, com oração e persistência. Pode ser que nosso movimento em prol dessas publicações clássicas, seja acolhido por alguns editores.

    Obs: tenho em pdf, em língua espanhola, nove tomos das Obras de Wesley. Se você ainda não as tem, e deseja possuí-las, me contate através do endereço: lailsoncastanha@yahoo.com.br . Prontamente as enviarei para seu e-mail.

    Saúde.

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  16. Olá, meu irmão Lailson!

    Que maravilha! Gostaria sim que o irmão me enviasse o PDF as Obras de Wesley em espanhol, pois, coincidentemente, sou professor de língua espanhola.

    Quanto aos metodistas, é chato não vê-los com entusiasmo em publicá-las. Os metodistas são legítimos arminianos (os metodistas calvinistas, descendentes de Whitefield são raros. No Brasil creio que nem existem!). Deveriam eles, os metodistas, se empenharem em uma editora forte!

    Fica na Paz, meu irmão!

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  17. Marlon,

    é bom saber que você domina a língua espanhola. Aproveito, e já lanço um apelo: se você encontrar na rede textos soteriológicos de qualidade, de cunho arminiano/wesleyano, compartilhe conosco a fim de que sejam publicados no blog. Se estiverem já traduzidas, melhor ainda. Por falar em textos em espanhol, hoje estarei te enviando os noves tomos das Obras de Wesley.
    Voltando a falar sobre as grandes obras dos teólogos citados, vamos incentivar as publicadoras metodistas ou wesleyanas, ou mesmo outras, a assumirem essa tarefa tão importante, de trazer para nossa língua, as obras de grandes teólogos arminianos e wesleyanos -, usando os meios que nos forem possíveis. A propósito, apresento esse diálogo como um apelo.

    Saúde.

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  18. Olá, meu irmão Lailson!

    Há um tempo que procuro algum material arminiano em espanhol e só achei um blog sem muitas postagens. Por incrível que pareça há muito mais textos arminianos em português do que em espanhol, pois, como escrevi, só achei um blog e nenhum site de viés arminiano.

    Quanto as obras dos grandes metodistas acima, vou procurar entrar em contato com líderes metodistas para impulsionar algo.

    Mandei um e-mail para o irmão agradecendo o envio dos PDFs e agradeço-o publicamente aqui. Obrigado, companheiro!

    No mais, sempre estou por aqui!

    Fica na Paz, meu irmão!

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  19. Esse texto é deveras esclarecedor. Também comungo com sua defesa, pois, segundo a Bíblia, vejo a ação de Deus em abrir-nos os olhos, e a nossa reação, uma vez enxergando a verdade, abraçá-la ou rejeitá-la. Compreendo que, tanto a ideia arminiana como os conceitos calvinistas, de certa forma, se apoiam pelas Escrituras, porém, observando a questão do julgamento segundo as nossas obras, estou entre os que creem ter mais peso a doutrina arminiana. Continue o trabalho desse blog, pois não é promover discussão o intuito de quem anseia expor aquilo em que acredita. Sou de opinião que todos nós, cristãos, nos respeitemos mutuamente, porém, não haverá igreja onde não haja diferentes pontos de opinião no que concerne determinados trechos bíblicos, pois até Pedro confessou que algumas coisas que o apóstolo Paulo escrevia havia pontos difíceis de entender (2 Pe 3.16). Assim sendo, é válido cada qual apresentar o seu entendimento escriturístico, pois não é omitindo nossas opiniões que facilitaremos o trabalho convencedor do Espírito Santo, mas divulgando-a e deixando que Ele ilumine os corações.
    No amor de Cristo,
    Leila Castanha

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  20. Leila, como eu já havia comentado contigo, pessoalmente, tenho passado por algumas dificuldades, pelos motivos que você já conhece, por isso eu estou devendo, em atenção, ao blog. Porém, acolho seu incentivo, fazendo dele um impulsionador a continuar me empenhado na propagação dessa vertente teológica, que está ganhando maior estrutura intelectual, no Brasil.

    Saúde.

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  21. Olá Lailson, Paz! Primeiramente, quero lhe parabenizar pelo trabalho que você tem feito aqui, muito bom, que Deus lhe abençoe irmão. Agora vamos ao ponto, não sou arminiano nem calvinista, estou estudando cautelosamente a questão para então tomar um posicionamento. Eu quero lhe perguntar sobre sua interpretação a respeito do texto de Mateus 07:18, "Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.", vi um artigo calvinista usando desse verso para combater a graça preveniente e o arbítrio liberto, basicamente o argumento é que a capacidade humana de dar bons frutos está intimimamente ligada à sua natureza, portanto, homens maus por escolha própria só farão obras más, somente os convertidos (as boas árvores) podem dar bons frutos, nesse sentido, a graça preveniente seria totalmente ineficaz, assim como obviamente não haveria arbítrio liberto. Se os homens maus por sua própria escolha só fazem obras más, a única chance de realizarem boas obras são, ou serem refreados por Deus, através da graça comum, ou regenerados, não há como realizarem boas obras por escolha própria enquanto sua natureza não for transformada, árvore má, frutos maus. Eu gostaria de sua interpretação a respeito desse trecho de Mateus, pois procurei pela internet e não encontrei nenhum parecer arminiano sobre ele. Desde já, obrigado.

    Leandro.

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Como Jacobus Arminius acredito que: "As Escrituras são a regra de toda a verdade divina, de si, em si, e por si mesmas.[...] Nenhum escrito composto por Homens, seja um, alguns ou muitos indivìduos à exceção das Sagradas Escrituras[...] está isento de um exame a ser instituído pelas Escrituras. É tirania, papismo, controlar a mente dos homens com escritos humanos e impedir que sejam legitimamente examinados, seja qual for o pretexto adotado para a tal conduta tirânica." (Jacobus Arminius) - Contato: lailsoncastanha@yahoo.com.br

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