terça-feira, 8 de novembro de 2011

O HOMEM – A HUMANIDADE

VIII. O HOMEM – A HUMANIDADE REV. AMOS BINNEY

Este termo genérico abrange toda a raça ou espécie de entes humanos, descendentes de Adão e Eva. Que a raça tem uma origem comum e que todas as variedades do homem têm a mesma natureza é ensinado nos seguintes textos. Gn 1.27, 28; 2.7, 18, 21-24; 3.20; Ml 2.10; At 17.26; Rm 5.12; 1Co 15.22, 45.

O homem é um ente composto, tendo um corpo mortal, e um espírito destituído de qualidades materiais, imortal, continuando a viver depois da separação do corpo em um estado de cônscia existência. Ec 3.21; 1Re 17.21, 22; Lc 8.55; 16.22, 23; 23.43; Mt 10.28; 22.32; At 7.59; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 6.9-11; 14.13.

O corpo é formado do pó da terra dotado dos sentidos de tato, gosto, olfato, audição e vista. O espírito é racional, tendo entendimento, afeição e vontades. Gn 2.7; Ec 12.7.

Paulo fala de um terceiro elemento, a alma. 1Ts 5.23. Por ela quer ele falar do psiquê, a alma inferior ou animal, dotada de paixões e desejos a qual nós temos em comum com os animais, Ec 3.19-21, mas no cristão esta alma é enobrecida e espiritualizada. O espírito é aquela parte por onde podemos receber o Espírito Santo. No incrédulo, ela é subjugada e subordinada à alma animal e daí o homem é chamado “natural” ou meramente animal. 1Co 2.14; Jd 19.

O homem foi feito reto, Ec 7.29, isto é, em um sentido moral, por natureza semelhante a Deus, tendo retidão moral, chamado a imagem de Deus, Gn 1.27; explicado em Ef 4.24. Mas também foi feito agente responsável livre e noviço, colocado sob a lei divina, quebrando a qual, ele incorreu na pena da morte temporal e espiritual. Gn 2.16, 17; Rm 5.12; 6.23; Hb 2.14.

O primeiro pecado do primeiro homem mudou toda a sua natureza moral de santa para um estado de pecado, da qual condição mudada, sendo ela hereditária, tem participado todos os seus descendentes. Rm 5.12; 1Co 15.22; Ef 2.3, 5; Jó 15.14; Sl 14.2, 3; Sl 51.5; 58.3. Contudo cada um é responsável pelos seus pecados. Dt 24.16; 2Re 14.6; Pv 11.19; Ed 18.4, 20; Jr 31.30; Rm 1.20, 21; Jo 3.19, 20.

LIVRE AGÊNCIA

Posto que o homem tenha caído e esteja lamentavelmente depravado, de modo que há na sua natureza uma forte tendência para o pecado, todavia ele ainda retém o atributo divino da liberdade. Em toda opção de natureza moral, tem ele a liberdade de agir como lhe parece. Nenhum decreto de Deus, nenhuma combinação de elementos na sua constituição, o coage em sua ação moral.

O auxílio gracioso do Espírito Santo é somente persuasivo, não obrigatório. At 7.51; Ef 4.30; 1Ts 5.19. A vontade livre é uma causa original, determinadora de si mesma(1) e não efeito de causa nas suas opções. Ela é uma nova e responsável fonte de causa no universo.

Provas: 1. Consciência: “Eu sei que sou livre e está acabado.” – Dr. Samuel Johnson.

2. Semelhante liberdade é inferida do sentimento de obrigação moral e da convicção de culpa pelos nossos delitos.

“Se o homem tem de ser punido no futuro estado, Deus é quem há de punir.

“Se é Deus que pune, o castigo é justo.

“Se o castigo é justo, é porque o castigado podia ter obrado de outro modo.

“Se o castigado podia ter obrado de modo diverso, ele era agente livre.

“Portanto, se os homens têm de ser punidos no mundo vindouro, eles não podem deixar de ser agentes livres neste.”

3. As Escrituras em qualquer parte presumem que os homens são livres para obedecer à lei de Deus e conformarem-se às condições da salvação. Pv 1.23-31; Mt 23.37; Jo 7.17.

4. Se os atos morais dos homens são efeitos de causas determinadas por Deus, então Deus ou é o autor do pecado, ou seus próprios atos, sendo os efeitos de alguma coisa irresistível, tal como o motivo mais forte, ou a constituição de sua natureza. O universo está debaixo da lei de ferro do acaso e o pecado é uma ilusão e uma impossibilidade.
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(1) “Determinadora de si mesma.” – A expressão é infeliz e tem sido justamente criticada na controvérsia calvinista. A vontade é determinadora, não “de si mesma,” pois ela não precisa ser determinada, mas da conduta, do proceder duma criatura responsável.
Originou-se a expressão no argumento calvinista: “a vontade só opera à vista de motivos, portanto ela é motivada, ou determinada.” A resposta era: “não, ela é determinadora de si mesma.”
Mas, não éramos obrigados a escolher entre “uma vontade determinada por motivos” e “uma vontade determinadora de si mesma.” Optamos por uma vontade livre, causa simples e final. A vontade de Deus não é “determinadora de Si mesma,” ela determina, “e está acabado.” Assim, pela graça e sabedoria de Deus, o homem é dotado de uma vontade livre, simples, e, absolutamente, em certa esfera uma nova causa final no universo de Deus: uma vontade determinadora.
Sem motivos para exercer-se a vontade nunca se exerceria, justamente como Deus mesmo, sem causas para decidir, nunca poderia exercer a justiça, mas, em um e outro caso, resta sempre a capacidade de querer e a capacidade de ser justo. Deus nos deu uma faculdade de determinar: é a vontade.


BINNEY, Amos. Compendio de Teologia. Campinas: Editora Nazarena.
Gravura: Homem Vitruviano - de Leonardo da Vinci


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