segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Fé, razão e livre arbítrio.

Fé, razão e livre-arbítrio.

Desde sua época clássica, a filosofia, na prática de vários filósofos, motiva o homem a se auto conhecer. Com Sócrates os cidadãos gregos foram incentivados a fazer uma análise profunda, reflexiva, sobre si próprios. Percebe-se essa chamada na famosa fórmula: conheça-te a ti mesmo. A chamada socrática não influiu apenas na Grécia Clássica, causou um influxo na cultura ocidental. A busca pela compreensão de si próprio, endossada por Sócrates, foi continuada pelo seu discípulo Platão - que define o homem como um animal capaz de ciência.(1). Aristóteles corrobora seu mentor afirmando que “o homem é o único animal que possui razão” com essa razão o homem é capaz de julgar o que é bom ou mau para si e também o que é justo e injusto.(2). O filósofo de Estagira não encerra sua definição do homem como sendo um ser racional, na sua obra Política, afirma que o homem é um animal político (Zoon Politikon) pois, é na pólis (cidade estado) e através dela, que o homem constrói sua existência. Aristóteles entendia que o homem tanto vive na pólis como vive para a pólis.

Não se pode se auto conhecer ignorando as estruturas que estão por trás de sua formação existencial. O legado dos filósofos clássicos, que tentando compreender o que é e como é o ser humano, estudando a estrutura que o sustenta, ajuda-nos a compreender o que somos e por que somos como somos. Não podemos nos conhecer sem examinar a estrutura que nos sustenta. Seguindo a orientação de Platão e Aristóteles arrogamo-nos seres racionais e encontramos nessa característica o aspecto fundamental que nos distingue dos demais animais. Assim, afirmamo-nos racionais e tratamos os demais seres como irracionais.

Em tempos hodiernos os termos outrora usados perderam sua força descritiva, por essa razão, afirmarmo-nos como seres racionais com a intenção de, com essa conceituação, definir nossa identificação existencial. Portanto, não basta, afirmamo-nos seres racionais, é preciso compreender o significado efetivo da razão. Afinal, o que é ser um ser racional? Grosso modo ser racional é ter uma vivência pautada na razão, ou seja, é um ser que busca parâmetros lógicos, ou que se posiciona sobre quaisquer coisas a partir de questionamentos. O filósofo italiano Nicola Abbagnano, entre outras explicações, assim define o termo razão: “Referencial de orientação do homem em todos os campos em que seja possível a indagação ou a investigação. Nesse sentido podemos dizer que a razão é uma 'faculdade' própria do homem, que o distingue dos animais.”(3) Portanto, se somos seres racionais, somos seres orientados por nossos juízos, modelado pelas percepções racionais.

Como seres animais percebemos a importância da razão, mas, no âmbito espiritual, podemos excluir a nossa característica racional na busca de uma vivência espiritual? Pode-se viver cristianismo sem o uso de nossa racionalidade?

Falando sobre um dos momentos mais sérios do culto cristão, em que é rememorada a morte de Cristo, a chamada Santa Ceia, o apóstolo Paulo exortava os crentes de Corinto, que não se portavam na ceia de maneira adequada, da seguinte forma: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo (...)” (1 Co11:28a). Em outro momento, ainda endereçando sua fala aos coríntios o apóstolo afirma: “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos.”(2 Co 13.5). Chamar o homem a se autoexaminar é entre outras coisas evocar a sua racionalidade, convidá-lo a uma profunda reflexão sobre si mesmo. É convidá-lo a praticar juízos. É chamá-lo ao exercício sua autonomia como pessoa humana.

Observando essa questão com perspicácia perceberemos outras questões implícitas se apresentarem. Iniciaremos com a questão do convite paulino à prática do autoexame.

O autoexame bíblico.

O ser racional é um ser entre outras coisas, que busca compreender as coisas e encontrar um sentido que satisfaça sua razão. Podemos afirmar que essa é uma das características que compõe nossa identidade existencial. Existe em cada ser humano, mesmo na mais tenra idade, certo grau de curiosidade. Essa curiosidade é o desejo de conhecer e significar as coisas. Fomos feitos assim. Lendo a narrativa dos Gênesis percebemos já no primeiro homem esse desejo de compreender e dar significado. O fruto que comeu Adão e Eva foi o fruto “da árvore do conhecimento do bem e do mal”(Gn 2.17). Eva quando comeu o fruto, entre outras coisas, foi motivada pelo fato de ser a “árvore desejável para dar entendimento” (Gn 3.6). Com essas informações, podemos estabelecer então que o exercício de buscar compreensão faz parte da vivência racional, em outras palavras, faz parte da experiência humana. Não há homem em estado sadio que não deseje compreender as coisas que se apresentam em sua existência. Por isso, buscar entender o porque de uma exortação bíblica se configura como uma ação naturalmente humana, além de naturalmente cristã. Doravante, levantaremos a seguinte questão:

por que, com que propósito, o homem é exortado nas escrituras a se autoexaminar? Será que esse convite é apenas retórico, ou não tem nenhum real propósito?

O apóstolo Paulo é um dos personagens bíblicos que mais evoca a razão humana. Além de suas exortações citadas fala de um “culto racional” e reprova o culto ininteligível, por exemplo, num ambiente onde são pronunciadas línguas “desconhecidas” tornando a manifestação dos fiéis incompreensível ao entendimento do povo. Pode-se falar a respeito de Paulo que ele buscava na igreja a prática da espiritualidade unida a racionalidade. Com acerto afirma-se que Paulo desejava que os fiéis cristãos tivessem a clara percepção da fé que professavam e das práticas em que se envolviam. Portanto, o convite de Paulo ao autoexame tinha como real propósito fazer o cristão perceber se realmente estava em sintonia com a fé que afirmava adotar, com a finalidade última de fazê-lo se arrepender e se corrigir, caso percebesse desarmonia entre as ações praticadas e a fé professada. Nota-se, na preocupação de Paulo, um desejo de que os crentes percebam a necessidade de assumir, a partir, e com o favor da graça já alcançada, a responsabilidade pela manutenção de sua vida espiritual. Nesta ênfase paulina fica claro que o crente só poderá agir em prol de sua espiritualidade, com o uso de sua racionalidade, associada a graça de Deus – por isso é convocado pelo apóstolo a refletir sobre si mesmo.

“Assim, pois, Aquele que julga estar de pé, tome cuidado para não cair.” (1Co 10.12)

Autoexame como indicação de possibilidades condicionais.

Outra questão importante que a reflexão sobre autoexame bíblico suscita é a sobre a existência de possibilidades condicionais a partir das escolhas e práticas humanas. Se existe a necessidade da autoreflexão, é porque alguma coisa, com o consórcio da graça, deve fazer o homem em prol de si mesmo a fim de se apropriar da oferta dessa graça já atuante. Por intermédio de João, Cristo exorta a igreja de Éfeso com estas palavras: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.” (Ap 2:5) A expressão “lembra-te” tem o mesmo apelo daquela usada pelo apóstolo Paulo na Epístola aos Coríntios, “examine-se a si mesmo” ou seja, incitar os crentes a prática da autorreflexão visando um concerto pessoal. A exortação de Cristo é marcada por uma advertência – o castiçal será tirado da igreja, caso ela não se arrependa. Portanto, o crente de Éfeso deve fazer uma autoanálise para perceber o seu erro, reconhecê-lo e se arrepender de sua prática. Somente assim, não lhe ocorrerá o infortúnio prometido pela profecia. Se não houvesse a necessidade da postura pessoal da prática do autoexame, isso poderia significar que a postura pessoal do homem não se faz necessária pois tudo estaria previamente determinado. Por outro lado, se os crentes são convocados a repensarem sobre suas práticas, é porque por Deus deseja uma postura pessoal em prol da continuidade da ação da graça, e esta postura será também, juntamente com a graça já atuante, determinante para a sua salvação.

Livre arbítrio percebido na experiência existencial e espiritual.

Além das passagens bíblicas, podemos nos valer de nossa experiência pessoal para perceber a importância de nossa razão. Juntamente com a importância do uso de nossa razão, em nossa existência podemos provar a efetividade de nosso livre-arbítrio. Diariamente somos colocados diante de escolhas. Cada passo tomado testemunha uma escolha adotada. Como diria Jean-Paul Sartre até escolher não escolher se configura como uma escolha, ou seja, negando o exercício de nossa liberdade, na opção por não usá-la, já estamos a usá-la. Quando pensamos sobre o que fazer, com nossa razão, estamos a praticar juízos e por fim, praticando escolhas. Na vivência de nossa espiritualidade, é clarividente o livre-arbítrio. Percebemos a luta da carne contra o Espírito, e como cristão, lutamos para satisfazer o Espírito. No alcance de nosso desejo, ou no lamento pelo fracasso, percebemos o nosso livre-arbítrio. Usando as palavras de Paulo, no bem que quero fazer ou no mal que não quero fazer. Na afirmação - bem que quero e mal que não quero – mesmo admitindo o predomínio da carne, o apóstolo destaca o seu desejo pessoal e sua reprovação pessoal, ou seja, o seu juízo sobre as coisas praticadas. A vivência de seus juízos é determinada pelo seu livre-arbítrio. Sem livre-arbítrio desejar não seria possível O apóstolo relata desejos. Seus juízos indicaram sua escolha, pendente mais aos desejos carnais por conta da falência da carne. Porém, o desejo de fazer o bem na totalidade da vida do apóstolo não foi frustrado, sua trajetória mostra que não, pois, posteriormente, ele mesmo testemunhou que combateu o bom combate e guardou a fé. Portanto, qual deve ser a atitude do cristão? Refletir sobre sua própria situação, a fim de perceber sua fragilidade e procurar andar no Espírito.

"Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.
Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne." (Gl 4. 1-7-13-16)


O pensamento determinista não é encarnado.

Quem afirma crer na efetividade do livre-arbítrio mostra coerência entre a afirmação e vida com muita naturalidade. Cada escolha praticada, cada gesto de preocupação, cada momento de reflexão indica que ele leva a sério a ideia de que sua vida é pautada por escolhas e que suas escolhas são determinantes tanto para sua existência física quanto para sua vida espiritual. Até mesmo as pessoas que acreditam no determinismo, pensam seriamente sobre suas escolhas. Mesmo aquelas que dizem acreditar que até o querer do homem já está determinado, não agem como se acreditassem em tal coisa. Falam que todas as coisas já estão dispostas por Deus, mas lutam por refutar uma teologia contrária a sua, ou por convencer pessoas adeptas a correntes teológicas contrárias a adotarem a sua. Lutam, se enraivecem, se envaidecem e se gloriam, se caso acreditam terem conseguido encurralar ideias contrárias. Nenhuma delas, ou quase nenhuma, efetivamente professam com suas vidas práticas a predeterminação que professam com palavras. O que geralmente se percebe é a palavra desassociada da vida. Vê-se calvinistas, como qualquer arminiano exercendo o seu livre-arbítrio, por exemplo, no momento de trocar a denominação que dantes frequentava por aquela que professa a teologia que ele passou a adotar. Ou na escolha de sua faculdade, na luta por um melhor emprego, melhor candidato. Se for pai, jamais entregará a criança aos caminhos da predestinação afirmada. Pelo contrário, lutará pela sua salvação, pela sua saúde, pela sua vida estudantil ou trabalhista. Jamais ouvi um pai falar: Minha criança será o que Deus estabeleceu. Ela já está predeterminada, portanto descansarei. Pelo contrário tanto aqueles que afirmam o determinismo calvinista, como aqueles que acreditam que o seu livre arbítrio tem relação com os frutos que colherá na vida, e após ela, agem de tal forma a evidenciar o seu livre-arbítrio, pois traçam planos para si e para os seus. Apesar de crerem na soberania de Deus, não deixam de vivenciar suas opções. Tanto arminianos como calvinistas que não acreditam na liberdade de escolha, lutam por sua fé, como se estivesse a responder o seguinte desafio:

O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência. (Dt 30.9)

Servo racional.

Diante das questões apresentadas, que parece provar - que nossa razão, juntamente com a graça, é fundamental para a vivência de uma vida santa e que nossas escolhas racionais em prol da ação da graça é o que define se somos ou não servos de Deus, podemos qualificar o cristão que conscientemente serve a Jesus com fé, como “servo racional”, aquele que, com o auxílio da graça, usa sua razão para investigar suas práticas e escolhas, para com isso, perceber se está ou não em sintonia com os caminhos do Mestre que o chamou.

O servo racional utiliza todos os meios que Deus lhe deu para combater o bom combate, cumprir a carreira e guardar a fé. Acolhe a graça e com o seu auxílio perscruta sua vida e medita na lei do Senhor. Racionalmente cultua a seu Deus. Com o bom uso de sua razão glorifica a Ele – e para alcançar tal feito constantemente pede orientação ao seu mestre que liberalmente lhe dá sabedoria (Tg 1.5) para que o servo racional use sua liberdade com qualidade fazendo sábias escolhas. O servo racional cheio do Espírito, também usa a sua razão para explicar a motivação que rege sobre a sua vida estando “sempre preparado para responder com mansidão e temor a qualquer que pedir a razão da esperança que há em nele.”(1Pe. 3.15)

Acreditando que a razão humana é fundamental para a efetiva vivência de uma vida cristã, como as orientações de Paulo parecem indicar, devemos acreditar também que o livre-arbítrio se faz fundamental, pois, admitindo a razão humana, deve-se acreditar na necessidade da prática de exercer juízos, apenas possível com a existência do livre-arbítrio, que possibilita a efetividade desta prática. Sem a liberdade de praticar juízos não haveria a possibilidade de um verdadeiro exame pessoal, como orienta o apóstolo Paulo e, por conseguinte, nenhuma escolha seria verdadeira, pois, sem o livre-arbítrio nossa razão não arrazoaria, por estar presa em juízos fora de si mesma. Ademais, se o exercício do autoexame não é possível, por que o apóstolo Paulo orienta igreja a praticá-lo?

Lailson Castanha
______
(1) ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia Nicola Abbagnano; tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revista por Alfredo Bossi; revisão da tradução e tradução de novos textos Ivone Castilho Benedetti. 5ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
(2) Idem
(3) Idem


40 comentários:

  1. O homem foi feito pelas mãos de Deus e recebeu o sopro divino, fez-se alma vivente.
    Todos os demais seres foram criados pela palavra.
    Na morte o homem, alma vivente, deixa de ser alma vivente, acabou. Se é eleito e o Espirito Santo faz morada nele, o Espirito Santo volta para Deus, que é ele mesmo.
    Após ser expulso do Paraíso (Éden) o homem perdeu o livre arbítrio, esta encerrado no pecado, não tem mais direito de voltar ao Éden,
    se não fosse pela escolha soberana de Deus, ninguém se salvaria.
    Nas coisas deste mundo aí sim o homem tem livre arbítrio.
    Aí colherá aquilo que plantar.
    Aqueles que não foram escolhidos, apenas não terão a volta ao Éden (imortal) morrerão e tudo acabara, não irão para o inferno de tormento, isto não existe, pois o inferno e o lago de fogo é a segunda morte, e morrendo tudo acaba.

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  2. Parabéns! Análise inteligente, pautada na intertextualidade com autores que experienciaram com precisão o 'viver' como da responsabilidade de cada ser; e ainda o cuidado de não se desviar da fé, mecanismo que propõe evolução para o salto consciente que é da razão, do entendimento do livre arbítrio que se chega a um plano divino ou não.

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  3. Companheiro que se apresenta como anômimo,

    gostaria de contar com a sua identificação, a fim de que o nosso diálogo não se torne impessoal.

    Você fala da eleição, se esquecendo que eleição é um efeito de escolhas. E escolhas são frutos de observações criteriosas.

    Se não fosse pela intervenção soberana de Deus, realmente não haveria salvação. Porém, a salvação do homem, que depende da graça de Deus, depende também, de sua resposta a graça já concedida. Essa manifestação graciosa que “se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens ( Tito 2:11) é efetivada com a resposta do homem.

    Em sua soberania, Deus estabeleceu os parâmetros para a salvação, a saber: quem crer e for batizado será salvo. As condições para que a salvação seja efetivada são claras, observe:

    "Vemos pois que não puderam entrar por causa da incredulidade” (Hb.3.19).

    "Porque nós temos tornado participantes de Cristo, se, de fato guardarmos firmes, até ao fim, a confiança que, desde o princípio tivemos.” (Hb.3.14)

    Para reafirmar que a graça opera salvação com a participação do homem, reflita sobre o texto abaixo:

    "Esforcemo-nos, pois, por entrar no descanso, afim de que ninguém caia segundo o mesmo exemplo de desobediência” (Hb.4.11).

    Se o escritor de aos Hebreus exorta os crentes a se esforçarem para entrar no descanso, apresentando como exemplo negativo o povo hebreu que caiu no deserto, os crentes,no exercício de seu livre arbítrio podem seguir um caminho inverso, a saber – não se esforçando, ao invés do descanso, encontrarão a morte eterna. A exortação só faz sentida porque a possibilidade de os cristãos fracassarem, a exemplo dos hebreus é real. Se não existisse livre arbítrio, logo nenhuma exortação seria necessário, pois, seguindo a lógica da eleição determinista, os eleitos são intrinsecamente salvos, enquanto os não eleitos são intrinsecamente rejeitados. Se assim for – nehuma advertência aos crentes se faz necessária.

    Saúde.

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    1. Realmente a escritura não passa a idéia de intrinsidade para salvos, porém para perdidos a intricidade é existente quando é dito que quem não crê já está condenado.

      Sobre a eleição, a escritura diz que Deus nos elegeu para a Fé em Cristo, para conhececimento da salvação em Cristo, porém o ser salvo é permanecer na Fé que uma vez foi dado aos santos, é o dever do salvo lutar e perseverar pela fé, caso contrário podemos cair no mesmo exemplo dos Hebreus que não entraram no repouso, exatamente porquê não guardaram, lutaram ou perseveraram na fé que lhes foi dado.

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  4. Companheira Auxiliadora, saúde.

    Obrigado pelo incentivo.

    Creio que não podemos separar vida espiritual de vida existencial.

    Se nossas ações existenciais têm desdobramentos espirituais, isso nos leva a entender que a nossa experiência existencial é válida e jamais pode ser desconsiderada.

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  5. Paz meu amado!

    Quero fazer-lhe um convite e gostaria muito de contar com a sua presença.

    Estou criando um blog (Os Arminianos) que tem como objetivo refutar e divulgar a soteriologia arminiana de maneira mais teoloógica, e a sua ajuda seria de muita importância, já mandei esse convite para outros arminianos influentes esperando que todos contribuam.

    jeanpatrikcontato@hotmail.com

    Entre em contato comigo.

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  6. Olá, Lailson!
    Saudades de visitar seu blog, do qual, confesso, estive ausente por mais tempo do que gostaria.
    Mesmo assim, nenhuma surpresa ao voltar e encontrar edificação nos textos do blog.

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  7. Companheiro Jan Patrik, saúde.

    Fico muito feliz com a notícia de mais um espaço arminiano na WEB.
    No que puder, estarei pronto a ajudar, com prazer.

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  8. Companheiro de idéias Georges, saúde.

    Louvo a Deus pelo privilégio de poder servir meus companheiros com o que tenho.

    Creio que essa gratidão também faz parte de sua vida, pois com, o excelente sítio Palavra que liberta, da qual sou leitor, você tem, o privilégio de servir seus irmãos em Cristo com o dom do pensamento reflexivo que a graça de Deus lhe proporcionou.

    Sou um privilegiado, em nutrir, mesmo que virtualmente, uma aproximação contigo.

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  9. Lailson entre em contato comigo para que você possa ser mas uma adiministrador do site os arminianos.

    Esse é o site
    http://www.arminianos.com/

    Entre em contato: jeanpatrikcontato@hotmail.com

    Jean Patrik

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  10. Companheiro Luiz Ramos, saúde.

    Obrigado pelo incentivo.

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  11. Companheiro Jen Patrick, saúde.

    Gostei muito do site Os arminianos. Trata-se uma importante contribuição para aqueles que desejam conhecer a Teologia Arminiana.
    Sua atitude, como a de Paulo Cesar (arminianismo.com) e também companheiro de ideias Douglas G. Martins ( Sociedade arminiana - http://arminianos.wordpress.com/) ajudam a desfazer alguns equívocos relacionados a teologia defendida por Jacobus Arminius.

    Parabéns pela iniciativa

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  12. Olá Leilson, meu nome é Leonardo, eu tenho algumas alegações a fazer a respeito da soteriologia arminiana. Meus argumento se´~ao boa parte copiado de um blog calvinista, pois concordo com todo o artigo que irei postar.

    "Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso? E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que de antemão preparou para a glória, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” (Romanos 9.14-24)

    O problema do arminianismo é que ele busca impor em Deus conceitos da sabedoria humana decaída pelo pecado. A sabedoria humana decaída pelo pecado ensina que alguém só pode ser responsabilizado pelos seus atos no caso de seu ato ter sido determinado pelo livre-arbítrio do homem. O que essa suposta sabedoria não percebe é que, acreditando ser coerente, lógica e sábia e racional, ela é na verdade incoerente e irracional. A idéia de que um homem só pode ser responsabilizado pelos seus atos quando seus atos forem praticados pelo uso do seu livre-arbítrio é primeiramente tola porque ela é anti-bíblica. Deus é o único que determina verdadeiramente aquilo que as coisas são. Qualquer idéia que seja contrária ao que Deus diz, é, portanto, automaticamente irracional de acordo com o Salmo 14.1. A idéia de que o homem só pode ser responsabilizado pelos seus atos se os seus atos forem feitos pelo uso de seu livre-arbítrio não é somente anti-bíblica, mas é completamente irracional (como tudo o que é anti-bíblico).


    O primeiro motivo é porque a idéia de que alguém só pode ser responsabilizado por aquilo que escolhe por meio de seu livre-arbítrio se baseia na existência de algo que não existe que é o livre-arbítrio. Mas a verdade é que se o livre-arbítrio existisse, aí sim, ninguém poderia ser responsabilizado por nada. Pra entendermos isso, devemos primeiramente relembrar e realmente compreender o que essa idéia significa. O que “livre-arbítrio” significa é que os atos das pessoas em determinado momento poderiam tender tanto para uma escolha quanto para a escolha contrária. Significa que quando uma pessoa escolheu X, naquele exato momento ela poderia ter escolhido Y. Mas se fosse verdade que no momento em que uma pessoa escolhesse X, naquele exato momento e sob as mesmas circunstâncias ela poderia escolhido Y, isso significaria que os atos das pessoas não seriam determinados por sua vontade, por sua personalidade e por aquilo que elas são. Isso significaria que a vontade, a personalidade e aquilo que uma pessoa é não teria influencia nenhuma sobre aquilo que ela faz. Se alguém mata uma pessoa por dia, nós sabemos que ela é uma assassina. Se um homem namora outro homem, nós sabemos que ele é um homossexual. Se alguém compra Coca-Cola todo dia pra beber, nós sabemos que a sua característica pessoal é ter algum tipo de vontade de beber Coca. Nós sabemos disso porque no fundo nós sabemos que o livre-arbítrio não existe. Nós sabemos que os atos das pessoas são determinadas diretamente por suas características pessoas que por sua vez determina as suas vontades. Se uma pessoa no momento da escolha, escolher X, isso é somente porque essa é sua vontade maior é essa. E se sua vontade maior naquele momento era X, isso significa que ela não tinha livre-arbítrio pra escolher Y, pois pra que a escolha de Y fosse possível, a sua vontade teria que ser por Y e não por X. A vontade do homem nunca é livre pra escolher duas coisas ao mesmo tempo. “Vontade” é, por definição, a determinação de escolher uma opção especifica. Isso significa que a opção contrária é impossível de ser escolhida.

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  13. Continuando...

    E se a vontade de uma pessoa no momento de suas escolhas não determinasse necessariamente a sua escolha, como então a pessoas poderia possivelmente ser responsabilizado por ter feito aquilo? As pessoas só podem ser responsabilizadas pelos seus atos porque os seus atos são determinados por sua vontade, sua personalidade e por quem ela é. As escolhas não existem no vácuo, sem causa nenhuma. Toda escolha que alguém efetua é determinada por sua vontade maior na circunstância em questão. Toda escolha é diretamente causada pela vontade maior do homem. E a vontade do homem, por sua vez, é determinada pela sua personalidade, por aquilo que ele é. Se as escolhas existissem no vácuo, sem uma determinação necessária da vontade do homem naquele momento, impossibilitando uma escolha contrária, isso significa que as escolhas não teriam causa nenhuma na pessoa que escolhe. E se alguém não é a causa de uma escolha, então o que é? Se alguém não é a causa direta de sua escolha, aí sim, ela não pode ser responsabilizada por aquilo que ela faz.

    Se as pessoas realmente tivessem livre-arbítrio, se os atos das pessoas fossem livres daquilo que elas são, de suas vontades, podendo até ser contrária ao que elas são e contrárias as suas vontades, então nós viveríamos em um mundo completamente insano por sua imprevisibilidade Se você fosse visitar a sua mãe amanhã, por exemplo, você não poderia saber se ela ia te abraçar ou se ela iria te esfaquear ou se ela iria tentar pular do telhado da casa. O motivo pelo qual a maioria das pessoas sabem que suas mães não irão tentar esfaqueá-los é porque eles no fundo sabem que suas mães não tem livre-arbítrio pra tentar esfaqueá-los. Pra que alguém tente assassinar outra pessoa, é preciso primeiramente que existe algum tipo de raiva e ódio contra aquele que se quer matar. Como a maioria das mães amam seus filhos, elas são incapazes de cometer o ato de procurar assassina-los. A vontade de mães que amam seus filhos é dar carinho a eles. Por esse motivo escolhem abraça-los e não mata-los.

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  14. Mas alguém ainda poderá dizer: “Tudo bem, tudo bem. Eu posso até aceitar que a maioria de nossas escolhas são diretamente determinadas por nossas vontades que por sua vez são determinadas por nossa personalidade, por nosso caráter, por aquilo que nós somos. Mas eu não acredito que as nossas escolhas são sempre determinadas por nossas vontades. Muitas vezes nós fazemos aquilo que não queremos quando somos forçados a isso!”

    É verdade que em certo sentido nós nem sempre fazemos aquilo que mais temos vontade de fazer, no caso de sermos forçados a alguma coisa. Mas esse não é o sentido em que foi descrito acima. O que foi descrito acima é que nós sempre fazemos a nossa vontade maior dentro das escolhas que nos é oferecida. Todos os nossos atos são necessariamente determinados por nossa vontade maior, mas isso dentre as escolhas oferecidas. A minha vontade maior nesse momento, por exemplo, pode ser viajar para Nova York. Mas isso não está dentre as minhas escolhas possíveis. Nesse momento a escolha que está diante de mim é somente entre continuar escrevendo ou parar de escrever. Dentre a opções que estão diante de mim é que eu necessariamente faço a minha vontade maior, determinada pelas circunstâncias, minha personalidade, minhas características, etc. Quando um ladrão pára alguém na rua, aponta uma arma e manda dar o dinheiro, podemos dizer que a pessoa entrega o dinheiro contrário a sua vontade. Mas isso foi contrário a sua vontade maior somente fora das escolhas naquele momento. No momento do assalto, essa é uma opção que não existe. As únicas opções no momento do assalto é entregar o dinheiro, reagir ou se entregar pra morrer. A escolhe do que será feito vai depender se a vontade de manter o dinheiro é maior do que vontade de não correr o risco de morrer reagindo. Mas se o livre-arbítrio realmente existisse, nós teríamos que cogitar a possibilidade do sujeito sendo roubado ter a vontade imensamente maior de entregar o dinheiro e não reagir, mas misteriosamente reagir sem causa nenhuma naquilo que ele próprio deseja fazer.

    O que precisamos entender é que todo efeito tem uma causa e toda causa é o efeito de outra causa. As ações do ser humano, as suas vontades, os seus desejos, serão todos determinados por aquilo que as pessoas são e não por aquilo que elas não são. O que as pessoas são, por sua vez, é um desenvolvimento daquilo que foi gerado pelos seus pais, desde o ventre da mãe. São as características herdadas no ventre materno que irão determinas como a pessoa irá reagir às circunstâncias que enfrentará, em suas escolhas e no desenvolvimento de sua personalidade, no decorrer de toda a sua vida, seja para o bem, seja para o mal. "Alienam-se os ímpios desde a madre; desviam-se desde que nasceram". (Salmo 58:3)

    O livre-arbítrio, portanto, é somente um termo sem sentido. Não pode existir arbítrio livre pra seres finitos, pois o que os seres finitos são, é invariavelmente determinado por aquilo que lhe é a sua causa de ser. E são as características de seu ser, por sua vez, que determinarão as suas preferências em suas escolhas. Os homens não podem agir contrário ao que eles são, ao que está estabelecido em sua natureza: “pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas? então podereis também vós fazer o bem, habituados que estais a fazer o mal”. (Jeremias 13:23)

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  15. Aqueles que são pecadores merecem a condenação por serem pecadores. O que os arminianos dão a entender é que as pessoas só podem ser julgadas por aquilo que elas são caso seja verdade também que elas próprias escolheram ser o que elas são. Mas isso é uma sugestão irracional. Pra que alguém escolha alguma coisa, é preciso que ela exista. E se ela existe, ela já é alguma coisa, antes que possa sequer escolher. Ninguém pode escolher o que é, pois para escolher é preciso já ser. A verdade é que responsabilidade não tem nada a ver com escolher o que vai ser pois isso nem sequer é uma afirmação que faça qualquer tipo de sentido. Responsabilidade tem a ver com assumir o que se é. Os pecadores que forem condenados serão condenados por serem pecadores, mesmo que o estado de pecado seja um fato herdado do ventre de suas mães. Os pecadores que forem justificados, serão pelo sangue de Jesus; não serão condenados porque o sangue de Jesus encobre a culpa pelos pecados.

    Não há injustiça nenhuma da parte de Deus nisso. Injustiça consiste em privar alguém de seu direito devido. Quando Deus condena os vasos de desonra, ele não está condenando ninguém por aquilo que eles não sejam ou por aquilo que não fizeram. Ele está os condenando por aquilo que eles foram endurecidos pra ser: pecadores.

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  16. Companheiro Lailsom, saúde!

    Eu estava conversando com um calvinista e eu cheguei no seguinte dilema:

    Como posso explicar biblicamente que o que determinador o pecado é o autor do pecado? Como posso biblicamente pressupor que aquele que determina o pecado necessariamente é o originador, não com bases lógicas (gregas), mas com bases bíblicas por favor. Obrigado!

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  17. Você pode me provar NA BÌBLIA, que responsabilidade pressupõe livre-arbítrio?

    Ruan

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  18. Companheiro anônimo, saúde.

    Companheiro anônimo, saúde.
    Falar que Deus - como causa primeira - possibilita o pecado é falar de acordo com as Escrituras, pois Deus é criador e mantenedor de tudo que existe. Consequentemente, só há pecado porque Deus permite a existência do pecador, e seu livre-arbítrio ao praticá-lo. Por outro lado, o homem peca, entre outras coisas, porque Deus concede a ele a possibilidade de ir contra os seus preceitos. Porém, positivamente determinar o pecado é ser originador, pelo simples fato de que, se uma ação foi determinada por um ser a parte homem que a executa, o impulso inicial não veio do executor, e sim do determinador.
    Você pede, incisivamente, para que explique essas questões de ordem teológica com base bíblica, e não com o uso da lógica. Porém, quando buscamos interpretar elementos discutidos na teologia, nossa base é sempre racional, pois esses conceitos são tratados através da linguagem humana. Nosso culto também é racional, a razão é um dos instrumentos que Deus nos premia para que possamos entender algumas passagens difíceis. Não é possível inferir algumas passagens sem o uso da compreensão racional, na transmissão de sua palavra pela via Escrita, Deus já contou com esse atributo que sua graça nos doou, ou seja, a razão. E ele conta com o uso desse atributo:
    O autor da carta aos Hebreus afirmou: Sobre isso temos muito que dizer, mas de difícil interpretação, porquanto vos tornastes tardios em ouvir.
    Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento.
    Hebreus 5. 11,12
    Você quando interpreta algumas questões difíceis, do que se vale? – Não é da razão? O próprio apóstolo Paulo se vale de argumentação racional – veja o que Pedro afirma sobre ele: como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada;
    como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição.
    (2 Pedro 3, 15, 16) – essa dificuldade de compreender exige muitas vezes o uso da lógica como ferramenta interpretativa.

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  19. (Continuação: resposta ao anônimo)

    O capítulo nove de aos Romanos, é uma maneira lógica de explicar aos judaizantes, que o Evangelho, e não a lei é o poder de Deus para salvação -, que a honra reservada aos gentios não faz da promessa de Deus aos judeus, uma promessa falha, e que dar honra aos gentios, em detrimento aos judeus, não faz de Deus injusto, como entendiam os judaizantes.
    Outra questão, é que, sua própria ideia de que Deus é determinador do pecado, implícita em questionamento, é uma ideia de base racional, e que implica uma resposta também racional.
    Porém, mesmo diante da dificuldade em não usar elementos lógicos para tentar compreender essa questão, de ordem racional, por você apresentada, podemos com inferir com as Escrituras que o pecado está ligado a atração do próprio homem, não de uma determinação de Deus, como afirma Tiago: Ninguém, sendo tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta.
    Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência;
    então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.
    Tiago 1:15 (Tg1. 13,14, 15).
    Quando leio que “Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta” -implicitamente posso rejeitar a ideia que ele determina o pecado, pois o ato de determinar um pecado seria com outras palavras, o ato de tentar alguém. Determinar, é estabelecer, coisa que segundo Tiago ocorre como consequência da concupiscência, é ela que gera o pecado.
    Tiago também fala que - Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. (Tg 1.17) – ora de Deus não pode vir toda boa dádiva e o pecado – que é uma transgressão, pois isso resultaria em mudança e seria contraditório com o seu ser santo e reto.

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  20. Ruan,

    Posso racionalmente provar que responsabilidade pressupõe livre arbítrio, porque não podemos ser cobrados por aquilo que somos intrinsecamente impossibilitados de fazer. Ora, se Deus cobra arrependimento todos, é porque ele forneceu os meios para que isso fosse possível. Se Deus pune aquele que continuar em pecado, é porque o pecador poderia ser liberto desse vício. Por outro lado, se ele não fornecesse meios de o homem escolher obedecer ou desobedecer – não exigiria a obediência de quem desobedece e não premiaria a obediência de quem obedece.
    Existem coisas que as provas estão implícitas. Se as Escrituras apresentam-nos um Deus que chama todos ao arrependimento, que cobra o homem pelos seus maus feitos, que dependendo da resposta pune ou galardoa, que exorta, que orienta - só podemos ver sensatez nisso, se cremos que o homem efetivamente teve ou não teve a possibilidade de escolher ficar em pecado, ou, em Cristo, ser liberto, de obedecer ou desobedencer livre de qualquer decreto precedente.

    Saúde.

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  21. Companheiro Leonardo, saúde.

    Seu comentário é muito extenso, isso dificulta o alcance de todas os questionamento levantado – espero que conseguir responder todas as suas questões.
    A primeira questão importante a se levantar, se refere ao texto por você citado. Primeiramente ele não tem nada a ver com Não existência do livre-arbítrio, nem de dupla-predestinação. Ele se refere aos propósitos de Deus em eleger alguns para viver na honra, e outro para viver na desonra. Primeiramente, foram os judeus que viveram em honra, e posteriormente, os gentios – coisa que os judaizantes não aceitavam, e por isso contendiam. Não sabemos e não conhecemos os corações das pessoas – para julgar os acontecimentos direcionados a elas, por Deus. Como John Wesley destaca: “
    Os métodos de Deus de Deus em tratar conosco como Governador e Juiz, porém, são claramente revelados e perfeitamente conhecidos; a saber, que ele, no fim retribuirá a cada um segundo as suas obras (Mt 16.27). “Quem crer será salvo: quem não crer será condenado” (Mc 16.16)
    Quando lemos nas Escriuras: “Ora, querendo Deus manifestar sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos da ira, prontos para a perdição, a fim de que fosse conhecida a riqueza de sua glória para os vasos de misericórdia preparados para sua glória” (tradução A Bíblia de Jerusalém) – a expressão “suportou com muita longanimidade os vasos da ira”- indica um ato misericordioso do Senhor, ou seja, até mesmo os vasos de ira foram alvos da misericórdia do Senhor. Portanto, quando Deus endurece, não há nenhuma injustiça de sua parte, o endurecimento é justificado pela própria justiça de Deus – quem não crer, será condenado. Embora os judeus não aceitassem a exclusão de alguns de sua raça Deus elege apenas que pela sua presciência sabe que creriam em Cristo, em detrimento àqueles que se apegam a justiça da Lei. Com diz Arminius: "(...) aqueles dos judeus que foram rejeitados em seu zelo pela a retidão da lei, não acreditaram em Cristo, e, por outro lado, os gentios, que procuraram a participação na justificação e salvação pela fé em Cristo, foram recebidos na comunhão ".
    Aquele que fala que os arminianos erram por tentar impor em Deus conceitos da sabedoria humana, talvez deixa de perceber que o calvinismo também é um sistemas de ideias, e como tal, humano. Jogar a possibilidade de usar artifícios humanos apenas para um sistema contrário, é estar cegamente dogmatizado pelo sistema que abraçou, e como tal, impedido de perceber que a mesma exortação é cabível para o sistema abraçado. Tanto arminianos, como calvinistas e demais sistemas, se apropriam de termos inadequados, pois tudo o que se refere a Deus não pode ser traduzido para a linguagem humana com exatidão e total propriedade, sobre as coisas que são elevadas, conjecturamos sempre de maneira marginal, portanto, tanto um sistema quanto outros estão presos no limite do entendimento e percepção humana.
    Concordo piamente que “Deus é o único que determina verdadeiramente aquilo que as coisas são.” – porém, Ele não pode negar-se a si mesmo. As escrituras apontam como aspectos sEu caráter, santidade, justiça e retidão. Ora, um ser não pode ser reto ou incoerente ao mesmo tempo – ou é reto ou não é, ou os seus caminhos e juízos podem ser percebidos pelas lentes da justiça ou não. Quando falamos em retidão, estamos a falar de um principio moral que, entre suas implicações, faz com que, diante da Lei estabelecida, um ser aja com isonomia, com um critério claro e justo, e sem acepção. São essas práticas que fazem uma pessoa ser considerada reta. Deus estabeleceu uma lei, quem crer será salvo.

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  22. Continuação: resposta à Leonardo)

    As Escrituras afirmam: “Bom e reto é o SENHOR; por isso ensinará o caminho aos pecadores.”Sl 25.8)
    Quem é sábio, para que entenda estas coisas? Quem é prudente, para que as saiba? Porque os caminhos do SENHOR são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão. (Os 14.9)
    Afirmar que quem crer será salvo, e ao mesmo tempo, por decreto eterno, impedir alguns de crerem - não se configura como um ato de retidão. É o mesmo que admitir que os caminhos de Deus não são retos, que ele age de maneira dúbia, em favor de uns, em detrimento a outros – sem considerar a igual medida de ofensa de ambos. Não é assim que aprendemos nas Escrituras, observe:
    Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;”(At. 17:30)
    “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio à graça sobre todos os homens para a justificação que dá a vida” (Rm 5.18.)

    Sua explicação a respeito do livre-arbítrio precisa de uns ajustes: Livre-arbítrio é a capacidade intelectiva de exercer escolhas. Você afirma que “se o livre-arbítrio existisse, aí sim, ninguém poderia ser responsabilizado por nada (...) isso significaria que os atos das pessoas não seriam determinados por sua vontade, por sua personalidade e por aquilo que elas são.”. Afirmando assim, você coloca sobre o homem um determinismo que o prende as circunstâncias. Adotando essa ideia, você implicitamente coloca como inútil, o conselho de Deus a Caim.
    Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta, o sobre seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.(Gn 4.7)
    Se Caim não tivesse possibilidade de agir diferentemente da maneira que agiu, por que Deus o aconselhou? - O que desse episódio pode ser percebido? - Podemos perceber que havia uma possibilidade de que Caim seguisse outro rumo. Se não fosse assim, o conselho de Deus seria desnecessário.
    É verdade que o pecado nos domina, como você bem cita: “pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas? então podereis também vós fazer o bem, habituados que estais a fazer o mal”. (Jeremias 13:23) - porém, “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
    Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (João 3. 16, 17) e é na aceitação desse amor, e a partir de sua operação em nós, que vencemos o mal que estamos habituados a fazer.

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  23. (Continuação: resposta à Leonardo)

    Há uma medida de graça sobre o homem, que possibilita a ele desejar fazer o bem. Há uma chamada, “o Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida.”.(Ap 22.1). O que o homem precisa, e acolher essa chamada graciosa, para com isso, em Cristo, conseguir se libertar da servidão de suas tendências, como diz as Escrituras:
    “Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens,
    ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente (...)”
    Tito 2. 11,12).
    Disso, segue-se que, tendo a oportunidade de fazer, por meio da graça, atos diferentes daqueles que sua tendência os incita, todo homem fica como indesculpável diante de Deus. O que Deus disse a Caim, pode ser direcionado a qualquer homem: cumpre nós dominar a má inclinação. Não nos bastamos em nós, mas através da graça, podemos vencer. Conhecendo o nosso pecado que a luz revela, podemos clamar como o salmista: Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado.(Sl 51.2)
    Realmente os efeitos são fruto de uma causa anterior, porém, não podemos esquecer que há uma manifestação da graça sobre todo o mundo que permite ao homem pecador, rejeitar o pecado que a Luz (Cristo) revela.
    Se o homem usar o seu livre-arbítrio para desejar o bem, ele será consolado. Perceba que existe uma grande diferença entre livre-arbítrio e libertarismo ou absoluta livre ação. Ter livre-arbítrio não significa ter poder para se fazer tudo o que deseja, e sim, tem liberdade intelectiva para desejar ou rejeitar as coisas que se lhe são apresentadas. Até mesmo a trágica passagem que afirma – “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está.” (Rm 7:18) – destaca o livre-arbítrio, na afirmação: o querer está em mim. Note que direcionado esse querer a Deus, podemos nEle descansar – pois ele nos ajuda a vencer as tendências da carne – e nos apresenta um advogado. Como o próprio apóstolo Paulo nos mostrou, o querer o bem que estava nele, ou seja, o desejo de seu livre-arbítrio, foi honrado pela graça de Deus, tanto que afirmou: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (2 Tm 4.7).
    Não há espaço nas Escrituras para afirmar que o livre-arbítrio é um termo sem sentido. Se não existe o livre-arbítrio, como interpretar o versículo: “Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias.” (Ec 7.29). Se Deus fez o homem reto, como explicar essa mudança de trajetória? Essa mudança de trajetória partiu da própria vontade de Deus, ou da vontade do Homem? Como falar em uma inclinação má absoluta, se o Eclesiastes afirma que o homem se “meteu” em astúcias, mas que antes eram retos?

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  24. (Continuação: resposta à Leonardo)

    É verdade que “Aqueles que são pecadores merecem a condenação por serem pecadores” todos escolherem a rebeldia, – porém devemos alegremente nos lembrar que, “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá a vida” (Rm 5.18.) Como o salmo que você lembrou: Alienam-se os ímpios desde a madre; desviam-se desde que nasceram – essa é a tênd~encia da humanidade, e quando digo humanidade, coloco inclusive eu e você, porém, “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia.” (Rm 1.32)
    Realmente com você estendo que “Não há injustiça nenhuma da parte de Deus nisso. Injustiça consiste em privar alguém de seu direito devido” e não acusamos Deus de maneira alguma de injusto. Porém, a teologia calvinista apresenta Deus como um ser tendencial ou indiferente, coisa que não combina com o seu amor, que escolhe um em detrimento a outros, e com isso faz acepção de pessoas, coisa que as Escrituras em várias passagens explicitamente rejeita, como diz Pedro: E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor durante o tempo da vossa peregrinação,1 Pedro 1:17

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  25. Leonardo.

    Lailson, simplesmente estou sem palavras...

    Onde você consegue tanto material (que você tem no blog)? Quero estudar mais a fundo a teologia arminiana. Acho que eu ataca pressupondo um "arminianismo" de outro jeito. Pra mim arminianismo era "sinônimo" de pelagianismo, mas estava lendo por aqui e em outras fonte e percebi que os defensores do arminianismo lutaram contra a teologia de Pelágio.

    Muito obrigado pelo tempo dedicado a me responder, ficou tudo bem claro. Você destruiu as minhas sistematizações.

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  26. Você é teólogo?

    Guigui akak

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  27. Companheiro Leonardo, saúde.

    Dos textos do blog, alguns são traduções de páginas de língua inglesa e das Obras Arminius – também em inglês. Conto também com obras de John Wesley – com arquivos em Língua Portuguesa e de Molina em espanhol.
    Os textos de minha autoria são fruto de reflexões pessoais, auxiliadas, tanto pelas fontes que citei, como de outros livros, que aos poucos fui adquirindo. Das fontes que citei, algumas são em pdf – e posso compartilhar contigo, basta que você me informe seu email. Porém, o site mais indicada para você se aprofundar na Teologia Arminiana é o - arminianismo.com – gerenciada pelo companheiro Paulo Cesar, um grande pesquisador da Teologia Arminiana. O arminianismo.com - é a mais interessante página arminiana. Nesse site você pode encontrar uma diversidade de artigos de grandes pensadores arminianos ou próximos ao arminianismo.
    Para sua pesquisa, destaco páginas onde você pode encontrar exposições arminianas de boa qualidade:

    Arminianismo.com
    http://arminianismo.com

    Sociedade Arminiana em Língua Portuguesa.
    http://arminianos.wordpress.com/

    Os Arminianos
    http://www.arminianos.com/

    Arminius Hoje.
    http://arminianismo.wordpress.com/

    Reflexões na Perspectiva Teológica Arminiana
    http://arminiano.blogspot.com.br/

    BLOG DA VIDA ETERNA
    http://blogdavidaeterna.blogspot.com.br/search/label/ARMINIANISMO

    CREDULO
    http://credulo.wordpress.com/

    Dokimos
    http://www.blogdokimos.com/

    Palavra que Liberta
    http://www.palavraqueliberta.com.br/

    CREDULO
    http://credulo.wordpress.com/

    Quanto a teologia Calvinista, você pode se aprofundar acessando os seguistes sites:

    Monergismo
    http://monergismo.com/

    Calvinismo.com
    http://www.calvinismo.com/

    O CALVINISMO
    http://www.ocalvinismo.com/

    Cinco Solas
    http://cincosolas.blogspot.com.br/

    Boa pesquisa.

    Quanto ao tempo dedicado em responder, entendo que dialogar com pessoas de outras tendências deve ser um prazer para qualquer um que se envolve no campo das ideias. Se uma pessoa que abraça um sistema de ideias, não gosta de dialogar, na verdade não compreendeu que não possui a verdade absoluta. A outra questão, é que, como cristãos - devemos amar e servir ao nosso próximo, independentemente das divergências intelectuais.
    Leonardo – fico feliz em contribuir para que a imagem caricatural do arminianismo, produzida por pessoas que não o conhecem efetivamente – mas que insistem em equivocadamente em produzi-la, se desfaça diante em seu entendimento – mas, independentemente do sistema teológico que você abraçar, seja ele calvinista ou arminiano, permaneça com essa postura humilde – essa trilha que você percorre é uma trilha cristã -, somos chamados a vivenciar a mansidão e a perseguir a paz. Falar com pessoas que vivencia práticas cristãs me enche de alegria.

    Que a cada dia você continue sendo enriquecido em Cristo, em toda a palavra e em todo o conhecimento.

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  28. Companheiro Guigui akak, saúde.

    Não sou teólogo – minha relação com a teologia se deu de maneira autodidata; minha formação é em filosofia.

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  29. "Se o escritor de aos Hebreus exorta os crentes a se esforçarem para entrar no descanso, apresentando como exemplo negativo o povo hebreu que caiu no deserto, os crentes,no exercício de seu livre arbítrio podem seguir um caminho inverso, a saber – não se esforçando, ao invés do descanso, encontrarão a morte eterna. A exortação só faz sentida porque a possibilidade de os cristãos fracassarem, a exemplo dos hebreus é real. Se não existisse livre arbítrio, logo nenhuma exortação seria necessário, pois, seguindo a lógica da eleição determinista, os eleitos são intrinsecamente salvos, enquanto os não eleitos são intrinsecamente rejeitados. Se assim for – nehuma advertência aos crentes se faz necessária."

    Como não? Deus não pode ter escolhido esse "meio" (exortação dos apóstolos) para assegurarem a salvação dos seus eleitos?

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  30. Primeiro um esclarecimento. A inevitabilidade de praticar o mal provém da natureza caída e não do determinismo. Do determinismo vem a inevitabilidade de praticar o especifico ato mal que alguém chegou a praticar como também qualquer ato seja moral ou não moral.

    Se vc questiona a primeira inevitabilidade de que falei, vc objeta a universalidade do pecado. Sobre isso há dois problemas:

    a) A Palavra nos diz de forma clara que "todos pecaram" e se isso é verdade, então não havia como deixar de pecar. Se a doutrina da graça preveniente arminiana fosse verdadeira, então seria possível que algum homem nunca viesse a pecar e Paulo estaria enrascado em sua declaração. Para dizer algo desse tipo, Paulo teria de ter feito um levantamento, uma pesquisa, da vida de todos que já existiram ou que existirão para estar certo. Foi o que ele fez? Não, ele conclui isso do estado caído da humanidade: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também passou a morte a todos os homens porque todos pecaram". Negar a inevitabilidade do pecado é fazer de Paulo um mentiroso.

    b) Provavelmente vc defende que Cristo morreu por todos, e se for assim sua declaração de que o pecado era evitável signfica que Cristo teria deixado de morrer por alguém, uma vez que pela graça preveniente arminiana algum homem poderia nunca ter pecado. Negar a inevitabilidade do pecado é negar a universalidade do pecado e isso é negar a universalidade da expiação.

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  31. Já sobre o sentido que há em condenar alguém por algo que é inevitável duas coisas devem ser ditas:

    a) Se eu não visse sentido nisso, ou não pudesse demonstrar o sentido que há nisso, ainda assim eu deveria me sujeitar e crer nisso, pois é o que está escrito. Os calvinistas não aderiram ao calvinismo porque acharam que ele era o melhor sistema teológico de todos os tempos. O arminiano normalmente rejeita o calvinismo devido às suas consequências, mas para um calvinista as consequências de uma doutrina não devem ser o critério para crer nela ou não, mas sim sua conformidade com as Escrituras.

    b)A Bíblia não mostra que algo deve ser evitável para que seja condenável, pelo contrário declara que "tudo o que a Lei diz, ela diz para que se cale TODA boca, e TODO O MUNDO seja culpável perante Deus". Se pecassemos, podendo não pecar como Adão, tería sentido nossa condenação, mas se pecamos não podendo não pecar, então nossa condenação faz ainda mais sentido, pois somos piores do que o primeiro pecador foi. Mais grave é o erro de um homem mau do que o erro de um homem bom. Este se sujou, mas aquele se diverte na lama como um porco no chiqueiro.
    Se vc questiona a segunda inevitabilidade de que falei, então vc nega a inevitabilidade de um pecado específico em um momento específico no tempo no qual ocorreu o pecado - um problema com a relação do determinismo com o mal- e afirma o indeterminismo que diz que algo poderia ser feito ou não. Sobre isso mais dois problemas:

    a)Se eu cometo um assassinato no momento t, mas poderia realmente não cometer esse pecado, então por que eu o cometi? Digamos que o motivo para eu ter feito isso tenha sido porque descobri que ele estava tendo relações sexuais com minha esposa. Sendo assim, temos uma causa para a ação que ocorreu, mas, segundo o indeterminismo arminiano, essa ação poderia não ter ocorrido. Qual seria o motivo para a ação não ocorrer, ou seja, para não matá-lo? Digamos que vc diga: "você poderia não matá-lo por medo das consequências: ser preso, etc e tal". Entretanto o medo das consequências, para não matá-lo no momento t, deveria estar presente no momento t. Se estava presente, então porque eu o matei ao invés de não matá-lo? O indeterminismo mina qualquer esforço para se identificar a causa pela qual se praticou um ato criminoso e a motivação de um ato é essencial para determinar a moralidade desse mesmo ato.

    b)A mesma situação acima descrita também mina a onisciência divina. Uma vez que o que eu faço na situação t não é previsível, pois diante do mesmo conjunto de fatores eu posso assassinar ou não assassinar, então isso mina a onisciência de Deus com relação ao futuro, em outras palavras, dizendo o óbvio: Se não é previsível, então Deus não pode prever essa ação. Já adianto que o molinismo não resolve esse problema. Dizer que Deus sabe o que eu posso fazer (assassinar ou não assassinar), mas também sabe o que eu faria (conhecimento médio), não explica como Ele prevê o que não é prevísivel.


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  32. Finalizando: Companheiro você cite Tiago 1:15: (“Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta”) Para invalidar o determinismo calvinista, porém isso só demonstra o qu\nto você não entende o calvinismo.

    Determinar não é o mesmo que tentar. O determinismo no calvinismo é a pré-ordenação de Deus de todas as coisas. O determinismo leva em conta a tentação, mas é distinto da mesma.

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  33. kkkkkk... pra sua infelicidade, meu caro, um colega seu (arminiano) postou suas respostas ao anônimo(não deixando claro a fonte, o que nos mostra que ele, tristemente, usou de seus argumentos como se fosse elaborados por ele mesmo....rs)em um grupo de irmãos reformados no Facebook.Quase todos as suas colocações foram visivelmente refutadas por um único membro do grupo.

    Tenho dificuldade de aceitar arminianos semi-pelagianos que seguem Finney e Outros lunáticos...rs. Conquanto, gostei do blog!Não vejo tantas mazelas no arminianismo de Tozer, de Wesley,de Wilkerson ... Evidentemente foram homens que foram regenerados e eleitos para a glória do Pai. Parece-me que você segue esse pessoal, então eu te respeito!

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  34. Companheiro Anônimo (postagem de 26 de agosto de 2012 20:01),

    O problema reside no fato de que o eleito -, no conceito calvinista -, não pode perder a salvação, pelo fato de ser um eleito de Deus. Logo, a exortação não faz sentido. E se faz sentido, é pelo fato de que eleito pode perder a salvação, coisa que os calvinistas negam.

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  35. Companheiro anônimo (postagem de 27 de agosto de 2012 07:51),

    está fora de minhas cogitações teológicas a ideia de que o pecado não seja universal. Pelo contrário, creio, com a Teologia Clássica, que o pecado alcançou toda a humanidade. Creio na literalidade dos textos bíblicos que versam sobre o pecado da humanidade, pois, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus (Rm 3.23). Você interpretou-me de maneira equivocada.

    E equivocado também é o seu entendimento a respeito da A graça preveniente.Em verdade, graça preveniente não impede que o pecado alcance o homem, em verdade, esclarece a possibilidade de o pecador, ou seja, o homem caído, poder, apesar da queda, chegar a conhecer a Deus, através do sopro do Espírito Santo por intermédio da obra expiatória de Cristo. Nascemos já vitimados pelo pecado original; a graça preveniente possibilita o homem escutar a voz do Espírito do Senhor que chama: O Espírito e a Esposa dizem: Vem! Possa aquele que ouve dizer também: Vem! Aquele que tem sede, venha! E que o homem de boa vontade receba, gratuitamente, da água da vida! (Ap 22.17)
    Admitir que Cristo morreu por todos é implicitamente admitir que todos morreram, e, por conseguinte, todos necessitam da remissão dos pecados. É, com as escrituras, crer que: se um só morreu por todos, logo todos morreram.(2 Co 5. 14)

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  36. Para Anônimo (postagem de 27 de agosto de 2012 07:55)

    O que o arminianismo questiona, não é o pecado inevitável, pois em Adão, todos pecaram. A questão levantada pelos arminianos é que, realmente todos pecaram, porém, aquele que morreu e não tinha pecado, morreu por todos. A partir disso, todos podem alcançar a remissão, basta aceitar os preceitos Deus, ou seja, quem crer e for batizado será salvo.
    A graça possibilita o malfeitor agir de outra maneira. Sem a graça não é possível o homem conhecer a Deus, com ela, mesmo em sua forma preveniente, de alguma maneira o pecador é possibilitado a agir de maneira livre, ou seja, optar ou não pelo mau ou bem. Quando lemos que o Espírito chama a todos, não podemos interpretar a chamada como algo obrigatório. Sendo assim, aqueles que acolhem o chamado, o faz com o recurso de seu livre arbítrio, potencializados pela graça, ouvem, e atentam ao chamado.
    Se o pecado particular fosse intrinsecamente inevitável – as asseverações de Deus, na boca dos profetas seriam pura retórica. Porém não é assim que lemos. Quando Deus usa Jeremias, para ameaçar Israel, Ele lembra ao seu povo, que assim como faz oleiro Deus pode fazer com o seu povo, porém, a respeito se uma possível destruição desse povo por conta do pecado, ele se mostra flexível, fazendo-nos a entender, como outrora proferiu a Caim, que o pecado jaz a porta do coração do homem, mas cabe a ele dominá-lo.

    Ponderemos sobre o texto bíblico:

    Ora anuncio a uma nação ou a um reino que vou arrancá-lo e destruí-lo.
    Mas se essa nação, contra a qual me pronunciei, se afastar do mal que cometeu, arrependo-me da punição com que resolvera castigá-la.
    Outras vezes, em relação a um povo ou reino, resolvo edificá-lo e plantá-lo.
    Se, porém, tal nação proceder mal diante de meus olhos e não escutar minha palavra, recuarei do bem que lhe decidira fazer.
    Assim, portanto, dirige-te agora nestes termos à gente de Judá e aos habitantes de Jerusalém: Es o que diz o Senhor: nutro o desígnio de lançar-vos uma desgraça, tenciono um projeto contra vós. Voltai todos, portanto, do mau caminho, emendai vosso proceder e vossos atos.
    (Jr 18.7 -11)

    O homem já nasce pecador, mas, a partir da ação da graça de Deus, em Cristo ele pode evitar o pecado que o instiga.

    Agora, é importar atentarmos para o fato de que, um ato não estabelecido absolutamente por Deus, não significa um ato não previsto em sua onisciência. Em sua onisciência Deus já sabia onde o ato livre do homem o levaria, a negar os seu preceitos, ou a acolhê-los. Como você já mostrou sua rejeição a compreensão molinista, abordo o problema admitindo pura e simplesmente, a possibilidade de um ato humano ser livre e mesmo assim, previsto por Deus.
    Ora, o texto de Jeremias que citamos aponta para a possibilidade de um ato previsto por Deus não ocorrer, por conta da possibilidade de o povo mudar de postura. Ou seja, o mesmo povo que peca obstinadamente pode mudar o quadro e não pecar, e a partir desse ato, amenizar a ira de Deus.
    Se você - pelo fato um ato se consumar, negar que haveria outra possibilidade, nega que as exortações de Deus que, por exemplo, procura evitar a ruína dos povos, fazem sentido, por que, seguindo o seu entendimento, se a cidade não chegou a ruína é por que não deveria chegar, e se chegou a ruína e porque não poderia evitar essa “fatalidade” . Nega a plausibilidade e a logicidade do diálogo de Deus com Caim, a saber: Se praticares o bem, sem dúvida alguma poderás reabilitar-te. Mas se precederes mal, o pecado estará à tua porta, espreitando-te; mas, tu deverás dominá-lo." (Gn 4.7). Ou com Jeremias a respeito de Israel, que atrela a sua ação a resposta do povo, ou seja, se proceder mal – será destruída, porém, se atentar para a voz de Deus, será poupada.

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  37. Ao companheiro Anônimo (postagem de 27 de agosto de 2012 08:00).

    Realmente necessito compreender o calvinismo, minhas leituras de Calvino se resume a sua soteriologia nas Institutas (obra completa em PDF) . Li também seu Comentário de Romanos.Tenho pouca disponibilidade para ler tão vasta produção. Necessito consultar e me dedicar a outras questões e fontes.

    Independentemente de minha ignorância quanto a totalidade das ideias de Calvino, ou do calvinismo posterior, a questão do entendimento a respeito do determinismo, é o que a nele há de implícito. A palavra tentar em Tiago nos remete a ideia de induzir alguém a fazer algo. Ora, se cremos que Deus preordenou o homem a fazer o que ele faz, não podendo agir de maneira diferente, por ser fruto dessa preordenação, apesar dos termo diferentes, estamos a admitir que o homem é levado por Deus, ou induzido por Deus a ser o que ele é. Se a tentação ao pecado, como tudo, é preordenada por Deus, logo, ao determiná-la, Deus está através dela induzindo o homem, ou seja, tentando-o, o que é um absurdo. Usando as expressões determinar e pré-ordenação de Deus, você apenas muda os termos, porém a lógica implícita permanece inabalável.

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  38. Companheiro Hugo de Melo, saúde.

    Se faz pertinente, apesar de nossas divergências teológicas, deixarmos de lado as ironias se preocupando em “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.”
    Independentemente de esse ou aquele utilizar ideias minhas, se ele as as utilizou em um espaço aberto para essa prática, não fez nada de mal. Quanto as refutação produzidas por um único membro do grupo, se serviram para edificação de meu colega de ideias, que confesso, ignoro, devo contentar-me para o bem do Reino de Deus.
    O arminianismo, como o calvinismo é apenas um sistema de ideias, não é fundamental para a salvação. O Evangelho, é sempre Evangelho de Cristo a todo o que crê, isso independe das interpretações de Calvino ou mesmo de Arminius. Apesar de entender que a proposta de Armínius está mais próxima da visão holística das escrituras, sei que o arminianismo não é fundamental para a fé, pois, quem crer e for batizado será salvo.
    Os homens por você descritos como lunáticos, também buscaram, como o fez Calvino e Arminius, interpretar as Escrituras. Se suas interpretação colidem com a sua, não se dá pelo fato de serem lunáticos, mas por conta da falência e do limite da condição humana. Devemos, como homens, falíveis e fracos, tolerá-los, por estarmos em condições semelhantes, e corrermos o risco de não contarmos com a efetivação de nossas certezas teóricas, como admite o apóstolo Paulo: Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.1 Coríntios 13:1 2.
    Sou arminiano clássico, porém, o fundamento de minha fé é o Cristo ressuscitado, fundamento que me faz procurar manter, com colegas de outras linhas teológicas, a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.

    Que Cristo seja o nosso fundamento, para todo o sempre.

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