Ideário arminiano. Abordagens sobre a teologia clássica de Jacó Armínio: suas similaridades, vertentes, ambivalências e divergências.

domingo, 24 de outubro de 2010

VIII. A divindade do Filho de Deus

VIII. A divindade do Filho de Deus

Jacobus Arminius

No que diz respeito à divindade do Filho de Deus e da autoqeov ambas palavra as quais têm sido discutidas em nossa Universidade, na forma regular de disputas escolásticas, não posso entender suficientemente por qual motivo se criou um desejo em algumas pessoas tornar-me suspeito à outros homens, ou fazer-me um objeto de suspeita a si mesmos. Ainda é mais admirável, uma vez que esta suspeita não tem o menor fundamento de probabilidade sobre a qual descanse, e está a uma distância tão imensa de toda razão e verdade, que, independentemente dos relatórios que foram espalhados a respeito deste caso, em prejuízo ao meu caráter, podem ser chamados de nada mais do que " notórias calúnias." Em um debate realizado em uma tarde na Universidade, quando a tese de que havia sido proposta para a disputa, a divindade do Filho de Deus, a um dos alunos aconteceu objetar ", que o Filho de Deus foi autotheos, e que, portanto, tinha sua essência de si mesmo e não do Pai ". Em resposta a isto observei, "que a palavra autotheos era capaz de duas acepções diferentes, uma vez que pode significar tanto "aquele que é verdadeiramente Deus ", ou "aquele que é Deus em si mesmo" e que foi com grande propriedade e correção atribuída ao Filho de Deus, segundo a significação primeira, mas não de acordo com a última. O aluno, em prosseguimento

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ao seu argumento, alegou violentamente, que a palavra foi justamente aplicável ao Filho de Deus, principalmente de acordo com a segunda destas significações, e que não pode ser dito que a essência do Pai não poderia ser comunicada ao Filho e ao Espírito Santo, em qualquer outro do que em um sentido impróprio; mas que estava em perfeita exatidão e correção rigorosa comum tanto para o Pai, o Filho e o Espírito Santo, acrescentou que afirmou isso com a maior confiança porque tinha Trelcatius, jovens de saudosa memória, [ainda em vida]como uma autoridade a seu favor quanto a este ponto, já que aquele Professor erudito tinha escrito no mesmo sentido em seu lugares comuns . A essas observações eu respondi, "que este parecer estava em desacordo com a Palavra de Deus e com a totalidade da Igreja antiga, ambas, grega e latina, que sempre ensinou que o Filho tinha Sua Divindade do Pai por geração eterna." Para essas observações eu acrescentei", que um parecer como este, necessariamente acompanha dois erros opostos, Tri-teísmo e Sabelianismo, isto é:

1. Ele pode advir como uma consequência necessária dessas premissas: que há três Deuses, que têm em conjunto e colateralmente a essência Divina, independentemente desta circunstância — que um deles (sendo apenas pessoalmente distinguido do resto) tem aquela essência de outras pessoas. No entanto, o processo da origem de uma pessoa - de outra, (isto é, o Filho do Pai), é o único fundamento que já usado para defender a unidade da essência divina na Trindade de pessoas.

2. Seguiria do mesmo modo como outra consequência, que o Filho seria o Pai, porque ele se diferenciaria do Pai apenas com respeito ao nome, qual foi a opinião de Sabellius. Pois, uma vez que é peculiar ao Pai derivar sua divindade de si mesmo, ou (para falar mais corretamente), derivá-la de ninguém, se, no tocante a ser "Deus de si mesmo," o Filho ser chamado autotheos, resulta que ele é o Pai. Alguma conta desta disputa, dispersou-se no exterior em todas as direções, e chegou a Amesterdão. Um ministro daquela cidade, que agora descansa no Senhor, tendo-me interrogado a respeito do verdadeiro estado deste assunto, relatei a ele tudo claramente, como agora tenho feito e solicitei-o fazer Trelcatius, de abençoada memória, informado, como de fato

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ocorreu, e para recomendá-lo de maneira amigável à alterar sua opinião, e para corrigir as palavras inapropriadas em seus lugares comuns: este pedido o ministro de Amsterdão ocupou-se à cumprir de seu próprio modo. Em todo esse processo eu estou longe de ser passível de qualquer culpa, pois tenho defendido a verdade e os sentimentos da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa. Trelcatius, sem dúvida, era a pessoa mais aberta à censura, porque ele adotou uma forma de discurso que diminuiu um pouco a verdade sobre a matéria. Mas essa tem sido sempre, quer por infelicidade minha ou o zelo de certos indivíduos que, tão logo surja qualquer divergência, a culpa é imediatamente lançada sobre mim, como se fosse impossível para mim expor com muita veracidade [ou ortodoxia] como qualquer outra pessoa. Ainda sobre este assunto eu tenho o próprio Gomarus consentindo comigo, porque, logo após Trelcatius haver publicado seus lugares comuns, um debate sobre a Trindade tendo sido proposto na Universidade, Gomarus fez em três partes várias de suas teses se expressar em termos tais como eram diametralmente opostos àqueles de Trelcatius. A tão óbvia a diferença na opinião entre aqueles dois Professores eu apontei ao ministro de Amsterdão, que reconheceu a sua existência. No entanto, apesar de todas estas coisas, ninguém procurou restituir-me desta calúnia, enquanto grande esforço foi empregado para moldar desculpas para Trelcatius, por meio de uma interpretação qualificada das suas palavras, porém, foi completamente impossível conciliar as suas explicações paliativas com o significação normal de suas expressões não pervertidas. Tais são os efeitos que a parcialidade do favor e do fervor de zelo podem produzir!

A leve e qualificada interpretação posta sobre as palavras de Trelcatius, foi a seguinte: “o filho de Deus pode ser denominado autotheos, ou pode ser dito ter sua deidade de si mesmo, em referência a seu ser Deus, embora ele tenha sua deidade do pai, em referência ao seu ser o Filho”. Para uma maior compreensão, é dito, "Deus, ou a Essência Divina, podem ser considerados tanto absolutamente como relativamente. Quando considerado absolutamente, o Filho tem a sua essência Divina de si mesmo; mas, quando examinado relativamente, deriva-se do Pai." Mas estas são modalidades novas do discurso e de opiniões, e tal qual não podem compor-se de modo nenhum em conjunto. Para o Filho, tanto com respeito ao que é o Filho, como ao que é Deus, deriva sua Deidade do Pai. Quando o chamam Deus, então só não é expresso que ele é do Pai; derivação que é particularmente notável quando a palavra Filho

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é empregada. Na verdade, a essência de Deus em nenhum modo pode vir a nossa consideração a não ser que seja dito: "que a essência divina é comunicada ao Filho pelo Pai". Também não pode, possivelmente, em quaisquer aspectos que se pretenda dizer, que essa essência é tanto o "que lhe é comunicada" e "não comunicada," porque essas expressões são contraditórias, e, em nenhum aspecto diverso pode se reconciliar com a outra. Se o Filho tem a Essência Divina de si mesmo em referência a seu ser absolutamente considerado, não pode ser comunicada a ele. Se for comunicada a ele em referência a seu ser considerado relativamente, ele não pode tê-lo de si mesmo em referência a seu ser absolutamente considerado.

Provavelmente me indagarão: "você não reconhece, que, ser o Filho de Deus, e ser Deus, são duas coisas completamente distintas umas das outras", eu respondo, idubitavelmente subscrevo tal distinção. Mas, quanto aqueles que a fazem avançar ainda mais, e dizer, "uma vez que é o Filho de Deus significa que ele deriva sua essência do Pai, ser Deus da mesma maneira não significa nada menos do que ele ter a sua essência de si mesmo ou de ninguém: "Eu nego esta afirmação, e declaro, ao mesmo tempo, que é um grande e manifesto erro , não só na sagrada teologia, mas também na filosofia natural. Pois, essas duas coisas, ser o Filho e ser Deus, estão em perfeita concordância entre si, mas derivar a sua essência do Pai, e, ao mesmo tempo, derivá-la de ninguém, é, evidentemente, contraditório, e mutuamente destrutiva uma do outra.

Mas, para tornar esta falácia ainda mais evidente, devem ser observadas, como igual em força e importância certas proposições ternárias e paralelas, quando posta na seguinte justaposição:

Deus é eterno, possessão da Essência Divina, desde a eternidade. O Pai não é de ninguém, tendo a essência divina de ninguém. O Filho é do Pai, tendo a Essência Divina do Pai. A palavra "Deus", portanto, significa que Ele tem a exata essência divina, mas a palavra "Filho" significa que ele tem a Essência Divina do Pai. Por conta disso, é corretamente denominado Deus e Filho de Deus. Mas desde que ele não possa ser denominado o Pai, dEle não pode se dizer que a Essência Divina é de si mesmo ou de ninguém. No entanto, muito trabalho é dedicado ao propósito de desculpar estas expressões, dizendo:

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“Que quando se diz que o Filho de Deus em referência ao seu ser Deus tenha a sua essência dessa forma de expressão, não significa nada mais de que a essência divina não é derivada de ninguém." Mas se isto for pensado para ser o modo mais adequado de ação que deverá ser aprovada, não haverá nenhum sentimento depravado ou errôneo que pode ser proferido que não poderá encontrar assim uma desculpa pronta. Já que, embora o Deus e a Essência divina não se diferenciem substancialmente, ainda independentemente do que pode ser declarado da Essência Divina não pode ser de modo nenhum igualmente declarado de Deus; porque eles são distinguidos um do outro no nosso modo de enquadrar conceitos, de acordo com o modo em que todas as formas de expressões deveriam ser examinadas, uma vez que são empregadas apenas como um esquema que por meio dele deveríamos receber impressões corretas. Isto é muito óbvio dos exemplos seguintes, nos quais falamos com perfeita exatidão quando dizemos, "Deum mortuum esse", e "a Essência do Deus é comunicada;" mas muito incorretamente quando dizemos, "Deus é comunicado." Aquele homem que entende a diferença que existe entre o concreto e abstrato, sobre o qual houve tais frequentes discussões entre nós e o luteranos, perceberão facilmente que um número de absurdidades seguirão, se as explicações desta descrição forem toleradas uma vez na Igreja do Deus. Por isso, de modo nenhum, independentemente do que pode esta frase, "o Filho do Deus é autotheos," ["Deus de si mesmo," ou "em seu próprio direito/juízo"] ser desculpada como um correto, ou como felizmente expressa. Que nem pode ser chamado de forma apropriada de discurso o que diz, "a Essência de Deus é comum a três pessoas;", mas é imprópria, desde que se declare que a Essência Divina seja comunicada por um deles aos outros. Gostaria que fossem especialmente consideradas as observações que faço agora, porque podem parecer delas quanto somos capazes em tolerar um homem em quem não suspeitamos de heresia; e, ao contrário, com que avidez nos valemos de qualquer circunstância trivial pela qual podemos incriminar outro homem a quem mantemos sob a interdição da suspeita. De tal parcialidade, esta ocorrência permite dois exemplos evidentes.

Tradução: Lailson Castanha
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Jacobus Arminius - As Obras de James Arminius Vol.1 http://wesley.nnu.edu/arminianism/the-works-of-james-arminius/a-declaration-of-the-sentiments-of-arminius/

Gravura: Trinidade de Guyart des Moulins (nascido na França em junho de 1251)

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Como Jacobus Arminius acredito que: "As Escrituras são a regra de toda a verdade divina, de si, em si, e por si mesmas.[...] Nenhum escrito composto por Homens, seja um, alguns ou muitos indivìduos à exceção das Sagradas Escrituras[...] está isento de um exame a ser instituído pelas Escrituras. É tirania, papismo, controlar a mente dos homens com escritos humanos e impedir que sejam legitimamente examinados, seja qual for o pretexto adotado para a tal conduta tirânica." (Jacobus Arminius) - Contato: lailsoncastanha@yahoo.com.br

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