domingo, 25 de janeiro de 2009

Eleição e predestinação.

Donald C. Stamps
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Ef 1.4,5 “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle em caridade, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade.”
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ELEIÇÃO. As escolhas por Deus daqueles que crêem em Cristo é uma doutrina importante (ver Rm 8.29-33; 9.6-26; 11.5,7,28; Cl 3.1; 1 Ts 1.4; 2 Ts 2.13; Tt 1.1). A eleição (gr. Eklegoe) refere-se a escolha feita por Deus, em Cristo, de um pova para si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (cf. 2 Ts 2.13). Essa eleição é uma expressão do amor de Deus, que recebe como seus todos os que recebem o seu Filho Jesus (Jo 1.12). A doutrina da eleição abarca as seguintes verdades:
(1) A eleição é cristocêntrica, i.e., a eleição de pessoas ocorre somente em união com Jesus Cristo. Deus nos elegeu em Cristo para a salvação (Ef 1.4 ver Ef 1.1 nota). O próprio Cristo é o primeiro dos eleitos de Deus. A respeito de Jesus, Deus declara: “Eis aqui o meu servo, que escolhi” (Mt 12.18; cf. Is 42.1,6; Pe 2.4). Ninguém é eleito sem estar unido a Cristo pela fé.
(2) A eleição é feita em Cristo, pelo seu sangue; “em quem [Cristo]... pelo seu sangue” (Ef 1.7).
A propósito de Deus, já antes da criação (Ef 1.4), era ter um povo para si mediante a morte redentora de Cristo na cruz. Sendo assim, a eleição é fundamentada na morte sacrificial de Cristo, no Calvário, para nos salvar dos nossos pecados (At 20.28; Rm 3. 24-26).
(3) A eleição em Cristo é em primeiro lugar coletiva, i.e., a eleição de um povo (Ef 1.4,5,7,7; 1 Pe 1.1; 2.9). Os eleitos são chamados “o seu [Cristo] corpo” (Ef 1.23; 4.12), “minha igreja” (Mt.16.18), o “povo adquirido’ por Deus (1 Pe 2.9) e a “noiva” de Cristo (Ap 21.9). Logo, a eleição é coletiva e abrange o ser humano como indivíduo, somente a medida em que este se identifica e se une ao corpo de Cristo, a igreja verdadeira (Ef 1.22,23; ver Robert Shank, Elect in the Son (eleitos no Filho). É uma eleição como a de Israel no AT (ver Dt 29.18-21 nota; 2 Rs 21.14 nota; ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS, p. 333).
(4) A eleição para a salvação e a santidade do corpo de Cristo são inalteráveis. Mas individualmente a certeza dessa eleição depende da condição da fé pessoal e viva em Jesus Cristo, e da perseverança na união com Ele. O apóstolo Paulo demonstra esse fato da seguinte maneira: (a) O propósito eterno de Deus para com a igreja é que sejamos “santos e irrepreensíveis diante dele” ((Ef 1.4). Isso se refere tanto ao perdão dos pecados (Ef 1.7) como à santificação e santidade.
O povo eleito de Deus está sendo conduzido pelo Espírito Santo em direção à santificação e santidade (ver Rm 8.14; Gl 5.16-25). O apóstolo enfatiza repetidas vezes o propósito supremo de Deus (ver Ef 2.10; 3.14-19; 4.1-3,13,14; 5.1-18). (b) O cumprimento desse propósito para a igreja como corpo não falhará: Cristo a apresentará “a si mesmo igreja gloriosa... santa e irrepreensível” (Ef.5.27). (c) O cumprimento desse propósito para o crente como indivíduo dentro da igreja é condicional. Cristo nos apresentará “santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1.4), somente se continuarmos na fé. A Bíblia mostra isso claramente: Cristo irá “vos apresentar santos e, irrepreensíveis e, inculpáveis, se permanecerdes fundados e firmes na fé e não vos moverdes na esperança do evangelho” (Cl 1.22,23).
(5) A eleição para a salvação em Cristo é oferecida a todos (Jo 3.16,17; 1 Tm 2.4-6; Tt 2.11; Hb 2.9), e torna-se uma realidade para cada pessoa consoante seu prévio arrependimento e fé, ao aceitar o dom da salvação em Cristo (Ef 2.8; 3.17; cf. At 20.21; Rm 1.16; 4.16). Mediante a fé, o Espírito Santo admite o crente ao corpo eleito de Cristo (a igreja) (1 Co 12.13), e assim ele torna-se um dos eleitos. Daí, tanto Deus quanto o homem têm responsabilidade na eleição (ver Rm 8.29 nota; 2 Pe 1.1-11).
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A PREDESTINAÇÃO. A predestinação (gr. Proorizo) significa “decidir de antemão” e se aplica aos propósitos de Deus inclusos na eleição. A eleição é a escolha feita por Deus, “em Cristo”, de um povo para si mesmo (a igreja verdadeira). A predestinação abrange o que acontecerá ao povo de Deus (todos os crentes genuínos em Cristo0).
(1) Deus predestina seus eleitos a serem: (a) chamados (Rm 8.30); (b) justificados (Rm 3.24; 8.30); (c) glorificados (Rm 8.30); (d) conformados à imagem do Filho (Ef 1.5); (e) santos e inculpáveis (Ef 1.4); (f) adotados como filhos (Ef 1.5); (g) remidos (Ef 1.7); (h) participantes de uma herança (Ef 1.14); (i) para louvor da sua glória (Ef 1.12; 1 Pe 2.9); (j) participantes do espírito Santo (Ef 1.13; Gl 3.14); e (l) criados em Cristo Jesus para as boas obras (Ef 2.10).
(2) A predestinação, assim como a eleição, refere-se ao corpo coletivo de Cristo (i.e., a verdadeira igreja), e abrange indivíduos somente quando inclusos neste corpo mediante a fé viva em Jesus Cristo (Ef 1.5,7,13; At 2.38-41; 16.31).
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RESUMO. No tocante à eleição e predestinação, podemos aplicar a analogia de um grande navio viajando para o céu. Deus escolhe o navio (A igreja) para ser a sua própria nau. Cristo é o Capitão e o Piloto desse navio. Todos os que desejam estar nesse navio eleito, põem faze-lo mediante a fé viva em Cristo. Enquanto permanecerem no navio, acompanhando seu Capitão, estarão entre os eleitos. Caso alguém abandone o navio e o seu Capitão, deixará de ser um dos eleitos. A predestinação concerne ao destino do navio e ao que Deus preparou para quem nele permanece. Deus convida todos a entrar a bordo do navio eleito mediante Jesus Cristo.
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Notas:
Ef 1.1 Em Cristo Jesus.
Todo o crente “fiel” tem a vida somente estando “em Cristo Jesus”.
(1) Os termos “em Cristo Jesus”, “no Senhor”, “nEle”, ocorreu 160 vezes nos escritos de Paulo (36 vezes só em Efésios). “Em Cristo” o crente tem comunhão consciente com o seu Senhor, e nesse relacionamento, sua própria vida é considerada a vida de Cristo manifesta através dEle (ver Gl 2.20 nota).
Essa comunhão pessoal com Cristo é a coisa mais importante da experiência cristã. A união com Cristo é uma dádiva de Deus mediante a fé.
(2) A Bíblia contrasta nossa nova vida “em Cristo” com a velha vida não regenerada, “em Adão”. Enquanto a velha vida é caracterizada pela rebeldia, pecado, condenação e morte, nossa nova vida “em Cristo” é caracterizada pela salvação, vida no Espírito, graça abundante, retidão e vida eterna (ver Rm 5.12-21; 6; 8; 14.17-19; 1 Co15.21,22,45-49; Fp 2.1-5; 4.6-9; ver estudo fé e graça, p 1704).
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Dt 29.18-21 Cujo coração hoje se desvie do Senhor. Estes versículos dizem respeito a uma pessoa dentre o povo de Deus que se desviasse do Senhor.
(1) Deus faz as promessas da vida e da benção a Israel, coletivamente, i.e., como um todo ou nação (cf. Dt 28.1; 30.15,20). Cada indivíduo pertencente ao povo escolhido de Deus participava das bênçãos de Deus prometidas somente enquanto permanecesse unido a Deus pela fé (ver o estudo ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO, p, 1808).
(2) Qualquer indivíduo em Israel que se desviasse de Deus (v.18), podia perder a vida eterna e as bênçãos temporais.
(3) Quem pertencesse ao Deus, e depois se desviasse dEle (v.18) e persistia nos seus próprios caminhos (v.19), já não restava qualquer oportunidade para o perdão do pecado. Somente poderia esperar a ira de Deus e o apagamento de seu nome debaixo o céu (v.20; ver o estudo A APOSTASIA PESSOAL, p.1903).
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2 Rs 21.14 Desampararei o resto da minha herança. Nesse período, Judá passou a ser o enfoque da história da redenção, pois constituía o núcleo único do povo eleito de Deus. Como ocorreu no Reino do Norte, um grande número dos habitantes de Judá adorou deuses falsos, rejeitando assim a salvação que Deus lhes preparara. Somente quem persevera na fé genuína tem a certeza de que faz parte do povo eleito de Deus (ver o estudo ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO, p, 1808).
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Rm 8.29 Os que dantes conheceu. Neste versículo, conhecer de antemão é o equivalente a amar de antemão e é usado no sentido de “ter como objeto de estima afetiva” e “optar por amar desde a eternidade” (cf. Êx 2.25; Sl 1.16; Os 3.5; Mt 7.23; 1 Co 8.3; Gl 4.9; 1 Jo 3.1).
(1) A presciência de Deus, aqui, significa que Ele determinou desde a eternidade, amar e redimir a raça humana através de Cristo (Rm 5.8; Jô 3.16). O objeto da presciência (ou do amor eterno) de Deus aparece no plural e refere-se a igreja. Isso significa que o amor eterno de Deus objetiva, principalmente, o corpo coletivo de Cristo (Ef 1.4; 2.4; 1 Jo 4.19) e somente tem a ver com indivíduos à medida que estes integram este corpo coletivo, mediante a fé permanente em Cristo e a sua união com Ele (Jo 15.1-6; ver o estudo ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO, p, 1808).
(2) O corpo coletivo alcançará a glorificação no porvir (v.30). O crente, considerado a parte, não alcançará a glorificação, caso ele venha separar-se do corpo de Cristo, amado de antemão pelo Pai, e deixar de conservar sua fé no Senhor (vv. 12-14,17; Cl 1.21-23).

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STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 1995.

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